quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

984- Auto de Natal - Família de Nazaré /tomo VIII

 Noite de sentir-se criança

                E eles chegam sorrindo... acenando... e nós estamos tão carentes... -Essa foi a frase que uma senhora sentada há poucos passos de mim pronunciou. Encantada que estava com a encenação que iniciou adorável. Um verdadeiro anfiteatro grego na cidade de Ijuí, deu espaço aos contadores de historias do Auto de Natal. Teve vento, gostas leves e pesadas de chuva, relâmpagos, calor infernal e viva, muita vida. 

                Eu fico fascinada coma  possibilidade desses artistas que fazem tantas coisas, tantas ações diferentes. E todas com um brilho mágico. Ontem mesmo, vi fotos de um lindo desfile do Máschara pelas ruas de Cruz Alta e logo mais a noite, um espetáculo de beleza, detalhe e comprometimento. 

                Hoje quero falar de jovens artistas...

                Do quanto é difícil começar, do quanto é necessário dar oportunidades quando se começa uma carreira. Somos todos comunicadores que buscamos espaços, mas esses espaços pertencem a outros artistas ou políticos, ou empresários, ou agentes e depende deles que esses espaços se abram. Cléber Lorenzoni é produtor na prefeitura cultural e é um verdadeiro empresário que já colocou muitos artistas nos holofotes. 

                 Romeu Waier, Vitoria Ramos, NIcolas Miranda... São apenas alguns dos nomes que a arte Cruzaltense vem nos revelando. O público quer mais arte, mais colorido, mais artistas, no entanto eu preciso filtrar minha arte, aperfeiçoá-la, reinventá-la. Do contrário chegará um momento que aparecerão novos artistas com novos talentos e o Máschara não terá opção senão dar o espaço a eles. 

                  Vejo isso quando olho Felipe Brandão, Anita Serquevittio, Henrique Arigony, Bibi Prates, Allana Ramos. Inicia-se devagar e pouco ou nada se sabe, mas lá no fundo já se sabe e ocupa-se espaços que um dia serão de outros. A arte é uma inspiração, uma golfada de ar. E assim como vem, ela vai... Em poucos ela fica, poucos ficam. 

                    Alessandra Souza esteve lindíssima, e Renato Casagrande grandioso. Apenas o aconselharia a buscar a calma em dias de apresentações. Exercício difícil, porém necessário.

Renato enquanto velho do templo, deveria usar um longo lençol que arrastasse e não parecesse uma estola curtinha, principalmente por que o velho que interpreta parece ser o líder dos sacerdotes. 

                   Cada um tem um espaço muito linde de acordo com suas possibilidades. Raquel Arigony compõe muito bem a mãe, e Fabio Novello não devia descer da perna de pau, isso o torna mais versátil, mas aquele espaço aéreo é tão seu e tão lindo. 

                        Quase dei gritos de alegria por dentro ao ver situações como a garra de todos durante a chuva que caía, ou ainda a interprete de linguagem de sinais. Ellen Faccin vivendo junto intensamente a encenação. Espero que os anciãos do Máschara a tragam para as fileiras do elenco principal em breve. Claro, dependerá dela também ao compreender a "instituição". Não compreender a instituição é o pior erro que um jovem artista comete. 

                            Douglas Maldaner com duas tocas e a roupa de papai noel abertas ou os rolos no cabelo de Alessandra Souza me soou como aqueles desafios que Lorenzoni inventa na hora para tirar os atores de seu lugar de conforto. Atores, busquem mais, esforcem-se mais! Difícil não elogiar Ellen Faccim com seu comprometimento, sua preocupação comd detalhes.

                            Aconselharia Romeu Waier a ser mais atento em cena, ao todo. Nicolas Miranda mais parceiro, Renato Casagrande mais calmo, Antonia Serquevittio mais concentrada e Cléber Lorenzoni mais entrega na atuação, nesse momento precisa esquecer que é diretor! 

                         E para encerrar, em 2022, mais ensaios, mais, todos os dias!


                        O melhor: A energia de artistas que chegam na cidade. A generosidade e humildade;;;

                            O pior: A petulância de quem está no Grupo ou na ESMATE , há dois, três ou quatro anos e acha que suas vontades e saberes podem ou devem ser acolhidos prontamente. 


Clara Devi (**)

Raquel Arigony (***)

Anita Serquevittio (**)

Bibi Prates (**)

Laura Heger (***)

Nicolas Miranda (**)

Romeu Waier (**)

Henrique Arigony (**)

Douglas Maldaner (*)

Antonia Serquevittio (**)

Vitoria Ramos (**)

Laura Hoover (**)

Ellen Faccin (***)


A Rainha



Arte é Vida



                 


Alessandra Souza e Douglas Maldaner revivendo a sagrada família de nazaré


 

A equipe de natal do Máschara com a diretora da escola Dr. Catharino de Azambuja.


 

Vitoria Ramos e Ricardo Fenner em Auto de NAtal


 

Grupo Máschara no CRAS de Santo Augusto


 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

O colorido de Auto de Natal - Laura Hoover, Douglas MAldaner, Laura Heger, Clara Devi e Renato Casagrande


 

982-Auto de Natal / Um Milagre de Natal (Tomo V)

 Os fins justificam os meios?  

