segunda-feira, 31 de outubro de 2016
751/752/753 = A Maldição do Vale Negro - tomo 27 / O Castelo Encantado - Tomo 106 / As Balzaquianas - tomo 9
Quando a prefeitura, ou a secretaria de
Nova Ramada, entraram em contato com o diretor da Script Produções, queria em
sua cidade, três espetáculos teatrais. Queriam de alguma forma repetir a
satisfação que obtiveram em 2015, quando a caravana Máschara lá aportou, com Ed
Mort, Os Saltimbancos e O Santo e a Porca. Novamente três espetáculos foram oferecidos.
A maldição do Vale Negro, O Castelo Encantado e As Balzaquianas. O teatro é uma
profissão, seu produto ( espetáculos) tem um valor, e uma importância. É sem
dúvida, um negócio lucrativo. E ainda que o artista na maioria das vezes,
porte-se como um ser superior, que parece escolher quando quer pisar em um
palco, ou uma motivação para fazê-lo, quem contrata, assim como qualquer
empregador, quer um bom trabalho, sem ressalvas.
O ator, na maioria das vezes, não
valoriza a própria profissão. Muitas vezes por que está desestabilizado com a
forma com que todos desonram sua profissão, desdizendo-as, ou desacreditando-a
enquanto profissão. Outros, fazem teatro como um passa tempo. Algo para se
relaxar as vezes. Tais posturas, no interior, podem ser aceitas, mas em algum
momento prejudicam o todo. Para se negociar um bom produto, é preciso que o
artesão da arte, compreenda que deve dedicar-se profundamente.
Em um mesmo, dia três espetáculos. Todos
de grande porte, com textos longos, musica, troca de roupas, curvas acentuadas.
E tudo exigindo muito de seus interpretes. Por trás da mise en scene, uma
técnica também complexa, com cenários significamente grandiosos, sobretudo nos
espetáculos adultos.
Em A Maldição do Vale Negro, três bons atores davam o tom. Cléber
Lorenzoni dando a curva para uma narrativa longa e embora cômica, muito
dependente do texto. O melodrama de Caio Fernando Abreu manteve atenta uma
plateia de adolescentes, cumprindo sua função de envolver a plateia em plena
era das redes sociais.
O Castelo Encantado subiu ao
palco a tarde com Alessandra Souza a frente das cortinas, dividindo com uma
plateia infantil as complexas e criativas personagens de Erico Verissimo.
Cléber Lorenzoni parecia ainda estar no espetáculo da manhã, pois deu-nos mais
cinco personagens.
Para encerrar, Dulce Jorge e
Cléber Lorenzoni recebem a plateia sob sombra chinesa, apresentando a uma
plateia desconfiada e surpresa, o universo feminino de duas criaturas muito
sui-generis.
Foi sim um dia de sucesso, muito riso pela manhã, encantamento a tarde e reflexão a noite. As vezes nós do teatro, temos a ideia de que o público precisa estar fazendo reações sonoras, para estar gostando de algo. Porém, a maior reflexão vem do silêncio. Talvez a população de Nova Ramada não estivesse a espera de algo tão contundente como As Balzaquianas, no entanto, a platéia não tem que estar preparada, ela precisa ser chocada, ser testada, ser surpreendida, ou o teatro perderá sua principal função.
E qual a receita do sucesso? Diria que a maturidade de uma equipe que vem trabalhando junto há vinte e cinco anos, a formalidade dos espetáculos, e o nível de exigência da direção. Claro que acrescenta-se aí o talento dos interpretes, embora sempre se questione muito a existência do tal "talento".
Pela manhã a curva foi muito bem dada, os três atores estiveram vivos, intensos. Ricardo Fenner tem se mostrado um ator admirável. Nos últimos meses seu nível de jogo e compreensão cênica elevaram-se a um nível muito alto. Fenner e Casagrande contiveram-se na primeira cena e aos poucos foram dando ao espetáculo um ritmo poderoso. Mesmo com quase noventa minutos de espetáculo, a plateia continuava interessadíssima. Cléber Lorenzoni improvisa muito e mesmo a queda da peruca não lhe tira o poder sobre a platéia. A trilha de Roberta Queiroz e operada por Evaldo Goulart poderia ser mais sensível, mas o Máschara sempre teve defasagem em sua equipe técnica.
