domingo, 30 de agosto de 2020
Quarto episódio de Contos do Vovô Erico - Os três porquinhos pobres
sábado, 29 de agosto de 2020
Fragmento de Sófocles pelo aluno Rick Artemi
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
Fragmentos de teatro grego -pelo aluno Vagner Nardes
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
ESSA LIGAÇÃO É PARA VOCÊ - CURTA METRAGEM DE ROMEU WAIER
Existem três tipos de obras, as que perdemos tempo assistindo, as que são para se assistir mas não merecem ser debatidas pois vieram prontas demais, e finalmente as que servem para serem discutidas, pensadas entre um chop e a fumaça de um cigarro...
Como apreciadora da arte, meu olhar sempre acaba se voltando aos alunos da ESMATE e suas criações. Por que? Talvez por que para mim o novo tem grande valor dentro daquilo que chamamos de vanguarda.
A arte do jovem artista panambiense é muito clara e refere-se visivelmente ao olhar artístico de um jovem que anceia por dizer ao mundo que exala pontos de vista. O curta de Waier mostra-se extremamente atual, mesmo que sua trama pareça brincar com o atemporal. A curva bastante acentuada é que nos segura atentos até o ultimo suspiro, aliás a curva dramática é o recurso mais importante que temos e indispensável para mantermos uma plateia atenta quando ainda nos falta outros recursos, aqui ela aparece na escolha da trilha, no apelo visual, na ação das personagens, enfim, no todo...
Rick Artemi brilha no curta como "um de nós" perdido, confuso, no hoje e no ontem. Sua curva dramática aparece também de forma física e ele brinca maravilhosamente com a câmera sob a direção de Waier. Gosto de vislumbrar jovens diretores, nesse confuso começo de carreira, ouso dizer que é seu melhor momento, afinal é quando artistas podem criar sem medo de errar, sem um "nome" sem um "estilo" reconhecido que os obrigue a escolher certos caminhos.
Lembro de Waier da Paixão de Cristo do Máschara e de A Hora da Estrela, trabalhos bastante diferentes, mas nos quais ele sempre se destacou por um "q" a mais, um diferencial até mesmo entre os colegas de cena. Jorginho como o pessoal do teatro carinhosamente o chama é daqueles artistas que tem uma plena noção do que acontece ao seu redor. Talvez por que tenha nascido para ser diretor, talvez por que tenha uma vocação para o cientifico da arte... Torçamos que cresça com humildade e devoção.
Seu curta reflete sua arte, mistura o atual com o extremamente atual de Brecht. À mim quem sofre não é o paciente de Covid, ou o sujeito que espera a liberação do auxilio, quem sofre é o artista de cidade pequena que tem ideias mas falta-lhe oportunidades, o jovem empreendedor cheio de vida artística.
Seu "alternativo" é bastante perspicaz, e as cartas na manga resumem a resenha de forma chocante. O fim nesse sistema confuso, nessa pandemia estapafúrdia, só pode ser a morte. A morte de quem não encontra liberdade, de quem não encontra soluções entre as velhas formulas , entre as velhas regras.
Minha admiração ao jovem diretor e ao jovem ator.
Arte é vida.
A Rainha
domingo, 23 de agosto de 2020
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
Uma homenagem merecida no dia do teatro
terça-feira, 18 de agosto de 2020
Análise de Contos do Vovô Erico - Episódio III
O Lúdico
Nas adaptações de Cléber Lorenzoni para o palco ou agora para o vídeo, há uma regra, simples, mas significativa: o lúdico. As obras do Máschara sempre tem um "quê" de poesia, de beleza quase clichê ou simplória, mas que nos toca na medida certa. Em Tartufo os personagens pareciam crianças brincando, se divertindo. Em Macbeth de Shakespeare os próprios atores eram espectros que flutuavam pelo palco assombrando Lady Macbeth. O que falar de Esconderijos? Com seu aquário de tule, ou ainda as transformações absurdas em A Maldição do Vale Negro.
Ser ator é manter viva a criança dentro de nós, Cléber Lorenzoni passeia maravilhosamente com nossas idades. Ser ator é estar pronto, é ser profissional, é ser ousado e ao mesmo tempo partícipe da criação. Até por isso esse diretor faz de tudo para exigir um leque de possibilidades e habilidades de seus atores. Com alguns funciona, artistas ambiciosos que querem aprender mais e mais, buscar, que não se acomodam. Aliás acredito que essa seja a premissa da ESMATE (espaço Máschara de teatro).
