Análise crítica espetáculo Simbad, o Navegante

        Estou em casa, protegida, torcendo para que essa onda de infelizes situações negativas passem, sou grupo de risco e também não pretendo colocar ninguém em risco´mas ficar em casa não é tarefa fácil; é preciso força de vontade e paciência. Que ótima noticia então, quando descobri que um dos meus passatempos preferidos, assistir um festival de teatro, estaria sendo possibilitado pela Secretaria de Cultura de Rolante/RS. 
          Todas as noites durante uma semana, um espetáculo teatral, para debater, inspirar, incomodar... 
               Logo na primeira noite, da Cia. Circo Mínimo: Simbad, O Navegante
           O palco é um picadeiro e a diretora Carla Candiotto parece levar isso muito a serio. Dois atores fizeram bonito, contaram uma historia conhecida dos meus tempos de infância, de uma forma ágil, divertida e lúdica. O ator Rodrigo Matheus domina o palco de forma perspicaz e contundente, dando espaço de forma generosa ao histrião Ronaldo Aguiar. Ser bom ator é certamente além de saber jogar, saber olhar, dar espaço e aplaudir a força humana que contracena ao seu lado. Ronaldo arrancou gargalhadas dos meus netos, e me fez sim esquecer o mundo la fora. No entanto, apesar dos dois grandes sobre o palco, o efeito visual foi responsável em muito pelo sucesso da encenação. As marcas de passagem eram muitas vezes monótonas, muitas vezes para apoiar o ritmo. Quando os atores desciam à boca de cena, postavam-se em uma parede que em dado momento ficou repetitiva.                         A luz de Wagner Freire casa-se profundamente com os praticáveis de bambu, que podem se transformar em tudo a qualquer momento. Pareceu-me desnecessário o excesso de recursos visuais no fundo do palco quando dois atores tão competentes e a grande nau no centro do palco já resolvia a cena. 
                   Emocionante o momento dos elefantes e impagável o selvagem de Ronaldo, que me fez recordar carinhosamente do espetáculo A roupa nova do Rei.
                  O jogo de repetições, típico da boa comédia, é usado incansavelmente e produz ótimos efeitos. 
                  A  tradução de Mamede Mustafa Jarouche foi premiadíssima e nos empresta um Simbad corajoso, aventureiro, apaixonado pelo desconhecido. Um personagem que nos encoraja a sermos autoconfiantes e destemidos, talvez mais ainda mecha com a autoconfiança e ajude nossas crianças a enfrentarem esse momento obscuro da humanidade. O que pode muito bem ser feito com bom humor e ousadia. 
                       Teatro cai bem sempre, e Rolante está de parabéns por não interromper esse importante fluxo de arte que há anos nos oferece grandes espetáculos.


                            Arte é Vida

                                           A Rainha

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