Hamelete - O Cordel / segundo espetáculo do festival de Rolante , edição Online

Assisti fazendo careta...

                     Que lindo uma equipe grande sobre o palco, que lindo falar do cordel, esse tesouro do nosso folclore e da nossa cultura brasileira. Que arrojo falar em Shakespeare nos dias atuais, através do jovens. Consegui mergulhar na proposta de Lívia Simardi com o grupo Careta, embora tenha meus aquéns pessoais. 
                       A tragédia psicológica da vingança, a mais montada certamente, das obras do bardo, foi revisitada de forma inusitada pelo cancioneiro brasileiro. Vi sobre o palco muita coisa gostosa que me aproximou de muitos mundos, mas infelizmente não consegui ver shakespeare. Claro que a proposta da equipe é apenas utilizar-se do nome imortal para dar o ponta pé em algo muito mais pessoal, ou seja, de uma linguagem muito própria de sua realidade. 
                       O cordel exige um ritmo de leitura muito intenso, que jogue com a leveza e o ataque da pronuncia, produzindo ritmo e melodia. Para isso, dicção e tônus são de extrema importância. Ambos faltaram. As personagens poderiam estar mais redondas dado ao fato de que o espetáculo seja de mais de cinco anos atrás. 
                      O texto de Octávio da Matta é bem construído e mantém os cinco atos, o que torna o espetáculo longo em demasia.  A adaptação nos da frases lindíssimas como:
                        Aqui reino é fazenda
                        E castelo é casarão
                        Príncipe é filho do dono
                        E rainha não tem trono,
                        Rei não tem coração;
                        Interessante que esse trecho me fez questionar o por que não contara historia transformando-a em algo ainda mais regionalista como se por exemplo o Rei Hamlet fosse um coronel no sertão brasileiro...  Certamente as redondilhas do cordel cairiam melhores. 
                         Gosto de espetáculos com grande numero de atores, gosto das cores vibrantes que Homelete propõe, gosto do clima de teatro de rua, gosto das adaptações de Shakespeare, gosto de ousadia. 
                         Decidi esquecer o bardo e observar o espetáculo como algo novo, não consegui, confesso-me fracassada, talvez seja retrograda e o teatro como diz Lima Duarte: Seja dos jovens. O fato é que ao final de Hamelete não senti a transformação que o teatro precisa propor a essa velha senhora. Não houve catarse, houve apenas um sorriso amarelo e a sensação de um grande esforço por muito pouco. Aqui um exemplo de quando os atores ganham muuuuito mais que o público, se aproveitaram para ler a obra de Shakespeare, claro. 
                        
                             Arte é Vida

                                              A Rainha
                        

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