                           Fortaleza dos Valos possui uma longa e agradável parceira com o Máschara. Vários trabalhos da Cia. foram lá apresentados. Crianças e adultos já se deixaram emocionar com personagens de Erico Verissimo, Mario Quintana, ou ainda da enredante cabeça de Cléber Lorenzoni. Seja ao ar livre, ou na Casa de Cultura, houve  e há uma busca por levar teatro às crianças. Sem falar que a própria prefeita, a senhora Márcia Rossatto Frédi, é  pós graduada em Teatro-Educação.  

                             Há porém uma aura diferente em espetáculos que tem função diferente, que não se justificam como obras de arte, ou teatro-educação. Espetáculos datados, ou criados para emocionar em datas comemorativas. Eles acabam por castrar um pouco a capacidade criativa do artista, que precisa cumprir então, qual robô, essa ou aquela necessidade do espetáculo. Soma-se a isso o fato de ser dublado, o que interrompe ainda mais a capacidade criativa do momento e  reforça que o teatro é feito nos ensaios. Lá que os artistas criam com possibilidade de equivoco, onde ousam sem limitações. No ensaio que o ator que não está em cena, pode sair da coxia e apreciar o ato do colega.

                               É no ensaio que o diretor pode acolher o ator, e lhe explicar por que determinada escolha de ação não converge com o restante do espetáculo. É no ensaio que o diretor pode perceber que se equivocou e auxiliar um artista e encontrar novos caminhos. Em um ensaio, por exemplo, Cléber Lorenzoni poderia ponderar que a atuação de Stalin Ciotti-Samuel-(*) está atrapalhando os colegas no intermezzo. Ponderar que um ator deve fazer o que lhe foi pedido, caso contrário ele poderá colocar em risco o trabalho de outros profissionais. O espetáculo me parece poluído e sim isso é falta de ensaio. Temos várias linguagens caminhando juntas e embora eu não aprecie, nesse caso o que mais me interessa são as atuações realistas. 

                               Ellen Faccin (*) por exemplo cometeu um terrível erro, que não prejudica sua proeminente e elogiável capacidade como técnica, no entanto largar a trilha sem observar se os atores estão prontos para entrar em cena, quando há troca de roupas, é um erro lamentável. E os erros da noite se multiplicaram, colocando em risco um trabalho tão bonito, tão tocante. 

                                O cenário adaptado aprecia uma caixa de fósforos e  lembrou-me muito o teatro de nossos antepassados em carroças, ao lado de igrejas. O elenco principal atuou bem, Felipe Brandão(**) engoliu algumas falas, o que frisa a falta de ensaios, mas é louvável ver a forma como a ESMATE vai dando oportunidades. Laura Heger(***) atuou brilhantemente, atores que atuam há tanto tempo dublando, acabam por se acostumar a falar baixo e fazer pouco esforço, no entanto a dicção impecável da atriz, fez brilhar os olhos cansados do diretor ao seu lado. 

                                     Serquevittio(*), Miranda(*), Hoover(**),  Aléssio(**),Devi(**) e Medeiro(**) atuaram bem, mas poderiam produzir mais com mais ensaio. Casagrande abandona um personagem importante e entrega-o ao jovem iniciante Romeu Waier, a busca do jovem artista é louvável, no entanto a bagagem de Casagrande foi o que compôs o "cobrador", e é o grande antagonista do espetáculo. Me parece que Renato é do alto escalão do Máschara, fazer os três personagens seria no mínimo obrigação do ator. Romeu Waier(**) é um jovem admirável, que vem se destacando, mas a personagem que recebeu em Auto de Natal, tornou-se um tour de force. Há uma interpretação quase pastelônica em uma cena realista, o que causa mais graça do que dor...

                                         O espetáculo hoje me envolveu por outros aspectos, o Rei Sol, de Renato Casagrande, parecia muito próximo de seu duende, e por um momento me dei conta, da pequena brincadeira por trás do espetáculo. Deus fez o homem a sua imagem e semelhança, segundo o egocêntrico homem, pois precisava se ver refletido naquele ser grandioso e poderoso que ele mesmo criou. O criador é a criatura, e quando o bobinho duende diz: O mandachuva não erra, está se referindo a ele próprio, que desde o antigo testamento parece gostar de se travestir de mortal para nos pregar peças...

                                     A belíssima atuação de Allana Ramos (***) também merece elogios, e Douglas Maldaner (**) peca na aparência, perdido sob seus cabelos que mais atrapalham do que ajudam. Fabio Novello e Alessandra Souza são artistas maduros e cumprem impecavelmente suas funções. Se pecaram em algo, pode ter sido no pré-espetáculo, é lá que os anciãos devem agir com maior pulso firme. impedindo por exemplo que o espetáculo comece com o pinheiro acesso, ou que o diretor precise dirigir todo o grupo durante o espetáculo. Microfones que não surgem, águas em lugar de papéis picados, gente andando por trás de cortinas que se abrirão, som muito alto, extensões que ficam para trás. Esse é um serviço que Cléber Lorenzoni cuidou de perto durante anos e que agora divide com o corpo de anciãos. Delegar funções só é fácil quando a equipe é extremamente profissional.


