Performance O Tempo e o Vento nº 22

 Nem o tempo nem o vento apagarão 30 anos de historia


                  Nem as brigas, nem os desentendimentos, nem os pensares diferentes, nem os fins de ciclos...

                  Quando conheci a Dulce, ela ainda era aluninha do colégio Santissima Trindade, e ali, na praça em frente a sua casa, ela ousava fazer pequeninas encenações de situações que ela criava e que já parecia ter a ver com o teatro que algo dentro dela buscava. Em 1992 eu estive na estreia de Um dia a Casa Cai. Giane Ries parecia mais ansiosa que o normal, e se bem me lembro roía as unhas junto à mesa de luz do querido Kiko, que sonorizava e iluminava o espetáculo. Eram os primeiros passos. Uma luta ferrenha foi travada dali por diante. Entre os semideuses lutadores dos palcos. Houve choro, brigas, separações. 

                  Anos difíceis como 1998, quando um desentendimento interno quase tirou Cléber Lorenzoni da companhia. Em 2004 o Máschara se viu diminuto, havia na equipe cinco lutadores que fincaram pé e mantiveram a chama viva até 2005, quando o produtor Roger Castro propôs o projeto O Incidente. Em 2007 novo desastre, separou o grupo em dois lados distintos que tiveram que ser muito fortes para seguir. Em 2013, após o incêndio da boate Kiss, o Máschara ficou sem casa de espetáculos. Foi a vez da Universidade de Cruz Alta oferecer um espaço, que lançou a trupe a um espaço de destaque no município. Em 2018, prestes novamente a ficar sem local, foi o nascimento do Palacinho que estabeleceu o Máschara. 

                     Essas lutas todas foram vencidas porque o teatro rpecisa continuar, a arte é chama intensa que ninguém apaga.

                     Agora em 2021 o Máschara da um salto, conclui um novo ciclo. E esse ciclo começou ontem na praça, em uma cerimonia simples e delicada. A cena escolhida, foi uma performance, de força antológica. O TEMPO E O VENTO, com um elenco grande, que mudou pouco desde sua estreia em 2018.

                       A direção alcançou uma formula rápida, um pouco menos rígida, de adaptar determinadas apresentações para formato que casem com o momento. Isso é maravilhoso, pois não deixa o teatro se tornar formal a ponto de não mais tocar a plateia. 

                            Dulce Jorge tem uma figura de densidade poderosa, que nos atrai para o palco. Ricardo Fenner precisa compor de forma mais dinâmica a figura do Padre Lara, não sei o que ele sente, quem ele é? Adicionar a figura de Bolívar é algo maravilhoso, mas como o público pode saber quem são as personagens? Capitão Rodrigo é um clichê de fácil percepção, e embora Cléber Lorenzoni carregue com altivez a figura, precise talvez se mostrar mais bruto. Alguns atores estão passando um pouco da aparência que as personagens carecem. Interessante como todos os atores sirvam para todos os papeis, em quaisquer idades. Mas é preciso compreender em si a que mundo a personagem pertence, a que época e assim construir dentro de si esse lugar. 

                        No chão, os atores dançaram, e devo fazer um elogio, à vida com que o fizeram, principalmente Laura Hoover, Renato Casagrande e Antonia S.. Ouvi nos últimos dias o diretor lastimar-se algumas vezes, em relação a um rótulo que foi depositado sobre o grupo em relação a dança. Sei muito pouco da dança, sei como apreciadora, e o que sei é que todas as vezes que artistas do Máschara ousam movimentar-se usando-se supostamente do conceito dança para guiá-los, o espetáculo é maravilhoso e me emociona. 


          O Melhor: A direção que sempre escolhe com perfeição os rostos para as personagens que seleciona das obras.

             O Pior: A ausencia de tantos e tantas que fizeram o Máschara nesse momento tão importante.



Arte é Vida



A Rainha

                              

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