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III La Sacra Alegria
Cena 1
(Entrada dos retirantes ao som de música fúnebre)
Cena 2
(Música Ave Maria Sertaneja - Elba Ramalho)
Diabo- AAAAI MEU DEUS, por que me
fazei passar por essa provação?... Não, não, o que sera de mim com uma criança
nos braços com fome com sede a correr por esse mundo a sofrer sem saber da onde
eu venho sem saber para onde eu vou
Diabo- Fé? É fé que me pedes para ter? Quando não tenho como matar minha fome, quando não tenho como matar a minha sede?
Homem 1 - Eu entendo a sua dor mas tenha calma
João Coió - Todos nós passamos
por provações, mas faz parte da vida irmão
Mulher- Não fique assim nós de sua mão ande conosco juntos seremos mais fortes
Diabo- Afastai-vos, afastai-vos, eu renego toda a compaixão, o olhar compreensivo a pena, eu sou maior eu me destaco eu quero eu desejo eu sou, eu fui feito por ele eu nasci como todos vós, eu tenho sangue nas veias, sou feito de carne tenho ambição eu sou Lúcifer!
João Coió- Aí misericórdia
Mulher- Eu desconjuro
Zé Mané- Pelo amor de Deus!
João Coió- Nos salve Senhor
Mulher- Nos proteja painho
Boracéia- Tu és um de nós Tenha calma, a vivenda é difícil, mas crê, crê no amparo e a ajuda virá.
Demônio- Crer? Ajuda? Eu estou farto, onde está Deus o que ele fez para cada um de nós? Ahm?
Zé mané- Ouça nós estamos em peregrinação pois temos esperança, tu estás assim por que a jornada parece difícil, maior que teus ombros parecem suportar, e é assim…
Diabo- E o que foi que ele fez? Por que é que tendes fé afinal? Peregrinam em busca de que?
João- Ele nos fez frágeis, mas ao mesmo tempo nos fez corajosos ele esperava que todos fôssemos justos, bons, mas cada um age do seu jeito perante as adversidades nós erramos sim mas erramos com medo irmão e ele nunca deixou de olhar por nós, por isso vamos junte-se a nós em peregrinação!
Diabo- sempre a mesma historinha, uma esmolinha aqui, um dinheirinho ali, estão por toda parte
João- Mentira
Diabo- Uma ajudinha no natal, uma ajudinha na páscoa
Todos- Não, não é verdade
Diabo- Um pãozinho aqui, um copinho d'água, um troquinho pra comprar uma canha, vamos pedir na frente da igreja que aí terão pena de nós, eu conheço bem a sua estirpe, não é isso que quereis? Que nós que somos privilegiados, felizardos temos que cuidar dos vossos problemas? Das suas dores e feridas? Estão nesse estado porque merecem, eu conheço cada um, essa catinga, esse cheiro de ladainha de gentalha mentirosa, aproveitadores sempre tentando tomar proveito, vendidos não são?
Todos - Não
Diabo- Não são? então olha aqui como eu vos provo! (burburios) Hahaha, guloso, come esse pão, guloso cobertos de pecados todos vós, inveja, ira, preguiça… e é claro a soberba, a luxúria e a covardia… onde pensam que vão afinal?
João e Zé- Nós?
João- A lugar nenhum, não senhor
Zé- Ele eu não sei, mas eu ia fazer a volta por aqui para ir até ai para reverenciá-lo por todo seu poder e soberania e sua grandeza
Diabo- Debochado, arruaceiro, o típico serzinho pequeno que gosta de dar jeitinho para tirar proveito na vida!
João- Ih olha quem falando, o maior aproveitador …
Diabo- Como é que é?
Zé- Argumentador, ele disse argumentador
João- Argumentador
Zé- O maior argumentador que… que
Diabo- Miseráveis, cheios de lábia, pagarão muito caro, ei de arrastá-los comigo para o quinto dos infernos
João- Não por favor, lá é muito quente!
Zé- E eu tenho alergia ao calor
Diabo- A morada das trevas, que é onde vive cada pecador sonso, fingido ambicioso, aproveitador, traíra, falsário e ladrão
João- Ah não, mas eu não roubei nada em minha vida, eu juro pelo ar que eu respiro
Zé- Pois trate de parar de respirar, roubou ontem mesmo um ovo do galinheiro da vizinha a dona Culó
João- Oxenti homi, não sabe que cada palavra pode ser usada contra nós no tribunal da inquisição. Você nunca viu filme de policia não?
