O Natal voltou...
Está aberta a temporada de mitologias...
Começa hoje e se estende até a páscoa do Máschara. O auto de natal, que algumas pessoas insistem em chamar de "alto", nasce da influencia clerical que se estabeleceu no período medieval e se estende até hoje. Tendo o teocentrismo como conceito chave, não é de se estranhar que seja sempre o Deus ex machina quem solucione seus dramas, ou então que ele envie seus representantes. Os milagres, os mistérios, os sotties, as paixões e os jograis, nascem todos desse período.
O Milagre de Natal, auto escrito pelo dramaturgo Cléber Lorenzoni, tem todas as estruturas do teatro medieval, e ainda se equilibra sobre o formato dramatúrgico proposto por Stanislaviski: Ação Inicial, principal circunstancia dada, etc... Logo no primeiro ato, muito choro e sofrimento, um vilão exagerado, quase "demoníaco" que Romeu Waier interpreta um tanto caricato em demasia. Após o senhor Manoel pedir socorro aos céus, um grande intermezzo se estabelece, com musical, coristas e bailarinos, exatamente como no teatro do período que antecedeu a renascença.
No segundo ato, as soluções rápidas tem sabor de magia, e são em um turbilhão tão exagerado que causa uma comoção difícil de não se deixar contagiar.
A sagrada família interpretada por Fabio Novello e Eliani Aléssio cumpre sua função e o olhar da atriz precisa ser elogiado, bem como a emoção com que poucas vezes vi o ator Fabio Novello atuar. No entanto, talvez Aléssio pudesse no primeiro ato, carregar uma aparência mais sofrida. Nós (plateia) compramos com facilidade a ideia, mas é necessário que a convenção seja de mais carência na esposa de José.
Henrique, (não sei seu sobrenome), estreou muito bem e triangula de forma orgânica com os atores mais maduros com quem divide a cena. Aliás as crianças todas estão muito bem, Alana Ramos, chegou a desenvolver micro ações que ficaram muito verdadeiras no palco.
As gags de Stalin Ciotti e a energia de Renato Casagrande tornaram o intermezzo vivo, intenso, ágil. Uma agilidade que ajudou na curva do espetáculo.
As soluções rápidas dos atores são dignas do Máschara, O senhor Manoel saindo para trocar de casaco, a substituição da roupa, o cenário, a cadeira... Tudo reflexo de erros e acertos. Quando algo da errado devemos lembrar que todos erram, mas que a qualidade mais louvável, é a capacidade de solucionar. Lorenzoni administrou rapidamente alguns imbróglios cênicos, e Alessandra Souza esteve uma diva no palco.
Vale também mencionar o poder do prólogo, onde uma suíte da o tom do espetáculo unindo figuras alegoricas conduzidas pelo que seria o Rei Sol e sua fiel auxiliar. Vitoria Ramos e Renato Casagrande fazem ali uma dupla dinâmica e cheia de jogo. Aliás, a pequenina é de extremo profissionalismo., e a construção das três jovens atrizes, Clara Devi, Laura Heger e Antonia Serquevitio. A primeira, caminhando para ser uma grande atriz.
A trilha muito bem administrada por Ellen Faccin, deixa a desejar quando ainda no primeiro ato, há algum tipo de remendo e a aceleração de algumas faixas, pôs em risco muito do espetáculo.
O melhor: A intensidade com que o espetáculo foi apresentado, arrancando lágrimas até dos mais incrédulos;
O pior: O esquecimento de cenários e figurinos por parte da equipe principal.
Auto de Natal - Um Milagre de Natal - Ibirubá/RS
sta,I-Renato Casagrande (*)
sta,II-Alessandra Souza (*)
sta,III-Clara Devi (*)
sta,I-Cléber Lorenzoni (***)
sta,III - Fábio Novello (***)
sta,IV- Douglas Maldaner (**)
sta,V- Stalin Ciotti (***)
sta,V- Laura Heger (**)
E-Antonia Serquevittio (**)
E-Vitoria Ramos (**)
E-Nicolas Miranda (**)
E-Romeu Waier (**)
E-Eliani Aléssio (**)
E-Ellen Faccin (**)
E-Alana Ramos (***)
E-Henrique (**)
Arte é Vida
A Rainha
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