As vezes você não sabe por que faz teatro... As vezes você não sabe ao certo o que sente ou o que sentir quando está em cena. Sabe que sente algo bom, sabe que o aplauso é maravilhoso, que o olhar do colega de cena criando algo com você chega a ser erótico. A energia, o toque, a respiração, a química. O público é voyer, e você se mostra, frente e verso, carne e alma. Alma quando se entraga, lógicamente. As vezes você gostaria de ter talento suficiente para carregar tudo sozinho, para salvar a cena, as vezes você gostaria de desaparecer em meio à uma troca de roupa errada, ou ao gaguejar algo que parecia tão fácil. As vezes você tem vontade de ensaiar muito, mas teus colegas não gostam de ensair muito... As vezes você entraem cena querendo que acabe lógo, mas no decorrer é tão bom, tão brilhante que você arrasta para que dure momentos eternos. As vezes você entra em cena querendo que dure horas, mas está tão cheio de rítmo que passa voando.
O teatro é tão complexo, tão maluco que as vezes nos escapa por entre os dedos. Mas existem vários tipos de artistas, os que amam o drama e desprezam a comédia, os que amam a comédia e fazem pouco do drama, os que amam tudo, os que não amam e fazem apenas por que não sabem fazer outra coisa.  Existe a atriz neurótica, nervosa, frágil, que precisa de ajuda e ama o que faz, mas se sente extremamente sozinha, existe o ator exibido, estrela, que pisa em todos por que no fundo é inseguro, que tem medo que percebam sua frágilidade. Existe o arrogante que nunca aparece, apenas em dias de aprersentações, ele acredita profundamente que é o melhor, mas sua capacidade é liumitadíssima. As pessoas são capazes de acreditar em ótimas mentiras quando bem ditas. Existem as atrizes geniosas, que se negam a fazer tudo, que dão trabalho e que são talentosíssimas. Existem os atores passivos, omissos que nunca opinam, que estão alí por que na vida real se sentem vazios, e querem preencher no teatro esses sulcos que a vida abriu. Existem os atores cretinos. Senhores de sí, que não percebem o quanto são infames. Mas ninguém tem coragem de lhes abrir os olhos. Existem os pequenininhos, humildes que viram Deuses no palco. Existem milhares mas todos são necessários. 
Alguém já percebeu o virtuosismo do máschara...? Os atores que fazem parte da trupe são ávidos por ação, em cinco dias cinco espetáculos diferentes... Duas estréias, entre elas a reformulação de Feriadão. E lá estava apenas um dos intérpretes da primeira montagem, por isso mesmo fazendo muito bem sua parte. 
Angélica Ertel, Alessandra Souza, Gabriel Wink e Renato Casagrande foram maravilhosos como as quatro crianças atuais. Em Feriadão o Máschara demonstra o dominio que tem da cena, a capacidade em mudar um espetáculo tantas vezes e manter o âmago. Torná-lo palatável ao expectador ainda que com milhares de mudanças. Alguém lembra da Dona Cirandinha? Do Felipão, colega do Felipeto? Alguém percebeu que de cinco crianças viraram quatro e que de quatro tornaram-se novamente cinco? Não era meta-teatro, era ludicismo, era fantasia, era a magia acontecendo. Pena que um espetáculo dure apenas 40 minutos e por isso mesmo é tão triste. Saber que daqui a pouco tudo voltará ao normal... Poderia continuar ainda que com princesas ou super-heróis... Ainda que meio desafinado as vezes, mas percorrido com gana. Parabéns Grupo Máschara por mais uma página que se inicia...
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Crítica da rainha - O Incidente I e II em Bento Gonçalves
                                    Artistas mambembes
Ainda há pouco, ví uma jovem no sinal, vestida de forma espalhafatosa, colorida, com o rosto pintado. Não quero me equivocar dizendo que era uma palhaçinha, mas acredito que a intensão era a mesma. Fiquei analisando e me perguntando até que ponto um artista precisa submeter-se para sobreviver. Havia naquela jovem um sorriso de quem sabe sua função, de quem precisa beirar a humilhação de cabeça erguida, sim por que embora o artista ame essa exposição toda, ele fica a mercê de coisas horríveis ao se expor.
O artista do palco esta mais protegido. Não corre os riscos da intempérie, ou ainda a exposição à grosserias dos transeuntes. Aquela artista provavelmente daría tudo para ter um contrato. para estar sobre um palco. Como o estavam os atores do Máschara hoje pela manhã no palco da 26ª feira de livros de Bento Gonçalves.
Assisti as duas inserções, terça e quarta. Na primeira vários aquéns, na segunda aplausos merecidos. Angélica Ertel, Gabriel Wink, Cléber Lorenzoni e Luís Fernando Lara são os artistas mais antigos e fizeram o esperado em ambas as apresentações. Alessandra Souza e Renato Casagrande precisam igualar-se, precisam quebrar a casca. O Incidente parte da premissa do capitulo de mesmo nome dentro do livro O Incidente em Antares de Erico Verissimo. Os sete mortos ganham vida e invadem o coreto da cidade. A cidade de Antares pode bem ser qualquer cidade do Brasil e por isso mesmo o público se apropria tanto do espetáculo. A direção de Cléber Lorenzoni me confunde nesse espetáculo tão pouco Aristotélico; Curva, catarse, tudo é diferente em O Incidente. Mas é bom se for bem feito. São ótimas personagens, arquétipos contundentes.
