Espetáculos Infantis em Cruz Alta
Antes de tudo aconselho a leitura de outro texto meu: em critica de Zah Zuuu.
Os trabalhos do Máschara são sempre
sensíveis e delicados, concebidos pensando em tocar a plateia. Os espetáculos
são concebidos para palco italiano, adaptam-se à várias situações e ambientes
mas sua base é a caixa preta. Há na
estética do espetáculo, a preocupação com a trilha sonora, com as cores das
personagens, com a trilha sonora e com os adereços, pois todos esses itens
juntos é que irão causar as sensações que a equipe que concebeu o espetáculo
tinha em mente. Ora, se tirarmos o telhado de uma casa e chamarmos uma pessoa
para conhece-la, essa pessoa não apreciará a casa sem o telhado, e assim também
será com um corpo que perde a cabeça, ou os membros, será um corpo incompleto,
que terá que se adaptar. Foi o que aconteceu com Zah Zuuu e O Castelo
Encantado.
Zah Zuuu foi apresentado em uma
escolinha infantil e O Castelo Encantado em uma festa familiar para mais de
trezentas pessoas. Na primeira, as crianças tiveram um ótimo aproveitamento,
mas o espaço abafado, sem coxias, onde os atores mal conseguiam buscar os
adereços. Quando os atores saiam de
cena, não ficavam escondidos, eram percebidos atrás de espaços mal encobertos.
Em O Castelo Encantado, o público que
conversava, brincava e comia pipocas e cachorro quente não conseguia aproveitar
a ação proposta. O espaço repleto de eco não permitia acústica alguma. Mesmo há
um metro do público, os atores pareciam afônicos. Um grupo que já apresentou-se
na rua e que era ouvido pelo público ao redor.
No entanto o erro é da equipe, da
produção e da direção que aceitou apresentar-se nesses espaços. A plateia
queria teatro, o público, os fomentadores, promovedores dessas ações, não tem
noção das necessidades básicas para um espetáculo teatral. Cabe a gente do
teatro se impor, exigir dignidade para um trabalho tão frágil.
O teatro feito de qualquer jeito em
espaços adaptados pode causar o distanciamento frustrado da plateia. Quem tem
uma experiência infeliz ao assistir um espetáculo, provavelmente pensará duas
vezes antes de ir ao teatro novamente.
No espetáculo Zah Zuuu, pouco
ensaio, uma equipe técnica despreparada, e em determinado momento o despreparo
de um dos atores para lidar com a intervenção da plateia. Um espetáculo de
clowns precisa de muito ensaio, necessita de precisão. A preparação dos atores
na frente das crianças, tirou parte da fantasia do espetáculo, ajudando a
transforma-lo em outra coisa. O Castelo Encantado foi vilipendiado, todo
encanto da obra perdeu-se, a ponto de o público mal compreender o que
acontecia...Alessandra Souza falava extremamente baixo e Douglas Maldaner
apesar de criar muito em sua cena, esqueceu de jogar para o público e atuou
apenas para dentro da caixa. Foi triste assistir e a única sensação que me
causou foi a pena em ver um grupo tão cheio de potencial, prostituir assim seu
trabalho.
Foram enfim duas apresentações onde
o teatro não venceu. Eu vejo o teatro de forma muito aberta, acredito que há
espaço para o entretenimento, espaço para o pensar, espaço para o virtuosismo e
para o erudito. No entanto, o palhacinho engraçado que diverte a criança como
uma babá que inventa brincadeiras para passar o tempo não é teatro.
Arte é Vida
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