quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Era uma vez, mais uma vez... –sexto espetáculo concorrente, festival Rosário em Cena

 

Um Conto do 100 cena

 

Um jovem, sem idade aparente, quer ser integrante do grupo 100 Cena. O porquê alguém iria querer fazer teatro, é uma incógnita. Sofrer, lutar, sacrificar-se em nome da tal “arte”, a troco de uma ideia e de uma chama inexplicável que arde dentro de nós. Pois bem, na ausência de um narrador, o jovem e seu fantoche, conseguem assumir um lugar de fala, dali comenta e interage com o restante do elenco.

Há em Era uma vez... um grande de número de equívocos que se dão pela ausência de uma dramaturgia funcional. Sabe-se de onde vem as personagens e quais suas motivações, no entanto, as intenções e os signos propostos se confundem muitas vezes, assim como também se confundem alguns signos.

Fadas, bruxas, duendes, criaturas que habitam nosso consciente infantil e que sempre nos atraem, pela ingenuidade e até mesmo, pela nostalgia que propõe. Mas o diretor optou por jogar tudo em um grande liquidificador, o que produz um efeito confuso na maioria do tempo. O elenco demonstra uma facilidade em pegar o público e este se entrega, participa, agrega, e devolve com carinho a tudo o que é proposto( destaque aí, para Iva Dallabrida. Isso contudo, pode ser perigoso em alguns espetáculos, principalmente se a os atores não tiverem capacidade de conter no decorrer da apresentação a turba que se apresenta.

A iluminação foi razoavelmente pensada, e produziu bons focos. Curiosa a escolha da banda RBD, como tema central, talvez o sucesso e a representatividade dos jovens da banda mexicana e posteriormente brasileira, tenha a ver com o lugar onde o 100 cena queira chegar. Jean Devigili possui garra, interesse e dinâmica, por isso mesmo merece alcançar sucesso o que virá com estudo e prática.

O Fugitivo – Quinto espetáculo Concorrente – Rosário em Cena

 


 

Prólogo sem epílogo...

 

A peça da manhã dessa quarta-feira deixou um gostinho de quero mais, ao menos no que diz respeito ao seu roteiro. O público, formado em sua maioria por adolescentes, curtiram e muito o casal interpretado por Fabi Fiamoncini e Jean Devigili. A companhia 100 cena, ou “sem cena”, da cidade de Timbó, chegou à Rosário do Sul com muita energia e vontade de aprender, o que de certa forma é o verdadeiro âmago de um festival. A troca, o conhecimento, os debates.

Fabi Fiamoncini e Jean Devigil conquistam a plateia sem muito esforço. Contam a história de um determinado personagem que teve um amor no passado mas fugiu desse amor, talvez pelo fato de sua amada ser uma mulher de “vida fácil”, embora nada há de fácil em trabalhar em uma casa de prostituição.

Falta ainda na Cia., um olhar mais cênico para esse espetáculo, talvez um auxiliar de direção que possa aconselhar e ajudar Jean, provocando-o e o motivando à zonas (não as de sexo) fora de conforto.

A iluminação é simples e o figurino embora interessante, precisa de um pouco mais de cuidado. O palco é muito poderoso e tudo sobre ele, fala muito. Ao final, o casal protagonista ainda não se encontra, e seu drama nãos e resolve, de forma que ficamos como que esperando um epílogo, talvez por isso mesmo, a plateia tenha pedido a dupla um beijo para o grande final. 

O Fugitivo, teve segundo o diretor/roteirista, uma motivação que nasce ainda de uma visita à casa de cultura Mario Quintana, e isso é o grande mote da arte e dos festivais. Levar, trocar, debater, aprender, inspirar. 100 cena parece ser o único grupo de teatro da cidade de Timbó SC, por isso mesmo merecem apoio, acolhida e incentivo, afinal tem em suas mãos uma missão muito importante, criar pontes, oportunizar diálogos, erguer alicerces artísticos para que se faça teatro, para que se tenha teatro no futuro em sua cidade. O teatro deve ser feito sempre, pelo maior número de pessoas e disponibilizado a outro grande número de pessoas. Vida longa ao teatro de Timbó.


Cléber Lorenzoni- Escritor, dramaturgo e crítico teatral