As Balzaquianas - Talento não passa, motivações passam!

              Um espetáculo jovem, intenso, mítico, poético.  As Balzaquianas subiu ao palco pela primeira vez em maio de 2011. Pelo tempo da para declarar que não é um espetáculo novo. Por outro lado foram apenas sete apresentações antes do 56º " Cena às 7". As mulheres de Balzac em verdade não são representadas no palco, há não ser que venhamos a dar ao escritor o titulo de total conhecedor do universo feminino. Balzaquianas envolve na verdade o estereótipo do que tendiosamente sera uma "mulher velha". Adelaide Fontana e Helena estão conectadas por um rádio, pelas perdas, pelas amarguras, pelos sonhos. Eu assistindo vejo muito dos atores já conhecidos, e pouco do tal universo feminino. O texto, embora tenha ótimas costuras e achados divertidissimos, não chega ao máximo de extração que poderia da vida dessas duas mulheres. O Texto de José Saffioti Filho embora muito cortado, tem domínio de carpintaria teatral. O outro texto, que se acopla pelas mãos de Angélica deixa algumas duvidas, criando uma mulher contraditória e misteriosa. Leninha que nunca saiu daquele lugar no interior parece ter ido ao teatro, parece saber muito da vida artística dos grandes centros e por isso mesmo não convence como a mulher que sempre esteve atrelada há um marido pandego e boêmio. O Texto da "atriz", embora lindo, não  credita ter vindo de uma mulher que permaneceu uma vida inteira escondida do mundo. Essa pequena fraqueza no espetáculo  não diz respeito a interpretação de Angélica Ertel, que sim é muito verdadeira e preenche o palco agradavelmente. Acredito que as pessoas não podem ser boas em tudo, ou você é ótimo escritor, ou ótimo ator, ou ótimo diretor... 
                  Cléber Lorenzoni não esteve engraçado como na estréia, muito menos Angélica Ertel, isso não me incomoda, afinal não vejo comicidade em trama tão recheada de infelicidades como As Balzaquianas. A graça estaria na interpretação, afinal os acontecimentos na vida das mulheres são extremamente tristes. Seria atriz, teria amigos, seria cantora, teria marido, teria amor, teria sucesso... etc... etc... etc... Assistir o espetáculo e reconhecê-lo como drama com algumas situações inusitadas e por isso espirituosas, e por isso divertidas, é o mais inteligente. 
                    A iluminação é muito bem rascunhada por Roberta Corrêa, idealizada sim pelos atores em cena, e se o grupo tivesse maior parafernalia luminadora, faria certamente coisas maravilhosas. A trilha é contagiosa e a caracterização, louvável. 
                         Mas As Balzaquianas, perdeu algo de verdadeiro, de mágico que possuía no inicio, algo quase viceralmente íntimo. A atriz Angelica Ertel traz novos tempos para a cena, mistura sotaques, tem provavelmente outros objetivos. O ator Cléber Lorenzoni tenta manter algo que não existe mais alí, suas formulas que trás na manga durante toda a sua carreira. E aí detecto um grande problema. Existem dois diretores com olhares muito proprios na peça. Talvez mais humildade, mais olhar adiante solucionaria o que se perdeu. Quem dirige Angelica Ertel? Quem dirige Cléber Lorenzoni? Sob a direção de quem Alessandra Souza, Renato Casagrande e Roberta Correa agem na contra-regragem e técnica do espetáculo? Se a resposta for : Para cada lado do palco, para um diretor diferente. Então eis o problema do espetáculo. O lema mais perfeito e comprovadamente admirável do Máschara até hoje é: Direção coletiva destrói um trabalho. A prova disso está na distância entre o elenco de o santo e a Porca e a personagem da tia Benona.   As balzaquianas é um trabalho magistral de Angelica Ertel e Cléber Lorenzoni, e teve certamente o manto correto do estilo Máschara de fazer teatro, mas agora o barco está a deriva, e precisa de alguém que guie o leme!


                                   A arte é mais do que o interesse de cada um, é o interesse do todo. A arte não morre em ninguém, se renova!


Angelica Ertel: (**)(*)
Cléber Lorenzoni (**)(**)
Renato Casagrande (***)(**)
Alessandra Souza (*)(**)
Roberta Correa (**)(***)


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