O Castelo Encantado 99 - Feria de Livros de Carlos Barbosa

O Teatro é Matemático


Não existe certo ou errado na arte, existe o bom senso, e isso "todo mundo já sabe", mas isso não quer dizer que seja uma terra sem lei, longe disso. O Palco é como um templo, a cerimônia é um rito, e como todo ritual, possui seus dogmas, regras! 
Vou aqui mencionar alguns pontos que deveriam sempre ser levados em conta para auxiliar um pouco determinadas situações.
1º Sempre vestir-se antes de se maquiar (quando em palcos adaptados e feiras de livros) assim se o tempo acabar, o ator já estará vestido, podendo abrir mão de algum traço, mas de figurino não se pode abrir mão!
2º Tente nunca apresentar-se em feiras de livros sem microfone. Sou extremamente contra o microfone no palco, mas nesse tipo de evento é a voz que precisa impor-se e comandar a encenação. 
3º Tente compreender o público. Quando o ator está fora do teatro, no ambiente mas conhecido pelo público, deve ir pisando em ovos, até compreender o time daquele determinado grupo de pessoas.

O teatro é algo incrível, vai se transformando de acordo com as plateias. Quando você pensa que aprendeu, dominou um personagem, dominou o contato com o público, vêm uma nova inspiração, vêm um público diferente e você não se sai bem. O teatro é mutável, por isso mesmo tão grandioso. Muitos são bons comunicadores, ,as poucos são grandes atores. Uma dica para os mais antigos no palco. Quando sentir que está perdendo-se em algum papel, tire tudo! Limpe a interpretação em determinado personagem e recomece do zero, pelas noções mais pequenas daquela personagem. De um close na postura dele! 
Em cena, cinco contadores de historia, e muita tensão, que para mim vazava, escorria pelo palco. Alessandra Souza e Renato Casagrande praticamente foram engolidos pela platéia. Cléber Lorenzoni manteve seu ritmo, tentou contar suas historias com a mesma elegância e perseverança de sempre. Mas a cena dos três porquinhos foi parar na mão do público de forma problemática. 
Eu estava sentada ao lado de uma professora. Conversamos um pouco e ela me disse estar ansiosa, pois tentara fazer um "teatrinho" sobre Erico e não conseguíra. No entanto, passou o espetáculo todo dando furtivas olhadelas para seu aparelho de celular. Desconcentrou-me e irritou-me. 
Os atores atrás daquela cortina de retalhos, precisam jogar juntos, precisam estar conectados para que todo o troca troca de figurinos não recaia sobre um dou dois. Alessandra Souza tem como mérito o fato de ir dominando a pequena Rosa Maria, e eu saio do teatro com a sensação de que devo sim ser curiosa, não ter medo de nada. Uma aventureira! 
A preparação vocal de Evaldo Goulart, Bruna Malheiros e Douglas Maldaner precisa ser incentivada, trabalhada. 
Fabio Novelo assumiu a operação do som praticamente na hora do espetáculo começar e se saiu razoavelmente bem, mas uma dica, musica no teatro? Antes sussurrada do que berrada. 
Poderia ter me irritado com o atraso, Sou escorpiana, aprecio a pontualidade. Mas aprendi há muito tempo que em feira de livros, quem delimita os horários, são as aglomerações...
O Castelo Encantado encantou quem se concentrou, quem estava muito a fim, Encantou as crianças que estavam dentro do espetáculo, palpiteiras, vívidas. Mas deixou nos pretensiosos atores da Matinê do Máschara a sensação de que ainda há muito a aprender, muitos caminhos, para se seguir...


Alessandra Souza I
Bruna malheiros +
Evaldo Goulart +
Renato Casagrande I
Douglas Maldaner +
Fabio Novello +

  ps: Sempre lembrar, os "atores"  com tempo mais antigo, carreira, sempre serão os mais cobrados.


                                   Arte é vida e é coisa seria

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