Em O Castelo Encantado(2005), Alessandra Souza dá vida a quarta Rosa Maria do Máschara, e acredito alcance um lugar único. Méritos de sua maturidade cênica e sua competência. Mas ela não está só, conta com um elenco de apoio muito esforçado. O que falta em Souza é o jogo disposto com os colegas. A atriz tenta marcar os gols sozinha e uma disposição maior para a triangulação com os colegas lhe acrescentaria maior sucesso na cena. Renato Casagrande e Cléber Lorenzoni jogam bem, mas olharam-se pouco em cena. Teatro é olho no olho. Evaldo Goulart diverte-se e Raquel Arigony estréia com potencia, embora possa e deva melhorar a capacidade vocal. Sua dona do circo traz um novo colorido a peça.
O Castelo Encantado emociona e comove, a trilha é simplória e pouco acrescenta, apenas sublinha, algo desnecessário. Não é o caso da musica de fechamento e abertura, que para mim seriam as únicas necessárias.
Um cenário delicado e detalhista espera a plateia para o horário nobre da arte. A plateia é pequena, e está repleta de crianças. Ainda assim Dulce Jorge e Cléber Lorenzoni prendem, mantém o ritmo e surpreendem com um final bastante sensível. Cléber Lorenzoni parecia preocupado em cena. Era compreensivelmente seu lado diretor, tentando reparar arestas durante o espetáculo. Dulce Jorge esteve muito bem, embora seja uma atriz substituta, consegue dominar a personagem, remodelaria apenas seu falsete quando interpreta o marido insensível de Leninha. A contra-regragem consegue fazer milagres com a disposição da iluminação, mas continua defasada em sua operacionalização.
Foi um dia célebre para o Grupo Máschara. Quem ganhou foi uma cidade do interior que certamente passa esquecida pelas grandes companhias teatrais. O Máschara preocupa-se até com o lugar onde a platéia irá se sentar, seus atores não parecem ter medo do trabalho e montam praticamente a estrutura de um circo. Méritos também de Fabio Novello que se dedica muito em prol do melhor quando está presente.
Alessandra Souza (**)(***)(**)
Renato Casagrande (**)(***)(**)
Cléber Lorenzoni (***)(**)(**)
Evaldo Goulart (*)(**)(**)
Dulce Jorge(***)
Ricardo Fenner (***)
Fabio Novello (**)(**)(**)
Raquel Arigony (**)
Arte é Vida
A Rainha
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
terça-feira, 18 de outubro de 2016
Encenação I - Esmate - Armações e trapalhadas na Vila Pantaleônica
Sempre que vou
assistir a um espetáculo teatral, encontro mil motivos para me emocionar, raras
são as vezes que saio irritada de uma encenação, mas acontece, principalmente
quando encontro peças mercenárias, extremamente comerciais e sem respeito pela
plateia. Como não emocionar-se com o ato criativo, com o desprendimento humano,
com os sacrifícios pela arte, com a reflexão do homem para com o homem?
Na encenação que tive
o prazer de assistir no domingo a tarde na ESMATE, os motivos para a emoção
eram vários, um deles, era ver o desabrochar de alguns alunos enquanto eles
eram observados por seus familiares, também emocionados. O teatro pode e deve ser estudado, mas o
verdadeiro momento em que ele se dá, mais que em qualquer outra arte, é ali, em
frente a plateia. No ensaio descobre-se a criatividade, o jogo, as
potencialidades, e etc... Todavia, é com a plateia te observando, naqueles
momentos sagrados que não há como parar, que todo o seu corpo solta uma descarga
de adrenalina e em meio a isso você surge ou como ator, ou como possível e bem
aventurado ser humano “normal”.
As musas pareciam
muito satisfeitas nesse domingo, pois muitos milagres aconteceram. O jogo foi
divertido, e tirando algumas ressalvas, todos estavam vivos e inteiros.
