Claire
Solange
Madame
 (O quarto de Madame. Móveis Luiz XV. Rendas. Ao fundo, uma janela aberta, que dá
para a fachada de um prédio em frente. À direita, o eleito. À esquerda, uma porta e
uma cômoda. Flores em profusão. É noite) 
CLAIRE - (De pé, de combinação, voltando as costas para a penteadeira. Seu gesto, o
braço estendido, é o tom serão de um trágico exasperado) E essas luvas! Essas luvas
eternas! Já te repeti suficientemente que as deixasses na cozinha. É com isso, por certo,
que esperas seduzir o leiteiro. Não, não, não mintas, é inútil. Pendure-as por cima da
pia. Quando compreenderás que este quarto não pode ser enxovalhado. Tudo, mas tudo
o que vem da cozinha é escarro! Sai! E leva os teus escarros! Mas para! (Durante esta
tirada, Solange brincava com um par de luvas de borracha, observando suas mãos
enluvadas; ora em buquê, ora em leque) Nada de cerimônia, faz teu bichinho.
