Análise da obra A hora da Estrela por alunos da ESMATE

Somos comunicadores, temos a missão de plantar uma semente de conhecimento na mente do espectador, fazendo germinar questionamentos e posicionamentos, que darão frutos positivos para o futuro da arte.

A turma nove da Esmate está cheia de novos talentos, é muito bom ver o desejo de fazer teatro que emana deles. Entretanto, não podemos nos dar o luxo de esquecer a técnica, ela é o que te torna brilhante em cena.
Chegando no espectáculo, fiquei com um misto de sensações por ver a casa cheia. Sentei bem na frente, pois não queria perder nada, minhas expectativas estavam nas alturas. Logo no começo, me incomodou o fato de Renato sempre dizer as primeiras palavras de suas falas no escuro, pois demorava para ascender a luz do holofote. Casagrande estava divino, volume vocal, domínio corporal, tudo que um ator com o seu tempo de teatro deveria ter.
Porém, senti falta da entrelinha do personagem, achei um tanto raso, ainda mais nos padrões de criações dele. 
Já que queremos ser comunicadores, temos que aprender a trabalhar o volume e a clareza com que a frase é dita. Romeu Waier o tom escolhido te prejudicou, fez o público ter que se esforçar para compreender o que estava sendo dito. Quando o ator compõe um trabalho tão exato como Waier fez, se torna uma pena não conseguir entendê-lo. Martha Medeiro, tão jovem, dedicada, compôs uma personagem fora dos seus vícios corpórais e que arrancou risos da platéia.
Leonir Batista, Rick Lanes, Antonio Longue e Ana Claudia conquistaram o público de jeitos diferentes. Aproveitem mais o palco, digo isso no sentido de se jogar, "curtir como se a vida fosse acabar". Longue e Ana, faltas atrapalham os colegas.
Alessandra tem me preocupado de uns tempos pra cá. A atriz parece que sempre fica sem cartas na manga quando seus achares não dão  certo. Contudo, tento não me preocupar, pois no fim das contas Alessandra sobe no palco poderosa.

Ricardo Fener, como membro do grupo Máschara e um dos anciãos, soube ser genero em cena e carregar uma grande crítica social como sua verdade. Douglas Maldaner me surpreendeu, o ator não demonstrou dificuldades com as falas, mas sim segurança e uma grande capacidade em cena. Quero ver mais desse lado de Maldaner. 
Eveline Drescher, primeiramente, adorei seu sobrenome (sempre quis ter um nome difícil). Em segundo, eu sou amante das garotas malvadas, queria muito que sua maldade tivesse me feito levantar da platéia e ter começado a amar te odiar. Acredito que seu tempo trabalhando com jornalismo te deixou segura do que estava fazendo, você é uma ótima comunicadora e espero que continue no teatro. Eliane Aléssio é outra estrela desse espetáculo que me surpreendeu. Quando vi você em cena não consegui lembrar que foste tu que interpretou a Claudia, mas também você evoluiu tanto, nem quis me lembrar para não atrapalhar a contemplação. Aléssio descobriu uma veia cômica que deu mais vida para a personagem.
Vagner Nardes o novo garoto prodígio, sempre que vejo Nardes em cena fico me questionando - "Será talento, técnica ou uma soma dos fatores". Não entendo seus motivos para se afastar do grupo. No entanto, digo que você seria um grande achado para o Máschara. Cléber é impressionante ver o quanto o público fica nas suas mãos sempre que está em cena. Finalmente, Kauane Silva, Macabéa! Kauane eu tenho uma admiração por você, sempre me transmiti a ideia de que está ali de corpo e alma, seja para fazer o som, a atuação, ou até mesmo ambos no mesmo espetáculo (assim como nas Lendas). Você viveu o que Macabéa passou, sentiu as dores no corpo e morreu com a alma do personagem. Meus parabéns pelo protagonismo, seu diretor fez uma boa escolha.
Com o passar dos anos da Esmate, me atrevo a dizer que este é o seu momento de ouro. Que cada vez mais pessoas queiram fazer arte, precisamos de arte, o mundo está tão caótico que nesses momentos o que a Esmate e o Máschara fazem são nossas boias de salvação.


Com amor, a Arqueduquesa

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