Sobre Terra A Vista da Companhia Armazém

                             Na véspera do aniversário de Cruz Alta, saí de casa para assistir o espetáculo "Terra à Vista" da Companhia armazém. Ora a Casa de Cultura, mais especificamente o auditório Prudencio Rocha estiveram fechados por quatro anos. Quando aproximou-se a data de reabertura, fiquei excitada, eufórica, ansiosa para ver como um auditório de palestras seria transformado em sala de espetáculos. Ledo engano, a surpresa foi perceber que muito pouco mudou, e as necessidades especificas para se colocar um bom espetáculo sobre o palco não foram sanadas. 
                         Claro que para os leigos, cadeiras estofadas, um tapetinho vermelho e ar condicionado faz parecer que uma grande reforma foi feita. No entanto mesmo a acústica continua defasada.  
                     O espetáculo iniciou de cortina descerrada e rapidamente os atores conseguiram dominar a platéia. Cenário grandioso e funcional. Texto interessante que não subestima as crianças. Ficava eu me perguntando: "Onde estão indo? Qual a direção dessa barca de piratas...?" 
                            Pois bem, depois de muitos circunlóquios, quando o espetáculo começava a cumprir sua função e a personagem da irmã, Manuela, começava a ter sua catarse, eis que surge um pequeno compendio sobre aterro sanitário e outras questões quanto a coleta e separação do lixo. 
                            Havia então um problema de roteiro, como se em um texto concluído, repleto de carpintaria teatral, tivesse recebido uma barriga em sua finalização. 
                               Por outro lado, o domínio cênico mesmo no trecho que parece uma barriga, era muito bem feito. A atriz, aliás, mesmo tendo uma personagem realista, conseguia ter uma presença sólida e muito expressiva. 
                                Não há uma iluminação, possivelmente por que a turnê do espetáculo deve visitar cidades onde pouca ou nenhuma estrutura são oferecidas. Uma pena, já que no primeiro "ato" do espetáculo, muito poderia ser feito com uma luz bem pensada. 
                                 A brincadeira das crianças no sótão prega uma ideia muito interessante e consegue cativar o público, no entanto a barriga do espetáculo sobre o lixo parece tirar o brilho de sua mensagem e quase saímos do teatro esquecendo que o mais importante é manter viva a criança dentro de nós.
                               Foi uma tarde agradável, dou ao espetáculo ** estrelas.


                       Arte é vida

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