Cada vez que o Máschara viaja, leva com eles duas premissas: a certeza de que deve levar o seu melhor as cidades que os contratam e a necessidade de encontrar uma ponte de comunicação com a população daquela comunidade. Quem contrata artistas, quer fazer um dia diferente em sua cidade, oferecer alegria, colorido, diversão e lazer ao seu público.
Assim sendo, algumas cidades escolhem o Máschara por ser uma das Cias. Teatrais mais profissionais do interior. O Máschara não chega e oferece qualquer coisa ao público. Há uma preocupação com o ambiente, com as cadeiras, com a luz, com o melhor que se pode colocar sobre o palco.
Um dos pontos altos, é sempre a acolhida com que o diretor explica e reflete seu trabalho, aproximando a equipe do público. O menino do Pastoreio é um grande espetáculo, precisa é claro de alguns ajustes, mais ensaios, talvez?
Nicolas Miranda abraça Nerencio, sobre quem se passa a história e precisa correr atrás de mais força cênica. Sua interpretação é ótima e capaz, mas todo dia é um dia para aprender mais. Tomar cuidado para não gaguejar. A cena inicial ficou muito linda nesse formato mais longo, mas senti uma certa lentidão nas trocas de cenas. O Estancieiro e Nerêncio podem e precisam ser mais poéticos na cena em que falam dos cavalos.
A cena da queda do cavalo, durante a parelha também me pareceu prejudicada, um tanto gritada. O espetáculo, dentro do grupo dos espetáculo fabulosos, onde figuras mitológicas solucionam as dores dos mortais. Alessandra Souza esteve perfeita, e a fala "sou a madrinha de quem não a tem" parece um ótima ponte com o fato da mesma atriz interpretar Tia Tê.
Laura Heger tem se mostrado a cada dia mais vivaz e joga com perfeição com Clara Devi, esta última no entanto precisa as vezes de mais recurso, quando cabe a ela o improviso.
Uma pena Renato Casagrande ter optado por tirar o bife tão bonito, que na segunda encenação colocou de volta. Um dos pontos altos e que nos dão a medida certa de quem é o estancieiro.
Cléber Lorenzoni como Neco me pareceu desconcentrado e o dia foi certamente do compadre Isidoro. Algo que me chamou a atenção foi o fato de na plateia haver crianças de idades muito distintas, o que complica e muito o trabalho dos atores. Cada espetáculo é feito e pensado para um público específico, quando o ator muda esse público, precisa usar de todo seu recurso para adaptar-se, para recodificar o espetáculo. Quando se colocam públicos de várias faixas etárias juntos, aí realmente o ator encontra um tour de force.
O Menino do Pastoreio reúne praticamente os melhores atores em capacidade de viajar... E Cléber Lorenzoni, embora tenha colocado um principiante como protagonista, o que funciona muito bem, já que a imaturidade de palco, ajuda Nicolas Miranda a parecer um jovem menino inseguro. Em contrapartida os atores ao seu redor, parecem poderosos homens e mulheres brancos no mundo da escravidão. Sendo assim, é importante Nicolas Miranda manter essa sensação de imaturidade no papel, mesmo que evolua como ator, afinal, vários atores, quando são ditos "velhos" para um papel, não é porque envelheceram fisicamente, mas por que perderam o frescor de suas composições.
Foram duas agradáveis apresentações.
O Melhor: A união do grupo que é tão necessária para que os projetos fluam.
O pior: A dificuldade em alguns atores em compreender o que significa ser diretor, e quais suas funções.
O Menino do Pastoreio - Boa Vista do Incra
Clara Devi (**)(***)
Laura Heger (***)(**)
Nicolas Miranda (*)(**)
Antonia Sequevittio (**)(**)
Fabio Novello (**)(**)
Ellen Faccin (**)(**)
Arte é Vida
A Rainha
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