Zé- Mas eu nunca roubei, o máximo que fiz foi pegar emprestado
João- Aé né, pegou emprestado para não devolver que eu te conheço muito bem.
Diabo- Chega, basta, basta de pingueria, levarei um pelas orelhas ou por esse narigão grande de tão mentiroso, e outro por esse rabo, rabo preso grande que é de tanta mentira.
João- Valha me meu papai do céu, de jerusalém, belém ou nazaré, no céu, na terra ou embaixo dela, o senhor que tudo sabe e tudo vê me livre dessa esterréla.
Zé- Não morre assim homi de deus, que é capaz do coisa ruim, fica com ainda mais raiva, vendo vosmecê, tão de volta ao seu maior inimigo
João- Oxente e onde já se viu, Deus é inimigo de alguém por acaso seu mané
Zé - E não é?
João - é claro que não, continue orando, Mas eu lhe peço meu Deus nosso senhor que nos socorra nessa hora e nos envie um milagre ou um santo
João e Zé- Ou um fiel soldado de
seu andor!
(Entrada do anjo com a música “Jesu, Joy of Man`s desiring, Bwv 147”)
Cena 4
Anjo- Deus Todo Poderoso nos enviou para que vos defendamos do maligno. E é por isso que, na hora da aflição, roguem sempre pelo anjo guardião, que dos caminhos do mal afasta e com as asas de querubim ampara.
Lúcifer- Toda esta conversa! Gabriel! O preferido do Papai do Céu! O anunciador! Por que é que você tem sempre que se meter onde não foi chamado?
Zé- Alto lá! João Coió chamou!
João- É verdade! Chamei sim! E eu
chamei porque nós não estamos sós!
Gabriel- Alto lá, satanás! Sabéis
que não pode judiar dos filhos de Deus?
Muito menos depositar sobre eles a sua mão maligna, sobretudo quando um deles invocar a proteção
de nosso Senhor.
Satanás- Ah! Não me venha com
essas ladainhas bíblicas!
Joao- Viu só, seu anjo? O
Coisa-Ruim ali não gostou de sua presença, não!
Zé-E, pelo visto, ele tem é medo do Senhor!
Gabriel- Não é medo não, meu irmão! É que ele reconhece que o bem é mais forte! Além do mais, quem são vocês? Apresentem-se!
João- É pra já! Eu me chamo João, filho de Pedro, neto de Elias. Tenho em meus antepassados Abraão, Jacó e Zacarias. Pelas andanças da vida, me apelidaram de Coió, pobre trabalhador como qualquer outro, que acorda cedo com o canto do Carijó!
Zé- E eu sou Zé, que vem de José, que é carpinteiro, que desde pequeno dentro do templo, com a palavra empunho, se fez obreiro. Nunca fui de puxa saquismo e nem de rapapé. Deve ser por isso que nessas andanças, me apelidaram de Zemané.
João Oh, seu Zemané!
Lucifer- Dois poetas de quinta categoria, com esse textinho mal escrito por algum dramaturgo de meia tigela! Chega de conversa, rá!
João- O que aconteceu?
Lucifer- Vós misseis vão ficar aí
grudadinhos no chão, pra não incomodar.
E eu, Gabriel, exijo levar esses
dois tranqueira pro quinto dos infernos! E junto com eles, levo de brinde esse
bando de retirante, que assim eu faço a
minha parte como cidadão e limpo a rua desses porqueira todos!
Gabriel- Para conduzir qualquer um deles...
João-Para aí, para aí, seu anjo!
Primeiro nos tire dessa goma, por favor!
Gabriel- Está bem! Para conduzir qualquer um deles pra onde quer
que seja, primeiro terá que me enfrentar.
Lúcifer- Pois é pra já!
João - Não! Não precisa derramar sangue por nossa causa!
Zé- É verdade! Somos todos adultos, porque que não dialogamos?
Lucifer- Oxi! E o que é que eu ainda tenho pra conversar e ouvir pra entupir os meus ouvidos de asneira? Miséria!
