Contos do vovô Erico - episódio 1

Teatro em TV

                       Aguardava ansiosa por mais uma das deliciosas loucuras do Máschara, tenho aliás, assistido calada várias ações que esses famigerados têm fabulado para que o teatro mantenha-se vivo. Não sei ao certo de quem partem essas ideias transloucadas e que acabam sempre funcionando, mas creio que Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande tomem a frente nesses intentos cênicos e criativos. Há de se reinventar sempre, essa é a principal premissa do artista. Do bom artista. Ainda em duas ou três semanas atrás (essa pandemia parece nos roubar a noção do tempo), assistíamos à fragmentos de Shakespeare, interpretações riquíssimas ainda que engatinhando nesse novo jeito de fazer teatro. Abrir mão do palco, do público, da contação de historias, deve ser muito doloroso para quem nasceu para isso, por isso mesmo vi olhinhos brilhando, e me senti, acreditem, em pleno teatro. Não vou aqui me aprofundar nas lives, mas preciso parabenizar os artistas que mergulharam em grandes papeis de Shakespeare. Alguns são alunos e precisam visivelmente de mais estudo, mais aprofundamento, mas sua garra, ah! não há como não se emocionar. 
                            Fiquei sabendo há alguns dias que o trabalho no palacinho corre de vento em popa, me preocupei com os atores e torço que tudo o que estiver sendo feito, esteja cercado de cuidado. Hoje acordei e enquanto degustava meu desjejum, fui surpreendida com a presença de Renato Casagrande pelo canal 16 de Cruz Alta, tv Câmara. Não aviei ninguém, confesso que sou ciumenta com meus achados, somente quando mais tarde percebi que tratava-se de reprise e que se repetiria no decorrer do dia, chamei os netos. A maior não se interessou muito, compreendo, a narrativa é bastante infantil, e deve ser, afinal trata-se de uma obra direcionada para um público bastante especifico, o menor em contra partida passou o dia inteiro imitando o trenzinho das "bonequinhas robôs". 
                               Ora, há em Contos do vovô erico, uma licença poética, uma adaptação, já que trata-se da filmagem de um espetáculo teatral, e não do livro O Castelo Encantado. O maior paradoxo aqui, é a presença do próprio Erico, interpretado por Renato Casagrande. Um trabalho delicado, o ator passeia de forma tranquila pelo universo dos personagens anciãos. Alessandra Souza volta a viver a pequena Rosa Maria, e o faz de forma muito eloquente. O cenário simples brinca com tamanhos, proporções. As vezes falta o teor técnico da continuidade cinematográfica. Porém reconheço que há um esforço no apuro do trabalho. 
                                   Todo o desfile de personagens que Erico elenca em seu livro, é reduzido, até pela necessidade de o vídeo cumprir um determinado tempo pré estabelecido. Acredito que cumpre, senão como entretenimento, como forma de conhecer um pouco a obra infantil Verissimiana. 
                             O figurino assinado por renato Casagrande e pela assistente Clara Devi, são a cereja do bolo. e ao lado da maquiagem, encanta enquanto obra exclusiva. Cléber Lorenzoni novamente se destaca como o grande e inventivo diretor que é, talvez enquanto ator pudesse ter sido mais contundente no Sr. Mágico, papel tão importante da obra do autor em questão. Porém deve ser difícil assinar tudo, figurino, cenário, direção, roteiro, adaptação e ainda ser o produtor do projeto, (produtor: aquele que tem a ideia, encontra os meios e faz). 
                                 No elenco de apoio: Vagner Nardes, que sempre se destaca, seu codinome pode muito bem ser: criação. Stalin Ciotti, Lú Maicá, Clara Devi, Martha Medeiro e Kauane Silva. As ultimas três como as lindas bonequinhas que deixaram um gostinho de quero mais. Os duendes cantores poderiam ter sido mais explorados, falta do diretor e de trabalho de atuação. A pegada das notas musicais por exemplo, é uma ideia genial, mas não é bem aproveitada. 
                                 A cena final encanta pela candura, do avô que aconselha a menina a usar a máscara, um depoimento desse tempo terrível o qual estamos passando e que ficará para sempre imortalizado através na obra. 
                                Orgulhosa aguardo os novos episódios de Contos do vovô Erico. Trabalho, homenagem e presente do Máschara a nossa cidade. 
                     
                        O melhor: O trabalho em equipe dos diretores Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande.
                       


                               Arte agora é ainda mais vida!


                              A rainha


                           Clara Devi (***)
                           Stalin Ciotti (**)
                           Vagner Nardes (***)
                           Kauane Silva (**)
                           Lú Maicá (**)
                           Martha Medeiro (**)
                    
                        

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