                                         O Melhor: A atuação e dedicação de Laura Heger

                                     O pior: O elenco a direita do palco durante a mensagem do senhor noel, que poderia ter escolhido ensinar ao público infantil que o mais importante é a mensagem sendo dita, pois não são animadores de festa infantil e sim atores.


Arte é vida



                         A Rainha



  

                               

domingo, 5 de dezembro de 2021

977 - Auto de Natal - Família de NAZARÉ (TOMO VII)'

Novamente grandes espetáculos na rua...

                         A vida brota todos os dias e insiste em se reproduzir e pulsar. Vejam as plantas que nascem nos fios da eletricidade pelas ruas e avenidas, ou as verdadeiras árvores que se desenvolvem entre as telhas das casas. A vida luta todos os dias e  cumpre um sistema que não se sabe como surgiu, mas ele é tão perfeito, tão inequívoco e altamente justo. Observando a praça lotada por meus conterrâneos eu gritei dentro de mim: "Há Vida"!
                      No palco, tantas informações, tantos símbolos, uma verdadeira exposição de centenas de pequenos pontos de vista que se mesclam. Uma força poderosa. Por exemplo: Quando os anciãos do templo vinham em direção ao proscênio, era possível ver  as colunas ao fundo, emolduradas pelo lindo prédio a intendência. Na sacada, uma menina e seu avô (com maquiagem que pode ser repensada), contavam a historia que víamos no palco. O Cenário estava vivo. E esplendido.
                               Claro que se pensarmos em evento grandioso, teríamos que falar da iluminação do prédio da intendência, que deveria ser maior, poderoso, ostentoso até. 
                              Quanto a obra dramaturga que reflete o olhar de uma direção bastante formal, ela mantém muito do original canônico, mesmo que dê àquelas personagens dimensões não encontradas na Bíblia. Escritos entre 40 e 100 d.c, os evangelhos mencionam Maria de forma muito sutil, ou seja, sua apoteose como Mãe de Deus, (visão poética), mãe de Jesus, mãe de rei ou príncipe, foi agregada à sua figura por diretores, escritores, romancistas e historiadores. Depois de dois mil anos, não há como saber realmente como era aquela figura tão cheia de paradoxos. O que temos é a criatividade de um conhecimento coletivo que hora nos dá uma Maria que é mãe, torre de resignação e fé e em outras, coragem e empoderamento de mulher que aceitou se destacar pela eternidade. 
                            Laura Heger e Alessandra Souza interpretam esta curiosa figura, que em três réplicas tenta mostrar ao mundo quem é. Como Maria jovem que ousa ir ao templo, como Maria que recebe a visita do anjo e apregoa que é filha de Deus e que aceita o que esse decidir, ou ainda a Maria que implora compreensão de José. Alessandra Souza trouxe uma calma a personagem e cumpre belissimamente sua parte. Laura Heger está repleta de noção de palco, de ritmo e energias, é uma atriz em acelerado desenvolvimento. Talvez ambas pudessem buscar mais semelhante no desenho físico das personagens.
                                   A mitologia católico-cristã serviu-se em seu princípio, das mitologias do mundo antigo. Zeus também engravidou a mãe de Perseu sem ter um encontro carnal, Héracles ou Hércules também é filho do rei do Olimpo com uma mortal, e como não há um Herói no texto de Lorenzoni, José acaba assumindo o posto de mocinho/herói, eis a fórmula do sucesso. Cléber Lorenzoni com domínio de palco, consegue abrir as cenas e motivar muitas vezes os colegas a atuarem para o público. Destaque também para Isabel (Clara Devi) e Ana (Raquel Arigony) também da casa de Judá  e descendentes de Davi.
                                   O Coro que dança e canta, as vezes peca na dicção. 
                                   O palco era grande, liso, bonito, e pareceu bastante confortável para contar uma historia repleta de ação e interna e externa. Pena o anjo ter ficado no escuro. Problemas na parte técnica que escorriam do palco com problemas de som e luz. Uma lástima. 
                                    Há nesse novo olha sobre o espetáculo, mais crianças, mais colorido e diria que até mais compreensão do que acontece sobre o palco, talvez a presença de Romeu Waier e Nicolas Miranda em papeis de peso tenha somado um novo frescor à encenação. Ambos brilham como Reis Magos e ao lado de Douglas Maldaner triangulam muito com o Herodes de Renato Casagrande. Talvez o intérprete de Belcchior pudesse creditar mais domínio na sua criação. Mais ousadia. 
                                     Em si é um espetáculo lindo, com uma bela pegada de teatro de rua, e eu adoraria ouvi-lo sem as dublagens. Uma amiga que me acompanhava comentou: -Que lindo, parece uma cosia para crianças, mas a gente se apega e depois gosta mais que eles... (os pequenos) E não há como não sentir-se criança, seja na cena dos pequenos comandados pela encantadora Vitoria Ramos, ou naquela abertura lindíssima ao som de Aline Barros. Quem assiste um espetáculo dessa envergadura, não sabe a luta que é para chegar até ele, até vê-lo pronto para pôr-se no palco. O Casal Josafá pode e deve trabalhar muito, sua cena é um presente do diretor, pode ser muito mais explorada.
                                        O final com Noite Feliz entoado por todos a beira do palco, me lembrou a infância, quando em noite de ternos, saiamos às casas cantando juntos e levando o espirito do natal. 

