segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Zah Zuuu, primeira incursão Ielb Cruz- 10/10/2015 - performance número 816
O PODER DA "MÁSCHARA" VERMELHA
O CLOWN E O PALHAÇO NÃO SÃO A MESMA COISA!!!! Clow vem de clod que se liga etimologicamente ao termo inglês "camponês", e ao seu meio rústico (terra). Palhaço vem do italiano paglia (palha) material usado para revestimento de colchões, por que a primitiva roupa desse cômico era feita do mesmo pano dos colchões, um tecido grosso e listrado, afofado para proteger nas quedas do "palhaço".
Incrivelmente as pessoas gostam em demasia da figura do palhaço. E não poderia ser diferente, em um mundo onde tantos tem medo de "serem" os "micos" da turma, Onde todos querem bancar sempre os melhores, ver outro aceitar ser o ridículo, aceitar ser o bobo da corte, só poderia realmente ser prazeroso, libertador.
"Os palhaços sempre foram parte integrante do circo, Num
espetáculo de perícia física, que produz
na assistência uma reação mental,
-deslumbramento, espanto, admiração, e apreensão -
é preciso haver um complemento, um conceito mental
que produza no público uma reação física, ou seja, o riso."
O CLOWN E O PALHAÇO NÃO SÃO A MESMA COISA!!!! Clow vem de clod que se liga etimologicamente ao termo inglês "camponês", e ao seu meio rústico (terra). Palhaço vem do italiano paglia (palha) material usado para revestimento de colchões, por que a primitiva roupa desse cômico era feita do mesmo pano dos colchões, um tecido grosso e listrado, afofado para proteger nas quedas do "palhaço".
Incrivelmente as pessoas gostam em demasia da figura do palhaço. E não poderia ser diferente, em um mundo onde tantos tem medo de "serem" os "micos" da turma, Onde todos querem bancar sempre os melhores, ver outro aceitar ser o ridículo, aceitar ser o bobo da corte, só poderia realmente ser prazeroso, libertador.
Quando o público ri do palhaço (clown) sobre o palco, se sente livre para exorcizar-se. O público vê o outro sentado ao seu lado rindo e pensa, "nossa, ainda bem que está acontecendo com ele e não comigo". "Estou livre!" É como se a platéia relaxasse em seu interior, respirasse e pudesse descontar sua insegurança, suas "pequeninas maldades"sobre aquele "judas em sábado de aleluia".
Mas isso tudo é apenas uma pequena parcela do todo que o palhaço causa.
O palhaço, ou o cômico, é um herdeiro da Commedia Dell Arte. Esta porém havia sido desmantelada pelo papa Inocêncio XII em 1697 durante a Contra-Reforma. O circo como conhecemos hoje, com picadeiro, surgiu em 1768, por criação de Phillip Astley, foi ele quem descobriu que se galopasse em circulo sobre o cavalo, teria o equilibrio facilitado pelo efeito centrífuga. Após os grandes circos de cavalos percorrerem o mundo, foram somando-se as trupes, outros números, com tantos outros tipos de animais e etc...
Não se sabe ao certo quando, mas o palhaço herdeiro dos bobos da corte, que foi se aprimorando e no século XVIII afloraram pelo mundo, metamorfoseou-se, e tinha que ser assim, os grandes circos foram se acabando, o palhaço como figura plena, o grande centro do picadeiro, foi perdendo seu espaço. Poucos palhaços sobreviveram, e a nova figura do palhaço foi moída. Surgia aí uma nova geração de palhaços em resposta ao homem contemporâneo. Por um lado o grau de exigência aumentou. Quantos de nós não se sentem culpados por rirem do palhaço? Quantos de nós não julgam ser apenas para as crianças as palhaçadas? Nesse sentido, o palhaço precisou buscar uma outra visão, mais artística, com uma estética mais avançada.
O clown como técnica é um conjunto de idéias relacionadas a um olhar humano delicado quanto a interpretação cômica e a postura das plateias.
"O clown espanta o medo, essa é sua função"
A máschara por alguns banalmente chamada de nariz, passa a ter um peso ainda maior. Jamais poderá ser tocada. Ela é parte do corpo do clown e há quem diga que ali é seu cérebro. Para o público ao menos, a máschara possui um eloquente poder sedutor. Em maioria das vezes o clown não fala, mas muitas coisas estão passando por ele, sendo ditas ainda que sem palavras.
