26º Cena às 7 - Tartufo

Após ver “circo”na noite de quinta, decidi ver teatro no domingo. Noite fria, inverno longo, capaz de espantar o público. Nessa hora desejei ser buscada pelas agradáveis vãs que levam senhoras ao teatro no Rio e São Paulo. Também convidei uma amiga, lá fomos nós para uma peça do Máschara.
Logo na chegada Mozart, depois Bach, Gounod. O clima, um clássico, grandioso cheio de pompa e circunstância. Figurinos cinematográficos, épicos; Arte pura. Texto rebuscado, linguagem retórica; Uma Farsa. Sendo assim, muita ação, agilidade, corporalidade, coluna e voluptuosidade nas expressões. Engodos, tramóia e mentiras. No palco o retrato do ser humano no seu estado mais animalesco. E ao contrário do Cena às 7 anterior, uma comédia com profundidade, teatro de texto, provando que o laico da época de Molière é o requintado de agora.
A trama era rápida com muitos nomes que por vezes confundiram a platéia; falava-se muito no falso devoto mas só o vimos na segunda metade do espetáculo, o que para mim, admiradora do intérprete, foi uma pena. Tenho meus ídolos, vou ao teatro para velos.
Cléber Lorenzoni adentrou a cena dominante com sua mordida de monstro dos palcos, mas quase maculou a vilanisse do protagonista deixando-o tão sedutor a ponto de perguntar-me se Tartufo era assim tão mau... E não sei se o final “Blanche Du Boir” agradou.
Dorrine prendeu-me do imício ao fim, domíneo corporal e vocal de Tatiana Quadros, uma pequena estrela. Doce aos ouvidos o charmoso afrancesado de Mam. Elmir, com a graça e leveza da diva Dulce Jorge.
Ainda no elenco, outros atores brilharam e arrancaram risos, mas falta-lhes o fulgor, a chama, o ardor cênico.
O certo é que a comunidade cruz-altense tem em noites de domingo teatro grandioso “programação de capital”. A preço simbólico com autores selecionados e linguagens laureáveis. O público é cativo e já se conhece, falta somente alguns membros de nossa “sucupira” acreditarem que o que é feito aqui é tão bom ou melhor quanto o que vêm de fora.

A Rainha

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