                                 O Melhor: a operadora de som , Ellen Faccin, atuando junto na mesa de som.
                                 O pior: Ver o nervosismo dos atores no começo do espetáculo, quando claramente algo parecia ter dado errado.


Auto de Natal- Família de Nazaré

Direção: Cléber Lorenzoni
Elenco: Alessandra Souza, Renato Casagrande, Fábio Novello, Raquel Arigony(***), Laura Hoover(***), Douglas Maldaner(**), Vitoria Ramos(**), Ricardo Fenner, Antonia Serquevittio(**).
Atores em substituição: Nicolas Miranda(**), Romeu Waier(***), Clara Devi(**), Laura Heger(***), Anita Serquevittio(**), Henrique Arigony(***), Gabriel Prates(**), 
Contra-Regragem- Ellen Faccin(***)


A Rainha


Arte é Vida


                                          

domingo, 28 de novembro de 2021

976-Infancia Roubada - tomo 5

 Basta de Violência


"Você recebe exatamente o que dá ao teatro, nem mais nem menos. As vezes os atores propagam seu sacrifício, que abriram mão disso e daquilo pelo teatro. No entanto é lá no palco que aparece sua entrega".

               A manhã da sexta feira, dia 26 de novembro, foi surpreendente, por que levou ao público uma outra roupagem do Máschara. O pancake branco e as coreografias vibrantes deram espaço a reflexão intensa da luta pelos direitos femininos. A coordenadora do centro de referencia Maria Mulher frisou: - Hoje não é um teatro para rir... é um teatro para chorar... -Chorar sim, pelas famílias, ricas ou pobres, de quaisquer raças, que passam por situações horríveis dentre suas quatro paredes. Quem passa do lado de fora muitas vezes não toma conhecimento, mas muitas familiais estão doentes.

               Uma vez alguém perguntou ao diretor Cléber Lorenzoni, se o Máschara tinha ideologia. Ei-la, presente em vários espetáculos, e aí friso os três últimos: O Menino do Pastoreio, Tem chorume no quintal e Infância Roubada. Os três escritos e dirigidos por Lorenzoni. O público do Máschara tem acesso a vários assuntos, dentre eles, os assuntos atuais em discussão. No compilado de sexta feira, eu vi a homofobia, o abuso infantil, a violência domestica, o conflito de gerações, o abuso de poder... Mas vi também grandes atuações. 

                A notória exuberância de Eliani Aléssio chamou a atenção, e destacou-a e muito dor estante do elenco que acabou por atuar como escada para seu gol. (Não esqueçamos que o teatro, a cena é sempre um jogo! Na dramaturgia de Cléber Lorenzoni, Nice e Flávia são duas mulheres maltratadas por seus companheiros, classes sociais bastante distintas que se encontram nas tramas da vida criada pelo diretor. 

                     O tempo é percebido também através do desenho do espetáculo que nos apresenta uma convenção muito bem traçada. O fator motivador da ação é sem duvida o espancamento de Nice na primeira cena, que vai encontrar desfecho quando a própria retorna para casa e se liberta de suas amarras.

                      No palco Renato Casagrande rouba a cena como Tânia e ao lado de Cléber Lorenzoni, Vitoria Ramos e LAura Heger, conseguem dar um respiro cômico entre tantas coisas terríveis que o espetáculo mostra. Lorenzoni modificou com exatidão a trama, e o olhar sobre Nice também se transformou, já que agora Flávia e Rafaela pressionam para a catarse da primeira. 

                         Adaptar um texto não é tarefa fácil, pois é preciso encontrar um lugar  confortável que toque vários públicos, que seja coerente, que tenha transformações não muito rápidas e nem muito lentas. Talvez o maior mérito dessa versão, é que Cléber queira dizer que todos somos capazes de nos reinventarmos. Fazermos melhor na segunda vez, reconhecermos onde erramos e principalmente percebermos os que nos cercam, e o quanto também dependem de nós. 

                            Transformação e reinvenção são palavras chave do Máschara, o teatro é fruto de reflexões e de estudo, quando se trabalha em comunhão com o mundo ao seu redor e busca-se a mensagem correta, há uma longa trajetória que nos que não somos do palco não percebemos. A preparação de cada artista, sua estruturação em busca do tempo certo para receber um papel. Infância Roubada começou a ser preparada em 2017 ainda e passou por várias formações. Na estreia quem era agredida, era Raquel Arigony e o jovem Nicolas Miranda já dava seus primeiros passos no palco. Mas teatro não é reflexo de "eu quero", "eu acho", "eu sei". Se assim fosse, mais parecia um circo de pulgas formado às pressas em meio a uma quermesse de cidade pequena. O produto sobre o palco precisa ser perfeito, o público, a máquina exigem isso e isso exige maturidade, liderança e prática.  