Quando assisto à Os contos do vovô Erico, observo o quanto se mergulha sem proteção em novas possibilidades, o quanto ousa-se, o quanto arrisca-se. E ainda arrisco em dizer que sempre que a ousadia vem atrelada à sinceridade, a uma busca verdadeira pelo novo, não há como errar.
O espetáculo O castelo Encantado foi dissecado e rende a cada semana uma nova trama, "adaptada", ou seja, há Verissimo, mas há muito Lorenzoni.
Talvez soe assim: -Essa senhora só fala do diretor". É que o vídeo é a arte do diretor, enquanto obviamente o teatro é a arte do ator. No palco, o ator cria e recria, o ator tem poder sobre sua criação. Porém frente à câmera, o ator é usado, pinçado em gotas para dar vazão às formas, imbróglios que vão se formando na mente do diretor. Então esta senhora vai dar uma dica: "abra-se, entregue-se para que o diretor possa fazer arte através de ti".
Esse momento de enfermidade epidêmica vai gerar novos olhares e pensares sobre as artes, alguns se reinventarão, outros se tornarão ultrapassados e quase superados. Que é o que costuma acontecer com artistas que param no tempo, por falta de estudo, de busca, de curiosidade no "outro". Ser artista é querer compreender o outro. O eu mesmo nos acompanha todos os dias, é o outro que me confunde, me interroga, me encuca, e finalmente me desafia.
A historia do Urso com música na barriga me faz pensar no mundo das crianças, as vezes ilógico, onde vilões e mocinhos mudam de posição de forma rápida. Uma vez Lorenzoni me disse que quando montava espetáculos infantis não tentava se colocar no lugar das crianças, mas lembrar do que mais gostava no mundo ao redor quando era criança. Algumas gags são impagáveis, como quando o urso aqui interpretado pelo próprio diretor, debocha do jeito dos contadores de historia. Sacadas rápidas que fogem à regras caretas de tratamento dada aos protagonistas "bonzinhos" de algumas peças infantis.
O teatro dentro do teatro, dentro do vídeo é a parte mais divertida desse terceiro episódio, fica claro para a assistência que trata-se de um jogo de faz de conto, (teatro). E então o teatro filmado se cumpre. A menina que se diz a responsável pelo cenário nos oferece uma noção de tridimensionalidade do teatro. Há alguém que dirige, há alguém que organiza os objetos da historia e finalmente alguém que interpreta. O contador, que pode ser o escritor, que pode ser o dramaturgo, faz a criança delinear uma estrutura organizada, que é a que rege o teatro.
Stalin Ciotti interpreta o menino Rafael, o menino curioso que quer descobrir por que o urso toca musica, talvez esse conflito não tenha sido aproveitado o suficiente. No entanto a interpretação do ator é bastante interessante, há de se aprimorar algumas intonações. A dobradinha Alessandra Souza e Renato Casagrande revela um jogo muito gostoso e ágil, embora como disse antes, essa subjetividade mescla o trabalho dos atores e a edição dos diretores.
Clara Devi brinca com a câmera, conversa com ela de forma muito perspicaz, tem melhorado muito sua dicção, a atriz deve e merece ser mais aproveitada. Aliás dentro da hierarquia do Máschara pela qual sou muito interessada, acredito que Devi deve ocupar um espaço maior.
A trama se desenrola de forma rápida como nos outros episódios dos contos adaptados. de Erico e que fazem parte da franquia do Máschara. No entanto me pareceu que o final termina de forma muito rápida, embora a sequencia do ator Stalin Ciotti correndo para uma rotunda e revelando o maquinário do palco, nos dá a medida exata da ideia de Lorenzoni e por que não dizer de Casagrande, que certamente deveria parecer também coimo diretor nos créditos finais.
O melhor: O trabalho de edição na construção do trabalho.
O pior: alguns momentos em que infelizmente percebe-se uma falta de equipamento para a edição.
Arte é vida, em todas as suas formas...
A rainha
Clara Devi : ***
Stalin Ciotti :**
Alessandra Souza :**
Renato Casagrande : **
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
domingo, 16 de agosto de 2020
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
quarta-feira, 12 de agosto de 2020
Contos do vovô Erico - Episódio II - A vida do elefante Basílio
Grandes idéias, poucos recursos...
