Todos querem ser grandes artistas, artistas completos.
O que seria um artista completo? E mais, o que seria um ator completo? Ora, a principio um ator ou atriz que domine sua arte e não o completo. Um ator que ao ouvir o comando do diretor, não trava, e sim parte para o "jogo", um ator com recurso, que compreende as situações do diretor, por mais complexas e diversas que sejam. Um ator que nãos e intimida, não importa qual seja seu público. Sobretudo que conheça linguagens e escolas artísticas.
Na apresentação do Máschara em Uruguaiana ficou claro por exemplo, que é preciso aprender a manusear o microfone. O Incidente não é um espetáculo de palco italiano quando se propõe a palco de feiras, ele passa para outro gênero, certamente algo performático. O grupo foi muito inteligente na montagem de uma peça que se adapta à palcos de feiras, pois ao contrário de qualquer outra, aqui estamos falando de um pleito. Os sete mortos foram ao coreto falar com o público de Antares sobre o que consideram errado em uma sociedade inescrupulosa. Isso portanto, lhes garante a possibilidade de conversar quebrando a quarta parede, e principalmente, fazendo uso dos microfones.
O elenco é coerente, alguns destaques do dia, Lorenzoni, Lemes e Casagrande. Ainda assim, uma pequena falta de concentração pareceu se estabelecer. Na cena do Menandro Olinda, um erro perigoso, que atrapalharia totalmente a mesa de iluminação, caso o espetáculo estivesse atrelado a ela. O que não era o caso por causa do espaço. As vezes falta senso de liderança em alguns interpretes.
O público se interessou mais pelo clima de halloween do que propriamente pelo texto, mas talvez, após um primeiro impacto, tenha se interessado e até curtido. Como sempre, uma debandada grande por alunos, e um aplauso caloroso ao final.
Incidente em Antares parece brincar com a morte, o que é mérito de Verissimo e também da equipe que se empolga na maquiagem. A interprete de Shirley Terezinha, esquece algumas frases de seu texto, ou por nervosismo ou por ansiedade e hoje, deu para perceber o velho "dedinho" do diretor, exigindo ritmo e velocidade... Um arrojo, quem consegue por si só, perceber quando sua cena está arrastada. Tarefa é claro, de diretor, que é treinado para isso.
A cena final foi bem enxugada, possivelmente para encerrar com pontualidade. Equipe de som e luz disponibilizada, complicada. Por que será que técnicos de luz e som não se dão conta que estão a serviço? Estão prestando trabalho! Sem o som e a luz, os artistas apresentariam na grama, com o público em uma grande roda, sentados no chão. Sem os artistas, o que técnicos de som e luz fariam? Passariam algum vídeo sem vida no telão?
Para encerrar, parabéns, aos interpretes que mantiveram esse espetáculo vivo por cem apresentações. Eu assisti quase todas. Cada uma com sua verdade, com sua historia própria, com sua função politica e social.
Arte é Vida!!!
Carol Guma (**)
Antonia Serquevitio (**)
Junior Lemes (**)
Kleberson Ben (**)
Roberta Teixeira (**)
Clara Devi (**)
Ana Clara Kraemer (***)
Ainda no elenco Kléber Lorenzoni, Ricardo Fenner e Renato Casagrande.