1065- O Grande Circo Mágico (tomo 12)

                     Quando o artista chega em uma cidade pequena, ou mesmo grande, em que o espaço para o espetáculo, para seu trabalho ser executado, ele pode, dependendo o seu tipo de comprometimento, sentir-se frustrado. E essa frustração é digna, e deve ser respeitada. Sobretudo por diretores e produtores.

                  Que tal o camarim não ter espelhos? Os banheiros estarem desprovidos de papel toalha, ou papel higiênico? Ou ainda, que tal não ter água em lugar algum? Opa, não há camarim! Ou cadeiras, ou mesas para maquiagens... O palco tem tres por quatro, as atrizes, os números terão que ser adaptados para o chão. O aparato de iluminação foi montado atrás do palco... Ou seja, deverá iluminar as costas dos artistas... Eu sei, parece uma piada... 

                           O artista entregue, aquele que tem um mínimo de respeito por seu público, que quer e precisa fazer o seu melhor, ajoelha-se no palco sagrado e chora... Não por si apenas, mas por toda a familia teatral, por todo o desprezo com seu trabalho. Sente aquilo que possivelmente os médicos do sem fronteiras devem sentir quando chegam em algum país subdesenvolvido e la para exercerem seu trabalho, não encontram os minimos ensumos, necessários para salvar a vida humana.

                              No entanto, precisamos pensar no seguinte: nós sempre imaginamos que os outros tem a obrigação de conhecer nossa profissão, de concordar com nossos pontos de vistas, a obrigação de respeitar nossos agir e pensar. Ora, o teatro é assunto razoavelmente novo no estado, praticamente desconhecido às cidades pequenas. A maioria dos 497 municipios do estado, nunca receberam uma verdadeira companhia de teatro. Então como compreender suas necessidades? Se muitas vezes, nem ao menos, os proprios artistas compreendem as necessidades da arte da interpretação. O fato é que realmente como diz Jean Paul Sartre: O inferno são os outros.

                                Outra situação a ser pensada, é a postura de alguns artistas. Jerzy Grotowski, costumava falar em suas entrevistas, que durante muitos anos, tentou ser uma cópia de seu mentor Stanislavski, pelo fato de reconhecer nesse, peça fundamentel para o teatro. O  "mestre"sabia tudo sobre o palco, e assim também queria o jovem Jerzy, conhecer tudo sobre a arte do teatro. Com o tempo percebeu que essa busca era ingloria, que estava fadado ao fracasso se trilhasse os caminhos de outro e não os seus próprios.    

                                        A ausencia de alguns colegas, que certamente não puderam, por algum bom  motivo,  estar presentes, obrigou outros colegas a se esforçar um pouco mais para que o mise en scene ocorresse.   Mas já que eu conheço o espetáculo como ele foi concebido, e o público de Boa Vista das Missões teve acesso a outra versão, vamos observá-lo de outra forma. 

                                             A cena ápice dos palhaços por exemplo, ficou sendo a cena    da barbearia, mas senti falta de haver uma entrada de apresentação, ao clown interpretado por Fabio Novello. Clara Devi, segue muito bem, mas parece desconcentrada. O Número das "passarinhas"parece mal feito, talvez com pouco ensaio. Atores que já brilharam no Corpo em Ação, poderiam se dedicar mais, alongar mais. Um número de vedetes, da elegancia para o circo.     

                                               A acrobacia de Antonia Serquevitio, precisa de mais ensaios, parecia atrapalhada, sem "elegancia". A gata apertada em um canto do palco, em uma luz que lhe cortava o corpo ao meio, diminuia o brilho da cena, enbora claro, o lindo vestido dourado, tenha ficado uma formosura na gatinha. 

          Romeu Waier, pela primeira vez, transpareceu certa preocupação e em algumas vezes acelerou demais as coisas, cortando aquilo que poderia render mais. 

                   Eliani Aléssio, se continuar na barbada/barbuda, precisa enriquecer, apurar melhor seu número.  Elen Faccin é ótima na trilha sonora dos espetáculos, talvez possa tentar sentir mais o clima de alguns momentos, menos práticidade e mais sensações...

                      De alguma forma, o Grande Circo Mágico, precisa de ensaios e comprometimento, um belo trabalho que deve ser respeitado, ensaiado e dignificado. 



                                          O melhor: A capacidade do Máschara em reerguer-se, reinventar-se e solucionar-se após as quedas.

                                            O pior: A falta de compreensão e respeito para com a arte, por parte de tantas pessoas...


Renato Casagrande: (**)

Alessandra Souza  (**)

Fabio Novello (**)

Eliani Aléssio (*)

Cléber Lorenzoni (**)

Nicolas Miranda (**)

Antonia Serquevittio (*)

Clara Devi (*)

Ellen Faccin (*)

Raquel Arigony (**)

Romeu Waier (*)


 A Rainha



                                  

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