                            Stalin Ciotti merece palmas pela sutileza com que trabalha, assim como Laura Heger, o teatro vive nos detalhes. 

                             No palco alguns atores podem buscar mais potencia vocal, Antonia Serquevitio pode trazer mais emoção a personagem, e Laura Hoover poderia nos dar o prazer de vê-la em mais espetáculos. A interprete de Nice talvez pudesse acrescer à personagem um tom mais grave na voz, o que a deixaria mais mãe, mais sofrida. 

                            Palmas a quem merece, palmas a quem estuda e trata o teatro com seriedade. Teatro é algo serio, é recurso, é entrega, é estudo.

                              O melhor: O apoio dos artistas Fabio Novello, Raquel Arigony e Romeu Waier para que a apresentação fosse um sucesso.

                                 O pior: a falta de integração entre atores nos ensaios


Casa de Cultura - 26/11/2021

Basta de Violência

Dramaturgia: Cléber Lorenzoni

Eliani Aléssio (***)

Antonia Serquevittio (**)

Samuel Ciotti (***)

Laura Heger (**)

Vitoria Ramos (**)

Laura Hoover (**)

Equipe Técnica:

Clara Devi (**)

Fabio Novello (**)


                                   Arte é Vida

                                             A Rainha




                             

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Campanha de natal - Um encanto de natal


 

Renato Casagrande e Antonia Serquevittio ao lado do Deputado Dr. Pedro Westhalen


 

975-O Menino do Pastoreio (tomo V)

                      Teatro é a arte de equipe


                      Equipe é quando você se importa com o todo, não existe um ator em cena, mas um corpo vivo, único. Todo ele vibra junto. Quando você pensa em equipe sua cena já não importa tanto, importa mais o espetáculo como se ele fosse uma única grande cena. No senso de equipe você entra em cena e pensa em como ajudar a cena do colega, a ser boa, você joga a bola para ele o tempo todo. Como no exercício do balão, que a alguns anos era muito praticado na ESMATE.

                       Um espetáculo com tantas trocas de roupa e cenas rápidas acaba acontecendo muito atrás das cortinas, da rotunda, e deu para perceber isso na apresentação desta terça feira em uma escola do município de Pejuçara. Os atores rapidamente se resolviam, e uma história muito doce, encantadora, era contada. 

                       Cléber Lorenzoni conseguiu orquestrar um espaço ótimo e as crianças ainda que pequenas, ficaram totalmente absortas no espetáculo. O diretor/ator ainda conseguiu adaptar alguns momentos muito próximos entre as crianças e o Compadre Isidoro. Um comunicador. O teatro não pode ser algo estanque, petrificado... 

                         Clara Devi precisa limpar alguns momentos, triangular. Por exemplo, quando Nerêncio cai, ela precisa marcar bem os momentos. Primeiro chocar-se, depois correr até ele. Depois encerrar a cena com Isidoro, entregar o saco de dinheiro de forma visível, para que o público compreenda que para os senhores fazendeiros, pouco importava a vida dos escravos. Somente depois ela deve se ajoelhar e aí sofrer...

                           Nicolas Miranda, na cena em que está correndo, não pode esperar o balde com a cobra; na situação que ocorreu por exemplo, devia ter dado mais uma volta até que Laura joga-se de forma correta o cesto. Tanto que CLéber precisou chutar e gritar "olha a cobra". Ou seja, pequenos pecadinhos que estragam uma cena.  

                            Os anciãos do Máschara possuem um mérito: prática e rápidas soluções. Talvez até por isso as cenas com eles sejam repletas de energia. Renato Casagrande compõe muito bem o fazendeiro velho e Alessandra Souza dá um show como Tia Tê. 

                             Os jovens da ESMATE, precisam talvez de mais maturidade. Primeramente, saber que assuntos falados entre os membros do grupo, são assuntos internos do grupo. Fofocas, intrigas, e imaturidades, geram desconforto e estragam o crescimento da equipe.

                             Fabio Novello é um grande técnico, com soluções rápidas, e pode tomar decisões as vezes sem precisar da permissão do diretor. Isso é ser ancião deliberativo. 

                               O Menino do Pastoreio é um grande espetáculo, que deve ser muito apresentado e merece um festival de teatro para ele. Basta que cada um faça sua parte. Cuidar mais os detalhes, a bacia de plástico por exemplo destoou bastante assim como o machado que Nerencio carrega.


                            O Melhor: A solução de cobrir o espetáculo com panos pretos.

                            O pior: A cena da parelha, que ficou muito prejudicada e pouco compreensível.



O Menino do Pastoreio 

Texto e direção - Cléber Lorenzoni

Elenco: 

Cléber Lorenzoni (***)

Renato Casagrande (**)

Alessandra Souza (***)

Clara Devi (**)

Laura Heger (**)

Nicolas Miranda (**)


Equipe Técnica:

Fabio Novello (**)

Antonia Serquevittio (**)

Ellen Faccin (**)


                                       Arte é Vida

                                                        A Rainha




                       


Renato Casagrande e Nicolas Miranda em O Menino do Pastoreio


 

Clara Devi e Laura Heger em O Menino do Pastoreio


 

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

973/974 - O Menino do pastoreio (tomos III e IV)

               Cada vez que o Máschara viaja, leva com eles duas premissas: a certeza de que deve levar o seu melhor as cidades que os contratam e a necessidade de encontrar uma ponte de comunicação com a população daquela comunidade. Quem contrata artistas, quer fazer um dia diferente em sua cidade, oferecer alegria, colorido, diversão e lazer ao seu público. 