Essa é a quarta turma
da ESMATE, e é a primeira que consegue finalmente apresentar um trabalho de
formação para uma plateia, ainda que formada por familiares. Embora, pela lógica, os familiares de um, sejam o público
desconhecido de outros. Para alguns pode ser apenas um acontecimento
comunitário, tudo bem, a comunidade familiar é a primeira que deve compreender
nosso amor pelo teatro, pois se houver esse primeiro apoio, tudo será mais
fácil.
A escolha do mestre foi a Commedia Dell’ Arte, estilo teatral que
teve dupla origem: por um lado na arte da mímica, brotando dos farsistas
populares da época romana, por outro lado herdada das comédias de Plauto e Terêncio.
Um escolha ótima, afinal a Canevas, repletas de personagens, com narrativas
simples porém imbróglios complexos, dão um ritmo ágil e divertido, acrescendo
um colorido totalmente de acordo com a turma tão diversa em cores, gênios, e
maturidades.
No palco, típicos
característicos: Os velhos (vecchi), satirizados como tolos, os empregados
astutos (zanni) e os jovens enamorados (innamorati). Além é claro das
alcoviteiras e dos cobradores. Por ser uma esquete de formação, muita coisa não
pode ser trabalhada, já que as aulas são restritas há um encontro por semana,
com direito a ausências. Sendo assim, a direção optou por abrir mão do uso de máscharas, mas encontrou uma solução
divertidíssima que nos fazia lembrar o tempo inteiro, de diante de qual setor
do teatro nos encontrávamos.
Um prólogo muito de
acordo com a proposta nos dava de forma lúdica as regras do jogo: “nada de
celular, e nada de banheiro”; as batidas de Molière através das intervenções de
Briguella, o nervosismo, os figurinos abertos, a questão dos ingressos, o
estrelismo e finalmente o corajoso grito de “MERDA”.
A frente do elenco,
Pantaleão e Briguella (Maldaner e Giacomini), ambos com muita presença e
compreensão de sua função na trama. O primeiro, um pouco afoito, atropelando
algumas falas dos colegas; o segundo muito concentrado, coerente e inteiro, mas
podendo investir mais nos signos corporais. As damas, Princesa Larissa, Madame
Eulália e Senhora Tartáglia (Arigony, Souza e Lazzari), roubaram a cena, cada
uma com suas partituras. A esposa de Pantaleão possivelmente fugira com outro,
já que os velhos ricos, quase sempre eram retratados como cornudos. Ao voltar,
traz a lição do amor, que vale mais que o dinheiro. Raquel Arigony, esteve
lesionada, e ainda se recupera, mesmo assim era de um vigor cênico de encher os
olhos. Que sirva de exemplo aos colegas, de que nada, nada, NADA, serve de
empecilho para honrar o teatro, quando esse for o objetivo. Alessandra Souza, é
atriz, e ficaria muito bem, incrivelmente bem fazendo papel de criada em alguma
comédia ou farsa, da para perceber isso em sua máschara que se desfigura deliciosamente. Sandra Lazzari preencheu
totalmente suas cenas, criou gags divertidíssimas
e conquistou a plateia. A viúva ambiciosa com sua máschara de corujinha, jogou para valer, e quem não compreendeu seu
jogo ficou comendo moscas.
As criadas, Geraldina,
Esmeraldina, e Cerolina se saíram muito bem, principalmente por suas idades tão
tenras. Não suporto ver pré-adolescentes fazendo papéis de bichinhos ou de
crianças infantilóides, se queremos nos tornar atores, devemos compreender
muito cedo a postura teatral. A caminhada é árdua para enrolações. Gabrielly criou muita coisa, e ainda tem
muito a dizer, por isso deve ganhar mais papéis logo, pena o interprete de
Pantaleão ter lhe encoberto uma fala imprescindível para o colorido de sua
personagem. Bruna soltou-se no ultimo ensaio, e ainda pode descobrir muito com
sua personagem. Vê-se nela uma veia para personagens cômicos e desajeitados. O
que é maravilhoso, no teatro há gente demais querendo ser bonitinho, o teatro é
o lugar para a gangrena! Izadora, assim como Briguella, deve investir mais no
trabalho corporal. No entanto sua organicidade em cena foi muito prazerosa.
Izadora andou para lá e para cá e contracenou muito bem com vários colegas de
cena. Na hora da encenação sua voz apareceu e seu olhar ficou ainda mais
poderoso emoldurado pela máschara.
