Cena às 7 – O Retorno





Para conseguir sobreviver à cinco meses sem teatro em Cruz Alta, esta senhora teve que ir a Porto Alegre assistir aos mais variados trabalhos artísticos, e francamente queridos cruzaltenses, o que vou lhes dizer ouvi da amiga Kauane Linassi Leite:”Nem um trabalho é tão contundente quanto ao do Grupo Teatral Máschara”.
No último domingo (dia das mães) fui presenteada com o retorno desses jovens monstros do teatro. O espetáculo da vez era O Incidente, tributo a Erico Veríssimo, metáfora concebida na década de sessenta e que continua totalmente atual. Mortos sobre o palco proferindo verdades que os vivos não querem ouvir. Ousadia portentosa, totalmente coesa com a “fúria santa” que é o teatro.
Palco nu, preenchido apenas pela maestria de dez atores, dez arquétipos; Cléber Lorenzoni preenchendo o palco com seu domínio vigoroso de jogo cênico, Dulce Jorge transfigurada na pele de uma carola interiorana, e outros personagens marcantes com destaque para o pianista e a prostituta, cada um com a sua virtuosidade, acrescendo genialidade ao espetáculo.
A curva foi fraca, talvez pela fragilidade da cena do casal João e Rita Paz. A cena estendia-se pelo corredor do falso teatro aproximando ator e platéia. A maestria do trabalho estava centrada na corporalidade antropológica , tensão, coluna, tonuz. A obra dramática é o perfeito equilíbrio entre corpo e mente do ator e esse domínio não está ausente Na atuação do Grupo Máschara.
Os aquens da noite ficaram a cargo de umas poucas interpretações repletas de maneirismos e pequenos vícios; A parte técnica merecia maior cuidado, mas a culpa parte do espaço pouco oportuno ao teatro. Enfim cinqüenta minutos de teatro puro, não simplesmente para gostar, mas para discutir , pensar.
Na pré-cena um telão com os miscenas que perceberam que investindo na arte se está investindo em uma melhor sociedade.
Agora resta-me esperar pelo Cena às 7 de junho, o teatro está acontecendo, espero que os cruzaltenses não percam mais esse arrojo, afinal, já perdemos tantas coisas por nosso comodismo.


A Rainha

Comentários