                    Assim sendo, algumas cidades escolhem o Máschara por ser uma das Cias. Teatrais mais profissionais do interior. O Máschara não chega e oferece qualquer coisa ao público. Há uma preocupação com o ambiente, com as cadeiras, com a luz, com o melhor que se pode colocar sobre o palco. 

                    Um dos  pontos altos, é sempre a acolhida com que o diretor explica e reflete seu trabalho, aproximando a equipe do público. O menino do Pastoreio é um grande espetáculo, precisa é claro de alguns ajustes, mais ensaios, talvez?

                           Nicolas Miranda abraça Nerencio, sobre quem se passa a história e precisa correr atrás de mais força cênica. Sua interpretação é ótima e capaz, mas todo dia é um dia para aprender mais. Tomar cuidado para não gaguejar. A cena inicial ficou muito linda nesse formato mais longo, mas senti uma certa lentidão nas trocas de cenas. O Estancieiro e Nerêncio podem e precisam ser mais poéticos na cena em que falam dos cavalos. 

                            A cena da queda do cavalo, durante a parelha também me pareceu prejudicada, um tanto gritada. O espetáculo, dentro do grupo dos espetáculo fabulosos, onde figuras mitológicas solucionam as dores dos mortais. Alessandra Souza esteve perfeita, e a fala "sou a madrinha de quem não a tem" parece um ótima ponte com o fato da mesma atriz interpretar Tia Tê. 

                            Laura Heger tem se mostrado a cada dia mais vivaz e joga com perfeição com Clara Devi, esta última no entanto precisa as vezes de mais recurso, quando cabe a ela o improviso. 

                            Uma pena Renato Casagrande ter optado por tirar o bife tão bonito, que na segunda encenação colocou de volta. Um dos pontos altos e que nos dão a medida certa de quem é o estancieiro. 

                               Cléber Lorenzoni como Neco me pareceu desconcentrado e o dia foi certamente do compadre Isidoro. Algo que me chamou a atenção foi o fato de na plateia haver crianças de idades muito distintas, o que complica e muito o trabalho dos atores. Cada espetáculo é feito e pensado para um público específico, quando o ator muda esse público, precisa usar de todo seu recurso para adaptar-se, para recodificar o espetáculo. Quando se colocam públicos de várias faixas etárias juntos, aí realmente o ator encontra um tour de force. 

                                O Menino do Pastoreio reúne praticamente os melhores atores em capacidade de viajar... E Cléber Lorenzoni, embora tenha colocado um principiante como protagonista, o que funciona muito bem, já que a imaturidade de palco, ajuda Nicolas Miranda a parecer um jovem menino inseguro. Em contrapartida os atores ao seu redor, parecem poderosos homens e mulheres brancos no mundo da escravidão. Sendo assim, é importante Nicolas Miranda manter essa sensação de imaturidade no papel, mesmo que evolua como ator, afinal, vários atores, quando são ditos "velhos" para um papel, não é porque envelheceram fisicamente, mas por que perderam o frescor de suas composições.

                                   Foram duas agradáveis apresentações. 

                                   O Melhor: A união do grupo que é tão necessária para que os projetos fluam.

                                   O pior: A dificuldade em alguns atores em compreender o que significa ser diretor, e quais suas funções.



O Menino do Pastoreio - Boa Vista do Incra

Clara Devi (**)(***)

Laura Heger (***)(**)

Nicolas Miranda (*)(**)

Antonia Sequevittio (**)(**)

Fabio Novello (**)(**)

Ellen Faccin (**)(**)


                                   Arte é Vida

                                                         A Rainha 

                                   

Os Saltimbancos na Feira de Livros de Cruz Alta


 

terça-feira, 23 de novembro de 2021

O prólogo de Auto de Natal - Um milagre de natal


 

972-Auto de Natal, um Milagre de natal (tomo IV)

 O Natal voltou...