Duas linhas se dividem, em ambas é dito que existem dois clowns, Louis e Auguste. Ambas também pregam que o clown é um sopro interno que todos possuímos, imutável. No entanto, , uma das linhas prega que o clown de grande loquacidade, que investe como metralhadora contra o o público e contra os outros clowns é o speaker, o clown branco, o Loius. Algo como Didi em Os trapalhões. O outro clown seria Auguste, quase sempre mudo, que escuta assente, discorda com muito garbo, lança olhares, fica estupefato por qualquer coisa. O Principal, o clown preto. Há porém outra linha, onde o Clown preto seria aquele que apronta, e o clown branco seria mais distante, o que sofre a ação, mas sempre se da bem...
Eu prefiro a ideia de que o clown Augusto é o bobo, ele representa a vitoria da pureza sobre a malícia, o clown representa toda a sociedade e o público se identifica com o Augusto, por ele ser o menos favorecido.
Segundo Luis Otávio Burnier, os tipos característicos da baixa comédia grega e romana, os bufões e os bobos da idade média, os personagens fixos da commedia dell'arte italiana, o palhaço circense e o clown , possuem uma essência: colocar em evidência a estupidez do ser humano, revitalizando normas e verdades sociais.
O Máschara já havia se embrenhado pelo mundo do clown em 1999, na montagem de O Conto da Carrocinha, quando Simone De Dordi e Cléber Lorenzoni muito se destacaram com seus clowns. Aliás já se via lá, em Cléber Lorenzoni a descoberta de seu clown. Agora a trupe retorna com Zah-zuuu, Uma performance que indica o nascimento de mais um espetáculo.
Criado há várias mãos, mas destacando aí o trabalho de Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande e Alessandra Souza, Zah-Zuuu parte da premissa de dois clowns, pai e filho, (ou poderiam ser dois irmãos, ou ainda tantas outras conexões), que se envolvem em várias confusões até que um resolve aninhar o outro em um momento de singela proteção. Ora um espetáculo de clown que termina com uma pietà, só pode ser algo de intenso apelo ao bom gosto. Cléber Lorenzoni é um Augusto, e move-se muito bem nesse caminho, pois sua existência é ali. Renato Casagrande vai desenhando um Louis e se sai muito bem, aliás até o dia da estréia, caso mergulhe firme nessa escolha, vai extrair dali uma grande "nova sala" em seu casarão de construção teatral.
O grammelot (que não é coisa apenas de clown), é gostoso e na medida certa, a ponto de a assistência já estar repetindo em menos de cinco minutos de cena. Tudo pode ser mais trabalhado e algumas conquistas são realmente impagáveis. A velha e conhecida cena do casaco deveria ter sido feita sobre o palco. Mas rende e muito. Não aprecio o figurino do filho, mas o figurino de Renato é maravilhoso. Apenas não curti a bota. Muito moderna dentro de um apelo retrô.
O Máschara tem esse jeito de ir compondo coisas,,, Delicadamente, despretensiosamente, a sua verdade é linda e do bem. Espero que todos abracem Zah Zuuu como novo espetáculo. Espero que alguns atores aprendam que as coisas sobre o palco possuem energias, espero que alguns aprendam que hora de trabalho é hora de trabalho, espero que alguns aprendam que o teatro é como uma religião, uma das únicas em que o homem é o próprio Deus e por isso a meu ver, tão linda religião. Aprendam que não se brinca com o costume (figurino) alheio, espero que aprendam que lealdade, confiança e união, são os dogmas mais importantes dessa religião.
Cléber Lorenzoni (***) plus
Renato Casagrande (***) plus
Evaldo Goulart (***)
Alessandra Souza (***)
Bruna malheiros (**)
Douglas Maldaner (*)
Arte é vida - A Rainha
Não se sabe ao certo quando, mas o palhaço herdeiro dos bobos da corte, que foi se aprimorando e no século XVIII afloraram pelo mundo, metamorfoseou-se, e tinha que ser assim, os grandes circos foram se acabando, o palhaço como figura plena, o grande centro do picadeiro, foi perdendo seu espaço. Poucos palhaços sobreviveram, e a nova figura do palhaço foi moída. Surgia aí uma nova geração de palhaços em resposta ao homem contemporâneo. Por um lado o grau de exigência aumentou. Quantos de nós não se sentem culpados por rirem do palhaço? Quantos de nós não julgam ser apenas para as crianças as palhaçadas? Nesse sentido, o palhaço precisou buscar uma outra visão, mais artística, com uma estética mais avançada.
