Feriadão em Julio de Castilhos 2012

Os Metralha e os Prudente estão de volta...


           Quando um espetáculo fica tantos anos em cartaz como Feriadão do Grupo Máschara, muitas coisas boas acontecem e também muitas coisas ruins. Atores bons saem dando lugar a outros não tão bons, atores fracos saem dando lugares a melhores atores. Cenas acabam por ir se transformando na verdade de cada artista e viram outras coisas. O diretor quase sempre, quando acompanha o espetáculo, vai mudando seus pontos de vista, suas impressões e isso vai se refletindo no espetáculo. Conclusão, quem vê um espetáculo e o revisita dez anos depois, encontra outro espetáculo.
             A arte e principalmente um espetáculo teatral mudam, e isso é ótimo, afinal arte parada, estagnada, não acompanha a evolução a sua volta. O cerne de Feriadão escrito por Hercules Grecco e adaptado por Cléber Lorenzoni, é a mobilidade das pessoas. Assunto apropriado para ser tratado ainda na infancia. os direitos e deveres do cidadão. O respeito ao espaço do outro. Feriadão não é um espetáculo educativo, pelo contrario, as personagens chegam a extrapolar em seus marotismos e desentendimentos, no entanto passeiam divertidíssimos no universo da inconstância infantil. 
                 O Grupo Máschara tem como qualidade primeira, a excelência de sua performance. Seja em teatro, seja em lona, seja no meio da rua. Seus atores sempre tentam fazer o melhor. Buscam visivelmente a perfeição. Corpo, voz, interpretação a serviço do público e do melhor aproveitamento do espetáculo. E foi isso que vi em duas seções da peça. Cléber Lorenzoni, Alessandra Souza, Gabriel Wink, Renato Casagrande e a estreante Fernanda Peres envolveram crianças, pais, e todos que cruzaram pela feira de livros em busca de literatura e entretenimento. Para mim um espetáculo teatral deveria sempre ser apresentado em locais fechados, onde a fantasia do teatro não sofre a interferencia de pessoas sem interesse, de ruídos da rua e nessa época, que Deus nos ajude! de propagandas politicas. No entanto o teatro precisa ir onde os públicos o querem. 
                     O elenco do Máschara é muito versátil, Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande dançam com total pericia de movimentos. Gabriel Wink consegue ter o precioso tempo da comédia sempre na ponta dos dedos. Alessandra Souza e Fernanda Peres jogaram muito bem, cada uma em seu núcleo cênico. Os atores ainda cantam e contam divertidamente a historia de quatro crianças que de um sótão viajam por diversas situações.
                       O profissional do palco, mais precisamente o artista de teatro, recebe sempre muito pouco valor por seu trabalho. Embora precise de muita técnica e teoria  para exercer sua profissão, ainda assim, tudo parece impalpável. Fernanda Peres aprendeu muito e pouco tempo e esteve plena em cena. Ainda pode crescer muito, mas preciso elogiar seu esforço em abraçar um papel em poucos dias, ainda que com pouco tempo de palco. Gabriel Wink, apesar de ser um ator com pouco tempo disponível para ensaios, está quase sempre perfeito em cena. Apenas na segunda apresentação poderia estar mais atento e assim não atrasar ou atrapalhar a terceira cena do espetáculo. Alessandra Souza estragou uma deliciosa marca, formal e lúdica, que longe de um teatro com iluminação e outras perfumarias, precisava ainda mais de dedicação e perfeição. Renato Casagrande não estava perfeito como sempre é, e precisa ter cuidado  já que é um dos atores mais talentosos da cia. Cléber Lorenzoni esteve bem como sempre, mas preciso realçar que as partituras e tempos inspiradas em desenhos animados, foram se perdendo nos outros atores e ele foi o único que a manteve do incio ao fim das apresentações. 
                         A trilha e a contra-regragem de Gabriela Oliveira foi atrapalhada, e precisa visivelmente de mais alma. 

Alessandra Souza  */**
Fernanda Peres  ***/**
Cléber Lorenzoni **/**
Renato Casagrande */**
Gabriel Wink  ***/**
Gabriela Oliveira */**
                   


            Arte deveria ser vida...
                   


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