                 Está aberta a temporada de mitologias...
               Começa hoje e se estende até a páscoa do Máschara. O auto de natal, que algumas pessoas insistem em chamar de "alto", nasce da influencia clerical que se estabeleceu no período medieval e se estende até hoje. Tendo o teocentrismo como conceito chave, não é de se estranhar que seja sempre o Deus ex machina quem solucione seus dramas, ou então que ele envie seus representantes. Os milagres, os mistérios, os sotties, as paixões e os jograis, nascem todos desse período. 
                 O Milagre de Natal, auto escrito pelo dramaturgo Cléber Lorenzoni, tem todas as estruturas do teatro medieval, e ainda se equilibra sobre o formato dramatúrgico proposto por Stanislaviski: Ação Inicial, principal circunstancia dada, etc... Logo no primeiro ato, muito choro e sofrimento, um vilão exagerado, quase "demoníaco" que Romeu Waier interpreta um tanto caricato em demasia. Após o senhor Manoel pedir socorro aos céus, um grande intermezzo se estabelece, com musical, coristas e bailarinos, exatamente como no teatro do período que antecedeu a renascença. 
                   No segundo ato, as soluções rápidas tem sabor de magia, e são em um turbilhão tão exagerado que causa uma comoção difícil de não se deixar contagiar. 
                   A sagrada família interpretada por Fabio Novello e Eliani Aléssio cumpre sua função e o olhar da atriz precisa ser elogiado, bem como a emoção com que poucas vezes vi o ator Fabio Novello atuar. No entanto, talvez Aléssio pudesse no primeiro ato, carregar uma aparência mais sofrida. Nós (plateia) compramos com facilidade a ideia, mas é necessário que a convenção seja de mais carência na esposa de José. 
                      Henrique, (não sei seu  sobrenome), estreou muito bem e triangula de forma orgânica com os atores mais maduros com quem divide a cena. Aliás as crianças todas estão muito bem, Alana Ramos, chegou a  desenvolver micro ações que ficaram muito verdadeiras no palco. 
                     As gags de Stalin Ciotti e a energia de Renato Casagrande tornaram o intermezzo vivo, intenso, ágil. Uma agilidade que ajudou na curva do espetáculo. 
                     As soluções rápidas dos  atores são dignas do Máschara, O senhor Manoel saindo para trocar de casaco, a substituição da roupa, o cenário, a cadeira... Tudo reflexo de erros e acertos. Quando algo da errado devemos lembrar que todos erram, mas que a qualidade mais louvável, é a capacidade de solucionar. Lorenzoni administrou rapidamente alguns imbróglios cênicos, e Alessandra Souza esteve uma diva no palco. 
                        Vale também mencionar o poder do prólogo, onde uma suíte da o tom do espetáculo unindo figuras alegoricas conduzidas pelo que seria o Rei Sol e sua fiel auxiliar. Vitoria Ramos e Renato Casagrande fazem ali uma dupla dinâmica e cheia de jogo. Aliás, a pequenina é de extremo profissionalismo., e a construção das três jovens atrizes, Clara Devi, Laura Heger e Antonia Serquevitio. A primeira, caminhando para ser uma grande atriz. 
                             A trilha muito bem administrada por Ellen Faccin, deixa a desejar quando ainda no primeiro ato, há algum tipo de remendo e a aceleração de algumas faixas, pôs em risco muito do espetáculo. 

                O melhor: A intensidade com que o espetáculo foi apresentado, arrancando lágrimas até dos mais incrédulos;
                   O pior: O esquecimento de cenários e figurinos por parte da equipe principal. 



Auto de Natal - Um Milagre de Natal - Ibirubá/RS
sta,I-Renato Casagrande (*)
sta,II-Alessandra Souza (*)
sta,III-Clara Devi (*)

sta,I-Cléber Lorenzoni (***)
sta,III - Fábio Novello (***)
sta,IV- Douglas Maldaner (**)
sta,V- Stalin Ciotti (***)
sta,V- Laura Heger (**)

E-Antonia Serquevittio (**)
E-Vitoria Ramos (**)
E-Nicolas Miranda (**)
E-Romeu Waier (**)
E-Eliani Aléssio (**)
E-Ellen Faccin (**)
E-Alana Ramos (***)
E-Henrique (**)

                             Arte é Vida

                                                          A Rainha




Grupo Teatral Máschara é declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Municipio


 

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Em Boa Vista do Incra- elenco e organização do evento alusivo ao dia da consciência negra


 

Cartaz Abertura do natal em Ibirubá


 

Performance O Tempo e o Vento nº 22

 Nem o tempo nem o vento apagarão 30 anos de historia


                  Nem as brigas, nem os desentendimentos, nem os pensares diferentes, nem os fins de ciclos...

                  Quando conheci a Dulce, ela ainda era aluninha do colégio Santissima Trindade, e ali, na praça em frente a sua casa, ela ousava fazer pequeninas encenações de situações que ela criava e que já parecia ter a ver com o teatro que algo dentro dela buscava. Em 1992 eu estive na estreia de Um dia a Casa Cai. Giane Ries parecia mais ansiosa que o normal, e se bem me lembro roía as unhas junto à mesa de luz do querido Kiko, que sonorizava e iluminava o espetáculo. Eram os primeiros passos. Uma luta ferrenha foi travada dali por diante. Entre os semideuses lutadores dos palcos. Houve choro, brigas, separações. 

                  Anos difíceis como 1998, quando um desentendimento interno quase tirou Cléber Lorenzoni da companhia. Em 2004 o Máschara se viu diminuto, havia na equipe cinco lutadores que fincaram pé e mantiveram a chama viva até 2005, quando o produtor Roger Castro propôs o projeto O Incidente. Em 2007 novo desastre, separou o grupo em dois lados distintos que tiveram que ser muito fortes para seguir. Em 2013, após o incêndio da boate Kiss, o Máschara ficou sem casa de espetáculos. Foi a vez da Universidade de Cruz Alta oferecer um espaço, que lançou a trupe a um espaço de destaque no município. Em 2018, prestes novamente a ficar sem local, foi o nascimento do Palacinho que estabeleceu o Máschara. 