Gabriel Wink esteve muito bem em ambas apresentações e Menandro Olinda é sua melhor construção trágica até hoje. Sua apresentação na rua foi uma aula de técnica e sensibilidade, sem o uso das tais perfumarias, "sonoplastia, cenário e iluminação". Um ator contraditório que parece esquivar-se pela tangente de cenas dramáticas mas que é um eximio artista quando em cenas de dor e sofrimento. Luis Fernando Lara é um ator técnico, nunca o ví em uma cena de dor e não sei se sua técnica seria o suficiente para emocionar, para viver uma personagem sofrida. Espero poder vê-lo um dia em algo intensamente dramático. Angélica Ertel encontrou melhores inspirações nessa segunda intervenção de Dona Quitéria Campolargo, mas senti falta de uma partitura mais formal. Cícero foi maestro e guiou a orquestra com mão firma como sempre. "Presença" O resto é silêncio. Mas silêncio agradável, quando acompanhado de intenção.
O Incidente é um texto popular, para se falar e questionar a sociedade, função prima do teatro. O Espetáculo O Incidente do Máschara, é uma união de um belo texto com a interpretação de personagens fortes de Erico Vesrissimo, Um texto de compreensão fácil, de aceitação inegável, um dos textos mais coerentes para o público adulto de uma feira de livros.
A Rainha
Ainda há pouco, ví uma jovem no sinal, vestida de forma espalhafatosa, colorida, com o rosto pintado. Não quero me equivocar dizendo que era uma palhaçinha, mas acredito que a intensão era a mesma. Fiquei analisando e me perguntando até que ponto um artista precisa submeter-se para sobreviver. Havia naquela jovem um sorriso de quem sabe sua função, de quem precisa beirar a humilhação de cabeça erguida, sim por que embora o artista ame essa exposição toda, ele fica a mercê de coisas horríveis ao se expor.
O artista do palco esta mais protegido. Não corre os riscos da intempérie, ou ainda a exposição à grosserias dos transeuntes. Aquela artista provavelmente daría tudo para ter um contrato. para estar sobre um palco. Como o estavam os atores do Máschara hoje pela manhã no palco da 26ª feira de livros de Bento Gonçalves.
Assisti as duas inserções, terça e quarta. Na primeira vários aquéns, na segunda aplausos merecidos. Angélica Ertel, Gabriel Wink, Cléber Lorenzoni e Luís Fernando Lara são os artistas mais antigos e fizeram o esperado em ambas as apresentações. Alessandra Souza e Renato Casagrande precisam igualar-se, precisam quebrar a casca. O Incidente parte da premissa do capitulo de mesmo nome dentro do livro O Incidente em Antares de Erico Verissimo. Os sete mortos ganham vida e invadem o coreto da cidade. A cidade de Antares pode bem ser qualquer cidade do Brasil e por isso mesmo o público se apropria tanto do espetáculo. A direção de Cléber Lorenzoni me confunde nesse espetáculo tão pouco Aristotélico; Curva, catarse, tudo é diferente em O Incidente. Mas é bom se for bem feito. São ótimas personagens, arquétipos contundentes.
Gabriel Wink esteve muito bem em ambas apresentações e Menandro Olinda é sua melhor construção trágica até hoje. Sua apresentação na rua foi uma aula de técnica e sensibilidade, sem o uso das tais perfumarias, "sonoplastia, cenário e iluminação". Um ator contraditório que parece esquivar-se pela tangente de cenas dramáticas mas que é um eximio artista quando em cenas de dor e sofrimento. Luis Fernando Lara é um ator técnico, nunca o ví em uma cena de dor e não sei se sua técnica seria o suficiente para emocionar, para viver uma personagem sofrida. Espero poder vê-lo um dia em algo intensamente dramático. Angélica Ertel encontrou melhores inspirações nessa segunda intervenção de Dona Quitéria Campolargo, mas senti falta de uma partitura mais formal. Cícero foi maestro e guiou a orquestra com mão firma como sempre. "Presença" O resto é silêncio. Mas silêncio agradável, quando acompanhado de intenção.
O Incidente é um texto popular, para se falar e questionar a sociedade, função prima do teatro. O Espetáculo O Incidente do Máschara, é uma união de um belo texto com a interpretação de personagens fortes de Erico Vesrissimo, Um texto de compreensão fácil, de aceitação inegável, um dos textos mais coerentes para o público adulto de uma feira de livros.
A Rainha
Crítica da rainha - Lili em Bento Gonçalves
Eu não lembro...
Será que o ator esquece como atuar? Será que perde sua capacidade, ou enferruja, ou ainda, será que é como andar de bicicleta?
Os atores do Máschara trabalham com teatro de repertório. São quatro ou cinco espetáculos sendo trabalhados ao mesmo tempo, isso requer versatilidade, capacidade... e se eles se propuseram a executar esse intento, devem fazê-lo com maestria, ou não façam!
O jogo ficou a cargo das já BALZAQUIANAS do teatro, Angélica Ertel e Cléber Lorenzoni lutaram em cena. Faltou jogo, confesso, mas de um para com o outro. Angélica Ertel é sim uma atriz instintiva, mas as vezes erra feio. Cléber Lorenzoni me disse mil coisas com os olhos, seu "poeta" é diversão certa. Ponto! Por que com cinco, será que essa diminuição de elenco vem realmente a calhar. Renato Casagrande deveria ser a terceira peça da engrenagem em Lili Inventa o mundo, mas acaba sendo a ultima. As pessoas confundem energia com correria, presença com exibicionismo e volume com gritaria. Há microfones. Lili já se transformou em espetáculo de rua, e infelizmente alguns intérpretes atuam como se estivessem em seus quartos. Não da para encarar sempre a primeira apresentação da turnê como um aquecimento, uma preparação para a próxima. Lili Inventa o Mundo é um dos cinco melhores espetáculos infantis que já assisti, mas tem sido executado de forma desleixada. Não vou mais elogiar Cléber Lorenzoni, isso me cansa. Faz bem sua parte e ponto!
A Rainha
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