João- Lá em minha terra, a gente tem Prefere trocar a ofensa, a violência, por um jogo de valentia! Ganha sempre o mais inteligente, o mais corajoso...
Lúcifer- O mais esperto!
Zé- Se é assim que o senhor quer chamar, eu aceito o elogio!
Lucifer-Vá brincando! Vá brincando que ainda hoje o vosso rabo arderá no braseiro!
Gabriel- João, e qual é a sua ideia?
João- Oxente! É simples! Eu vou contar uma história que eu aprendi no catecismo!
Zé- E que coisa ruim aí nem deve
conhecer! Não tem cara de que fez a
primeira comunhão!
João- É uma história muito, mas muito bonita! Que fala de amor, confiança e compaixão!
Zé- Que também tem violência,
inveja e ambição!
Lucifer- E deve de ter monotonia, tédio e canseira!
João- Que coisa é um demônio mesmo, hein? E todo esse povo que tá aqui na rua, há de ficar tão tocado pela emoção... Que antes do final desse dia, o bem vencerá! E o coisa ruim há de voltar bem quietinho pro seu rincão!
Lucifer- Pois prossigam! Vamos
ver até onde essa história há de nos levar!
João- A narrativa que faço não é
de minha invenção! Pra contar já me benzi, então fiz uma oração! Eu peço a Deus
discernimento pra falar do nascimento, de quem trouxe a salvação!
Zé- Nas linhas de cada verso,
cumprirei o meu papel! Seguindo sempre a risca, o tema desse cordel! A vinda do
Deus menino, sua saga, seu destino, prometendo ser fiel!
João- E foi, e foi, e foi o anjo
Gabriel em uma missão de fé! Sendo por Deus enviado, a virgem de Nazaré, que
muito feliz era a noiva, do carpinteiro José!
Zé- Era jovem virtuosa, e se chamava Maria! À noite quando orava, o que sempre ela fazia, um anjo a surpreendeu, enchendo-a de alegria!
Anjo- Salve! Cheia de graça!
João-O anjo assim lhe falou!
Anjo- O Senhor está contigo, e muito te agraciou!
João- Ouvindo a saudação, Maria se perturbou!
Anjo - Não temas
João- o anjo disse
Anjo- pois eis que
conceberás! E daqui a nove meses, um
filho à luz darás! A quem, por ordem de Deus, de Jesus, o chamarás! É o Filho do Altíssimo, que irá nascer de ti!
Será grande entre os seus, e os chamará para si! Deus Pai lhe dará o trono, que pertenceu a
Davi!
João- Ouvindo a revelação, do anjo que lhe saudou, Maria ficou inquieta, e muito se perturbou! Por isso, com humildade, para o anjo assim falou!
Maria 1- Eu não entendo como vai
ser essa concepção, porque com homem algum eu mantenho relação!
Zé- Mas o anjo, calmamente, deu-lhe toda a explicação!
Anjo - Será por obra dos céus que tu irás conceber! O Espírito Santo vai cobrir-te com seu poder, pois é santo o menino que de ti irá nascer! Tua prima Isabel, mesmo estéreo teve a vez, idosa, ela ficou grávida, e já está no sexto mês! A Deus nada é impossível, e do nada, tudo Ele fez!
João-E Maria disse ao anjo!
Anjo - Do Senhor sou a escrava, ser mãe do Filho de Deus, por essa não esperava, mas que tudo se realize, conforme a tua palavra!
Zé -Transmitida a mensagem, o anjo se afastou, Maria, logo em seguida, depressa se levantou! Foi a casa de Isabel, a ela cumprimentou!
João-O menino que Isabel, ali no
vento e trazia, ouvindo a saudação pronunciada por Maria, comoveu-se em seu
seio, e pulou de alegria!
Zé- Cheia do Espírito Santo, Isabel se levantou!
Isabel - É uma honra para mim,
mal posso acreditar, que a mãe de meu Senhor, venha a mim me visitar! O meu
Filho, dentro de mim, moveu-se de euforia, a ouvir a saudação de minha prima
Maria! Deus lembrou-se da aliança, e a cumprirá neste dia! Bendita és tu, que
creste na palavra do Senhor, pois que em ti se cumprirá sua promessa de amor,
de ao mundo enviar o Messias Salvador!