O casal Rosaura e
Florindo podiam ter mais intimidade cênica. Mesmo assim, o filho da senhora
Tartáglia engrandeceu muito suas cenas, valorizou-as com o corpo e conseguiu
desenvolver um “polichinelo mocinho”. Suas aparições a qualquer instante
pedindo comida, acresceram agilidade e vivacidade a esquete. Rosaura casou
perfeitamente com a interprete Clara Devi, seu jeito doce e meigo trouxe todo o
contraponto necessário. No entanto o final de ambos foi prejudicado mais uma
vez pela interpretação do senhor Pantaleão. Felizmente Evaldo Goulart encerrou
a cena abraçando Clara e colocando-a sentada em sua perna, ou correriam o risco
de ficar ali, em pé perdidos no vácuo causado por uma cena difícil que merecia
mais ensaios.
Renato Casagrande como
assistente de direção, vestiu quase toda a esquete, auxiliou muito nos ensaios,
deu ideias, e concebeu uma verdadeira alegoria, que a nível cênico ajudou a
esquete a alcançar um nível visual muito interessante. O poder fidalgo do
senhor Trufaldim, fechou com chave de ouro a encenação da ESMATE.
Assisti em minha já
longínqua existência, seis montagens dentro da linguagem da Commedia Dell’
Arte, é certamente não é tarefa fácil reprisar algo criado em outra época, em
um mundo que tanto mudou. Mas ousaria dizer que as sociedades não mudam tanto,
o orgulho, a ambição, a astucia para sobreviver as auguras, continuam todas
iguais. Em “Aventuras e Trapalhadas na villa Pantaleônica”, alguns
alunos/atores alcançaram grandes proezas. Mas principalmente Evaldo Goulart e
Renato Casagrande me recordaram profundamente a comédia Soggetto. Faltando
apenas mais saltos, sobrevoos, principalmente os criados e o velho Pantaleão.
Vocês são jovens pessoal, saltem, não tenham preguiça!
A Villa Pantaleônica,
talvez muitos não saibam, mas antigamente muitas casas tinham uma plaquinha com
o nome: Villa fulana... Villa Beltrana... Pois era de costume, grandes
propriedades serem chamadas de Villas, pois assim como os antigos feudos,
somavam-se a elas, as casas dos empregados, os celeiros, uma capela,
etc... e ali, viviam dezenas de pessoas.
Por isso mesmo adorei o titulo da Canevas
e parecia enxergar essas casinhas todas de onde surgiam personagens tão
encantadores. Talvez a senhora Tartáglia pudesse ser dona de uma hospedaria,
onde a Princesa Larizza pudesse estar instalada ao chegar do estrangeiro com
sua criada. Talvz pudéssemos ter uma cena de Rosaura choramingando para sua
babá Esmeraldina, o que daria a ideia a criada de roubar a Kinesfera. Talvez
Cerolina pudesse ver Briguella em uma cena e ficar completamente apaixonada por
ele. Talvez pudéssemos ter uma cena das criadas na feira, falando de seus
patrões. Enfim, teatro bom é aquele que vamos para casa pensando e debatendo...
Acho que as Kinesferas poderiam ter tido
um trabalho visual, ficaram muito aquém do cuidado visual com figurinos e
maquiagens.
Espero que os alunos
todos, os que já são atores e os que pretendem ser, tenham gostado, espero que
seus convidados tenham se inspirado, espero que cada um, mesmo que não siga
como aluno, tenha aprendido a valorizar o teatro, e compreendido o quanto é valoroso
e difícil fazer teatro. Enfim, obrigado aos alunos da ESMATE, me diverti muito
e dei boas risadas com uma criação tão singela e cheia de verdades... não
secretas!
Alessandra Souza (***)
Renato
Casagrande (***) plus
Douglas
Maldaner (**)
Evaldo
Goualrt (***) plus
Sandra
Lazzari (***)
Raquel
Arigony (***)
Gabrielly de Freitas (**)
Gabriel
Giacomini (**)
Isadora
Agert (***)
Bruna
Cesar (**)
Clara
Devi (**)
Arte é Vida!
A
Rainha...