... Essa talvez seja, a principal característica do terceiro teatro, o primeiro e o segundo se promovem através dos grandes patrocínios de estatais, empresas, governo, enfim... O Máschara sempre se destacou pela capacidade criativa, as soluções rápidas para fazer o que poucos conseguem fazer com o pouco que se tem. A franquia de contos do vovô Erico, carrega consigo essa necessidade de manter viva a arte em meio a pandemia, a necessidade do contato com o público.
O trabalho de adaptação é algo muito delicado, como dissecar uma obra sem colocar em risco sua alma, e mais, como detectar a alma de um autor, dramaturgo, etc... O teatro sempre lida de alguma forma com as adaptações, afinal, o que vamos contar em uma montagem de um determinado texto não é o mesmo que outro diretor quis contar. Admiro por exemplo e muito o cuidado e trabalho que o Máschara teve com os grandes clássicos: Antígona, Tartufo e Macbeth respectivamente em 2000, 2001 e 2002. No entanto, em 2005, 2006, 2015 e 2019 a Cia. mergulhou em obras literárias, Verissimo, Quintana e Lispector. Eles ganharam vida através do olhar dos atores do Máschara, com suas impressões e reflexões. As vezes essas reflexões são tão ousadas que desagradam leitores ou fãs.
A obra infantil de Erico havia sido visitada em 2005, e o trabalho que levou o nome de O Castelo Encantado, parecia um pot porri que acaba por ter um sentido em si próprio, ou seja, não era a obra infantil de Verissimo, era uma nova historia à partir do escritor. Erico. O que conhecemos ali são diversos personagens em uma colagem, uma colagem que nos conta uma nova historia.
Nos contos do Vovô Erico, Lorenzoni decide contar separadamente cada historia, embora, una todas as obras através dos contadores. Contadores esses que aliás se comunicam muito bem com o público. Renato Casagrande, Cléber Lorenzoni, Alessandra Souza e Clara Devi se comunicam de forma muito verdadeira e persuasiva, algo que eu chamaria de presença e que não é fácil de se adquirir.
A primeira parte toma forma de contação de historia, o que aprecio muito, mas credito que ali, Alessandra e Clara poderiam ter investido mais em suas criações. Renato Casagrande surge como o malvado dono do circo e Souza está impagável como o gnomo de cavanhaque magenta. Clara Devi nos apresenta a menina criada por Lorenzoni para ser a interlocutora do drama de Basílio. Seu nome, uma homenagem a filha de Verissimo, Clarissa, pena que a dicção da atriz tenha transformado em Clarita. Ora, corpo, voz e expressão precisam ser um só!
Cléber Lorenzoni triangula muito bem como Basílio e as soluções encontrada pela edição, solucionam o espaço de filmagem que se tornou imenso na tela. Basílio quer ser uma "barbuleta" , Erico se torna extremamente contemporâneo, atual. "cada um pode ser aquilo que quiser". A solução não ficou muito bem resolvida, no palco ela funcionava, mas o lúdico ou cênico no tempo do cinema, é diferente do tempo do teatro.
Penso que há alguns problemas de edição que não vi no primeiro vídeo, como a voz desencontrada da ação labial dos artistas, o fundo vermelho estourado, mas como já disse na crítica anterior, são detalhes que surgem na busca de um novo jeito de fazer arte. Quem erra tentando fazer seu melhor merece toda nossa compreensão.
O lúdico fica a cargo do teatro na tv. Não se trata de cinema, se trata de teatro filmado. Isso é importante ser mensurado, principalmente pela grandeza do projeto. O público, acostumado com o cinema ou outros programas de tv, não tem mais contado direto com o teatro. No entanto a linguagem cênica do teatro, onde as coisas se transformam em nossa frente... Um ator sobre as costas de outro vira um elefante, uma atriz de joelhos é uma criança. Enfim, uma linguagem necessária para o mundo infantil.
Indico aos atores que cuidem a pronuncia, a dicção e a continuidade. No mais, orgulhosa com tanta entrega.
A vida do elefante Basílio
O melhor: A comunicação dos atores com a câmera
O pior: A falta de dicção em alguns momentos.
Direção : Cléber Lorenzoni
Roteiro: Cléber Lorenzoni
Edição: Renato Casagrande
Iluminação: Alessandra Souza e Renato Casagrande
Figurinos: Clara Devi
Caracterização: Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande
Direção Geral: Cléber Lorenzoni
Elenco:
Cléber Lorenzoni
Renato Casagrande
Alessandra Souza
Clara Devi - (**)
Arte é vida
A rainha
