João-:E Maria pôs-se a cantar seu canto com harmonia, pois que o Espírito Santo seu coração comovia, a mãe do Senhor, servindo, cantarolava e dizia...
(Música “Magnificat” em português)
Cena 6
Lucifer-:É uma história muito bonita, cheia de dancinha e de musiquinha, mas vocês não estão esquecendo da pobreza e do sofrimento ao qual este casal tão conhecido, José e Maria, foram expostos, se eu bem me lembro?
João- Oxi! Pois é exatamente tudo
isso que acrescenta mais bondade a essa história.
Zé- O casal grávido José e Maria abandonou sua família, como qualquer homem ou mulher de hoje em dia que abandona sua casa e vagueia em busca de oportunidade e comida, pedindo ajuda de casa em casa, um cantinho aconchegado, pois as primeiras dores Maria sentia e teria ainda naquela noite, entre capim e manjedoura, a sua bendita cria!
Lucifer- Eu exijo opinar! Essa história está sendo contada somente pelo ângulo desses dois frouxos. Um pouco de malícia eu hei de acrescentar.
Zé- Malícia?
Lucifer- Suberano da Judeia, Herodes, o rei, soube aturdido que uma estrela cintilante haveria conduzido um trio peregrino na direção do rei menino, este santo recém-nascido.
Zé- Eu não sabia que o coisa ruim era contador de história.
João- Poxa, é claro que sim, como é que você acha que ele engana as pessoas?
Lúcifer- Herodes quis confirmar
se tinha veracidade a notícia que lhe deram, pois era uma novidade. Sacerdotes,
profecias, consultou naqueles dias esta importante autoridade. Aliás, o rei
Herodes tinha uma esposa muito ambiciosa, de nome Boracéia.
Zé- Arre, que nome bem feio! A
bichinha deve ser mais feia que uma diaba!
Lucifer- Disse ela ao rei marido,
ao saber do nascimento ocorrido.
Boracéia- Nasceu em algum lugar o
rei dos judeus. Ora, se vós mecê, o rei de toda a Judeia, em algum lugar nasceu
um menino que será rei, então ele deve ser seu filho!
Herodes- Só de Graminhão de Inverno!
Lucifer- A deliciosa intriga!
Boracéia E você quem é? Faz parte
dessa corte?
Lúcifer- Da corte do mal! Eu sou
soberano vitalício! Comando roubo,
assassinato e parricídio!
Boracéia- Um homem tão forte,
poderoso, e eu aqui corna desse gorducho guloso!
Herodes- Ah, esposa, o que tu tem
de bela tem de ignorante, não percebe que o menino nascido trata-se de um golpe
estabelecido pra nossa coroa usurpar!
Boracéia- Mas do que se trata isso? Eu há anos
esperando a vir o vez pra ficar livre e reinar de uma vez! Onde tá esse menino,
vivo ou morto? Quero lhe abraçar!
Lúcifer- Agora sim, esta história
trafega justa!
Zé-Estamos perdidos! Com essa Boracéia não contávamos! Mulher, quando se aperreia, ergue a casa e a todos maneia!
João- Ô Seu Zemané, se esquece então dos Reis Magos do Oriente que viram na luz uma estrela, grandiosa e poderosa, a iluminar nós tão pequeninos aqui embaixo!
Zé- Chamando os homens, Boracéia fez um pedido madreiro!
Boracéia- Encontra esse menino, prossegue seu roteiro! Depois, faça-me o favor do enviado do Senhor, informe o paradeiro!
João- Seguiram seu caminho, aqueles três viajantes! Segurando ansiedade pelos mágicos instantes que teriam em Belém quando vissem o neném, ficariam exultantes!
Zé- A estrela que para os três era um bonito final Riscou o céu e parou bem em cima do local Onde Maria e José receberam pela fé o presente divinal
João-Os andarilhos ficaram tomados pela emoção Quando puderam cumprir aquela grande missão Um fruto da persistência e também da reverência. Que move um bom coração!
Zé- Nas escrituras seus nomes nós podemos encontrar Melquior ou Belquior, o Baltazar e o Gaspar Levaram carinho imenso, junto a ouro, mirra e incenso Que puderam ofertar
João- Um anjo surgiu em um sonho,
para lhes fazer o alerta
Gabriel- Voltem por outro
caminho, pois esta é a escolha certa. Não deem conhecimento a Herodes mau
elemento Desta linda descoberta
Zé- Vencemos, vencemos, nasceu o pequeno príncipe da terra
João- E pelos quatro cantos
alegraram-se e iluminam-se as casas com a estrela do céu!