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Commedia Dell Art, inspirada em uma canevas do século XVII
Cerolina, Madame Eulália, Florindo, Senhora Tartáglia, Pantaleão, Princesa larizza, Geraldina, Roaura, Esmeraldina, Sr.Trufaldin, e no centro abaixo, Briguella
Alunos prontos para apresentar Encenação I
Sandra Lazzari, Renato Casagrande, Douglas Maldaner, Gabriel Giacomini, Cléber Lorenzoni, Clara Devi, Evaldo Goulart, Raquel Arigony, Gabrielly, Isadora Agert, Alessandra Souza, Bruna César,
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Zah Zuuu -tomo 6 (749) O Castelo Encantado tomo 105 (750)
Espetáculos Infantis em Cruz Alta
Antes de tudo aconselho a leitura de outro texto meu: em critica de Zah Zuuu.
Os trabalhos do Máschara são sempre
sensíveis e delicados, concebidos pensando em tocar a plateia. Os espetáculos
são concebidos para palco italiano, adaptam-se à várias situações e ambientes
mas sua base é a caixa preta. Há na
estética do espetáculo, a preocupação com a trilha sonora, com as cores das
personagens, com a trilha sonora e com os adereços, pois todos esses itens
juntos é que irão causar as sensações que a equipe que concebeu o espetáculo
tinha em mente. Ora, se tirarmos o telhado de uma casa e chamarmos uma pessoa
para conhece-la, essa pessoa não apreciará a casa sem o telhado, e assim também
será com um corpo que perde a cabeça, ou os membros, será um corpo incompleto,
que terá que se adaptar. Foi o que aconteceu com Zah Zuuu e O Castelo
Encantado.
Zah Zuuu foi apresentado em uma
escolinha infantil e O Castelo Encantado em uma festa familiar para mais de
trezentas pessoas. Na primeira, as crianças tiveram um ótimo aproveitamento,
mas o espaço abafado, sem coxias, onde os atores mal conseguiam buscar os
adereços. Quando os atores saiam de
cena, não ficavam escondidos, eram percebidos atrás de espaços mal encobertos.
Em O Castelo Encantado, o público que
conversava, brincava e comia pipocas e cachorro quente não conseguia aproveitar
a ação proposta. O espaço repleto de eco não permitia acústica alguma. Mesmo há
um metro do público, os atores pareciam afônicos. Um grupo que já apresentou-se
na rua e que era ouvido pelo público ao redor.
No entanto o erro é da equipe, da
produção e da direção que aceitou apresentar-se nesses espaços. A plateia
queria teatro, o público, os fomentadores, promovedores dessas ações, não tem
noção das necessidades básicas para um espetáculo teatral. Cabe a gente do
teatro se impor, exigir dignidade para um trabalho tão frágil.
O teatro feito de qualquer jeito em
espaços adaptados pode causar o distanciamento frustrado da plateia. Quem tem
uma experiência infeliz ao assistir um espetáculo, provavelmente pensará duas
vezes antes de ir ao teatro novamente.
No espetáculo Zah Zuuu, pouco
ensaio, uma equipe técnica despreparada, e em determinado momento o despreparo
de um dos atores para lidar com a intervenção da plateia. Um espetáculo de
clowns precisa de muito ensaio, necessita de precisão. A preparação dos atores
na frente das crianças, tirou parte da fantasia do espetáculo, ajudando a
transforma-lo em outra coisa. O Castelo Encantado foi vilipendiado, todo
encanto da obra perdeu-se, a ponto de o público mal compreender o que
acontecia...Alessandra Souza falava extremamente baixo e Douglas Maldaner
apesar de criar muito em sua cena, esqueceu de jogar para o público e atuou
apenas para dentro da caixa. Foi triste assistir e a única sensação que me
causou foi a pena em ver um grupo tão cheio de potencial, prostituir assim seu
trabalho.
Foram enfim duas apresentações onde
o teatro não venceu. Eu vejo o teatro de forma muito aberta, acredito que há
espaço para o entretenimento, espaço para o pensar, espaço para o virtuosismo e
para o erudito. No entanto, o palhacinho engraçado que diverte a criança como
uma babá que inventa brincadeiras para passar o tempo não é teatro.
Arte é Vida
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