                     Essas lutas todas foram vencidas porque o teatro rpecisa continuar, a arte é chama intensa que ninguém apaga.

                     Agora em 2021 o Máschara da um salto, conclui um novo ciclo. E esse ciclo começou ontem na praça, em uma cerimonia simples e delicada. A cena escolhida, foi uma performance, de força antológica. O TEMPO E O VENTO, com um elenco grande, que mudou pouco desde sua estreia em 2018.

                       A direção alcançou uma formula rápida, um pouco menos rígida, de adaptar determinadas apresentações para formato que casem com o momento. Isso é maravilhoso, pois não deixa o teatro se tornar formal a ponto de não mais tocar a plateia. 

                            Dulce Jorge tem uma figura de densidade poderosa, que nos atrai para o palco. Ricardo Fenner precisa compor de forma mais dinâmica a figura do Padre Lara, não sei o que ele sente, quem ele é? Adicionar a figura de Bolívar é algo maravilhoso, mas como o público pode saber quem são as personagens? Capitão Rodrigo é um clichê de fácil percepção, e embora Cléber Lorenzoni carregue com altivez a figura, precise talvez se mostrar mais bruto. Alguns atores estão passando um pouco da aparência que as personagens carecem. Interessante como todos os atores sirvam para todos os papeis, em quaisquer idades. Mas é preciso compreender em si a que mundo a personagem pertence, a que época e assim construir dentro de si esse lugar. 

                        No chão, os atores dançaram, e devo fazer um elogio, à vida com que o fizeram, principalmente Laura Hoover, Renato Casagrande e Antonia S.. Ouvi nos últimos dias o diretor lastimar-se algumas vezes, em relação a um rótulo que foi depositado sobre o grupo em relação a dança. Sei muito pouco da dança, sei como apreciadora, e o que sei é que todas as vezes que artistas do Máschara ousam movimentar-se usando-se supostamente do conceito dança para guiá-los, o espetáculo é maravilhoso e me emociona. 


          O Melhor: A direção que sempre escolhe com perfeição os rostos para as personagens que seleciona das obras.

             O Pior: A ausencia de tantos e tantas que fizeram o Máschara nesse momento tão importante.



Arte é Vida



A Rainha

                              

Decreto 619/21 - Patrimonio Cultural Imaterial


 

Momento em que a prefeita Municipal Dra Paula Rubim Facco Librelotto entrega o decreto 619/21- Patrimônio Imaterial do Municipio


 

domingo, 21 de novembro de 2021

970- Os Saltimbancos - (tomo 37) Feira do Livro de Cruz Alta

 

Chico Buarque na feira de Livros

 

 

 

Se o prefeito, e os inspetores... forem apenas, crianças...

 

 


Os Saltimbancos é um musical infantil de um letrista italiano em conjunto com um compositor argentino, mas que fez sucesso aqui no Brasil pela adaptação de Chico Buarque, que imortalizou a obra com canções que jamais sairão do coração de muitos adultos por aí. O musical conta a história de quatro animais que, cansados de seus patrões e donos, resolvem ir para cidade tentar a carreira como um conjunto musical. Chegando lá, eles descobrem que a cidade pode não ser tudo aquilo que pensavam e esperavam e precisam enfrentar muitos desafios para se re-encontrarem. 

O desafio maior no espetáculo desta tarde, foi o sol, o calor, já que na montagem do Máschara não houve uma preocupação em relação ao bem estar dos atores. E é preciso pensar que longe dos grandes centros, não há palcos refrigerados... O que acarreta por exemplo a total deterioração da maquiagem de alguns personagens, o que é inadmissível. Em determinados espetáculos (peças), a maquiagem que se deteriora ajuda a compor um visual, ou uma ideia, no entanto, em espetáculos infantis, isso soa como descuido.

O elenco está afiadíssimo, e ainda que aconteçam alguns resvalões no quesito dublagem, percebe-se que são situações momentâneas, talvez provocadas pela falta de concentração no espaço aberto proposto ao espetáculo.

A trilha administrada pela atriz Clara Devi, teve alguns altos e baixos, o que levanta o debate de que sempre é preciso um técnico na mesa de som.

Foi uma apresentação interessante, necessária para uma feira de livros, embora um espetáculo teatral dublado precise de uma reflexão sobre o espaço que utilizará para sua encenação, afinal precisa interagir com a plateia. Como eu conheço a trajetória do Máschara, eu diria que compreendo as adaptações feitas para o melhor aproveitamento do público. Assim sendo parabéns, foi possível pensar sobre a união e a questão animal. Faltou claro a militância de Buarque... No entanto defender os animais maltratados pelo bicho homem, também é militância.

O Melhor - O apoio de toda a equipe para que o espetáculos acontecesse. Raquel Arigony, Antonia Serquevittio, Laura Heger, Laura Hoover

O Pior- A falta de pontualidade que vem se reproduzindo em várias situações do Máschara

 

 

 

Feira de Livros de Cruz Alta

 

Samuel Ciotti (***)

 

Clara Devi (**)

 

Anciãos (***)