O clown como técnica é um conjunto de idéias relacionadas a um olhar humano delicado quanto a interpretação cômica e a postura das plateias.
"O clown espanta o medo, essa é sua função"
A máschara por alguns banalmente chamada de nariz, passa a ter um peso ainda maior. Jamais poderá ser tocada. Ela é parte do corpo do clown e há quem diga que ali é seu cérebro. Para o público ao menos, a máschara possui um eloquente poder sedutor. Em maioria das vezes o clown não fala, mas muitas coisas estão passando por ele, sendo ditas ainda que sem palavras.
Duas linhas se dividem, em ambas é dito que existem dois clowns, Louis e Auguste. Ambas também pregam que o clown é um sopro interno que todos possuímos, imutável. No entanto, , uma das linhas prega que o clown de grande loquacidade, que investe como metralhadora contra o o público e contra os outros clowns é o speaker, o clown branco, o Loius. Algo como Didi em Os trapalhões. O outro clown seria Auguste, quase sempre mudo, que escuta assente, discorda com muito garbo, lança olhares, fica estupefato por qualquer coisa. O Principal, o clown preto. Há porém outra linha, onde o Clown preto seria aquele que apronta, e o clown branco seria mais distante, o que sofre a ação, mas sempre se da bem...
Eu prefiro a ideia de que o clown Augusto é o bobo, ele representa a vitoria da pureza sobre a malícia, o clown representa toda a sociedade e o público se identifica com o Augusto, por ele ser o menos favorecido.
Segundo Luis Otávio Burnier, os tipos característicos da baixa comédia grega e romana, os bufões e os bobos da idade média, os personagens fixos da commedia dell'arte italiana, o palhaço circense e o clown , possuem uma essência: colocar em evidência a estupidez do ser humano, revitalizando normas e verdades sociais.
O Máschara já havia se embrenhado pelo mundo do clown em 1999, na montagem de O Conto da Carrocinha, quando Simone De Dordi e Cléber Lorenzoni muito se destacaram com seus clowns. Aliás já se via lá, em Cléber Lorenzoni a descoberta de seu clown. Agora a trupe retorna com Zah-zuuu, Uma performance que indica o nascimento de mais um espetáculo.
Criado há várias mãos, mas destacando aí o trabalho de Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande e Alessandra Souza, Zah-Zuuu parte da premissa de dois clowns, pai e filho, (ou poderiam ser dois irmãos, ou ainda tantas outras conexões), que se envolvem em várias confusões até que um resolve aninhar o outro em um momento de singela proteção. Ora um espetáculo de clown que termina com uma pietà, só pode ser algo de intenso apelo ao bom gosto. Cléber Lorenzoni é um Augusto, e move-se muito bem nesse caminho, pois sua existência é ali. Renato Casagrande vai desenhando um Louis e se sai muito bem, aliás até o dia da estréia, caso mergulhe firme nessa escolha, vai extrair dali uma grande "nova sala" em seu casarão de construção teatral.
O grammelot (que não é coisa apenas de clown), é gostoso e na medida certa, a ponto de a assistência já estar repetindo em menos de cinco minutos de cena. Tudo pode ser mais trabalhado e algumas conquistas são realmente impagáveis. A velha e conhecida cena do casaco deveria ter sido feita sobre o palco. Mas rende e muito. Não aprecio o figurino do filho, mas o figurino de Renato é maravilhoso. Apenas não curti a bota. Muito moderna dentro de um apelo retrô.
O Máschara tem esse jeito de ir compondo coisas,,, Delicadamente, despretensiosamente, a sua verdade é linda e do bem. Espero que todos abracem Zah Zuuu como novo espetáculo. Espero que alguns atores aprendam que as coisas sobre o palco possuem energias, espero que alguns aprendam que hora de trabalho é hora de trabalho, espero que alguns aprendam que o teatro é como uma religião, uma das únicas em que o homem é o próprio Deus e por isso a meu ver, tão linda religião. Aprendam que não se brinca com o costume (figurino) alheio, espero que aprendam que lealdade, confiança e união, são os dogmas mais importantes dessa religião.
Cléber Lorenzoni (***) plus
Renato Casagrande (***) plus
Evaldo Goulart (***)
Alessandra Souza (***)
Bruna malheiros (**)
Douglas Maldaner (*)
Arte é vida - A Rainha
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