Lucifer- Seus traidores! Vão me pagar caro! Vão me pagar caro! Não!
Zé- O bem venceu! Uhuul
Gabriel- Não, Zé!
O bem não venceu! O bem só vence quando aprendemos lições (7:45) E nos
tornamos melhores Ele conquistou o que plantou Pois quem semeia o mal, colhe o
mal
Lucifer- O que será de mim?
Sozinho, machucado Abandonado e repleto
de ambição, Com ódio no coração Meu Deus
Tenhas pena de mim, meu Deus Porque eu errei
Meu pai Não me abandone Não me abandone Eu errei Eu perdi
Zé- Nós ganhamos! Nós ganhamos!
João- Cala a boca!
Zé- Vencemos a aposta!
João- Cala a boca, homi! Você não
se apieda do sofrimento alheio, não A diferença entre o bem e o mal é que no bem sempre há esperança e se houver
um pouquinho de arrependimento dentro de um coração ele se torna a luz, é por isso que eu chamo
aqui A Mãe do perdão
Zé- Valha-me, Nossa Senhora Mãe
de Deus de Nazaré A vaca mansa dá leite
a braba dá quando quer, a mansa dá sossegada, a braba levanta o pé
João- Eu já fui barco, fui navio
mas hoje sou escalé, já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.
João e Zé- Valha-me, Nossa
Senhora mãe de Deus de Nazaré
Cena 7
Lucifer- Invoa o rasante pelos
tetos humanos, Pássaro-mãe, com pegadas no ar, Canto sempre a ninar nas noites
mancas, nos dias em bruma és um colo de plumas, asas como berço, colar que é
terço, Nos seios do luar, o grito mais bárbaro, a dor mais crua
Todos- a dor mais crua
Lucifer- Não passam longe da tua
cura, do seu cuidar
Todos- Do seu cuidar
Lucifer-passarinha, ave materna,
Bênção eterna
Todos Bênção eterna
Lucifer- desce do céu, por sobre
a minha alma,
Todos - Por sobre minha alma
Lúcifer- a minha falta, a minha
impaciência, Estou dentro da casca, como filhote nu, Coração aflito, boca
sedenta, pelo no teu leite, que é mel sagrado, que é seiva benta, rompe essa
porta, eu quero olhar nos teus olhos, mãe, eu quero agarrar tuas asas, pra
planar pela estrada que me devolve a viagem, que me devolve a casa, minha
morada.
Cena 8
(Entrada da Santa ao som de “Ave
Maria- Dimash Qudaibergen”)
Cena 9
Santa- Que palavras bonitas, meu filho. Obrigada, Gabriel, meu amigo, anunciador da
grande alegria, o nascimento do meu filho, Jesus. Obrigada por proteger esses
romeiros da maldade e da violência que cegou este pobre homem.
Lucifer- Minha mãe, será que eu
mereço perdão?
Santa- Ele está te ouvindo, meu filho. Eu já andei por este mundo, uma jovem pobre
em uma cidade pequena. Sofri na pele o preconceito e a fome, mas Deus fez em
mim maravilhas, colocou em meu seio o Salvador. A cada dia, nós podemos
aprender mais sobre o perdão e o que é certo. Ainda que sejamos fracos e, às
vezes, caíamos, não te culpes tanto. Tu tens que encontrar o perdão dentro de
ti.
Lucifer- Minha mãe! Minha mãe!
Maria 1- Todos, todos são dignos
do perdão.
Santa- Ainda que sejamos fracos e, às vezes, caímos,
não te culpes tanto.
Cena 10
Lucifer- Obrigado! Obrigado, minha mãe! Obrigado, meu pai! Obrigado!
(Música uma releitura de “A
Montanha - Roberto Carlos”)
Cena 11
Zé- E quanto a nós, João?
João- Oxe, não servimos nem pra
anjo e nem pra santo. Acho que pra nós só resta ser... o burro e o boi de
Belém.
João- Ió, Ió
Zé- Muuuuu, Muuuuuu
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