O espetáculo apresentado no dia 1° de Setembro, na casa de Cultura
Justino Martins, era uma adaptação do livro da escritora brasileira Clarice
Lispector, “A Hora da Estrela”, escrito e lançado em 1977. Conta à história da
Jovem Macabêa, Alagoana de 19 anos, e suas desventuras.
O grupo teatral Maschara carrega com ele uma história muito rica, é um
grupo compromissado com o seu público, suas peças sempre nos cativam,
sempre nos interessam com suas trilhas sonoras, seus figurinos, seus atores e
seu diretor, este último domina sua arte! Cleber Lorenzoni foi diretor, ator,
iluminador, ele domina o espetáculo. Arrisco-me a dizer que vejo em “A Hora
da Estrela” um de seus melhores trabalhos como diretor. Junto a ele temos o
seu braço direito: Renato Casagrande e seu domínio de cena. Casagrande nos
conduz pela história, o seu radialista nos atrai e prende-nos do início ao fim.
Ainda Sobre os atores da Cia, temos Alessandra Souza e Ricardo
Fenner, atores do alto escalão do Maschara, mas que deixaram a desejar na
noite. Ela estava ali como uma boa atriz, seu volume era bom, sua presença
era boa, Mas não havia personagem construído. Ele com um personagem
inseguro, sua presença é de um grande ator, mas apenas isso não basta.
Gabriel mesmo com pouco tempo de palco consegue nos passar um
personagem muito bom! Agrada-me muito o ver passar à cena por varias vezes
antes de começar, assim como Douglas Maldanner e seu trabalho digno de
aplausos! Um dos melhores personagens da noite, seu carisma chamou a
atenção, Olimpico esteve ali antes de o espetáculo começar, uma excelente
construção de personagem, Maldanner está de parabéns pelo seu trabalho.
No Papel da protagonista: Kauane Silva. Um dos trabalhos mais bonitos
da atriz, ela nos entrega uma Macabêa doce, ingênua, vulnerável, Macabêa
está exposta a todo mal que o ser humano pode causar. Sua ingenuidade fez
com que a plateia se tornasse cumplice das maldades que sofrera, a rejeição
do namorado, o preconceito pelas colegas de quarto, a perda da unica pessoa
que se importava com ela, etc. Kauane esta viva em cena, ela é grande dentro
de uma personagem tão pequena.
A Noite era dos alunos da 10° turma em formação, tantos talentos no
palco! Vagner Nardes é um ator que nos enche os olhos, sua figura de Marilyn
é linda, encantadora. Eliane nos entrega uma das melhores construções, Gloria
nos conquista com seu carisma. A energia e entrega da atriz nos enche de
orgulho, Eliane assim como Olimpico, teve o público em suas mãos e é uma
atriz com um grande talento.
Martha Medeiro e sua fanática Maria da Penha:
Medeiro carrega em suas personagens uma sutil delicadesa, ela representa na
peça um dos pilares da nossa sociedade. A hipocrisia torna a personagem
mesquinha, e a jovem atriz constrói isso muito bem dentro de espetáculo.
As alunas Eveline, Leonir e Schu fecham o elenco feminino, as três nos
entregam bons resultados. É admirável ver a dedicação de Leonir, ver o quanto
estar no palco lhe fez bem, nos passa uma boa sensação, gostaria de vê-la de
novo em mais espetáculos. Aliás, o palco é sagrado, nele deve estar quem
realmente gosta de estar ali! Eveline compõe Maria da graça, esteve segura. O
arco de sua personagem não foi alcançado, mas Eveline nos mostra uma
grande evolução em seu trabalho. E por último temos a dona da pensão, Schu
com um ótimo volume, mas um pouco insegura em sua construção, ainda
assim, teve uma boa presença e fez um bom trabalho.
O trabalho de Romeu como seu Raimundo é bem construído, reflexo de
sua dedicação ao teatro, seu jeito de andar e falar, apesar de ser caricato,
encaixou muito bem na peça! Mas o mesmo deve cuidar sua voz, deve aquecer
mais a garganta antes de entrar em cena.
A delicadeza do Pipoqueiro
construído por Henrique também nos agrada, por mais que seu volume tenha
sido baixo. Seu personagem presencia uma das cenas mais triste da peça, e
perante aquilo, nos passa um pouco de esperança. Antônio esteve muito bem
em seu enfermeiro, embora deva levar mais a sério o seu trabalho, faltar
ensaios em dias importantes não prejudicam só a si mesmo, mas sim um todo.
Na parte técnica, devo confessar que fiquei muito feliz com Evaldo
Goulart e sua dedicação, é muito bom ver atores colocando a mão na massa,
esse é o sentido de uma equipe, todos trabalhando por um bem maior. A trilha
sonora foi muito bem escolhida, méritos ao diretor. Tenho certeza que “Tunel
do Amor” ficou na cabeça de muitos na plateia. A operação de Clara Devi foi
nervosa, quase colocando em risco o espetáculo, sonoplastia deve ser operada
com frieza. Os Figurinos estavam lindos, a composição de figurinos do grupo
sempre nos encanta. “A Hora da Estrela” vai deixar saudades, foi uma noite
linda de teatro. Os atores e alunos envolvidos estão de parabéns! Que mais
trabalhos assim sejam apresentados, o publico merece.
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