Diário de Bordo XVIII - Lili Inventa o Mundo em Garibaldi

                                                     O efeito puxa-puxa...

                            Embora eu ame de paixão o espetáculo Lili Inventa o Mundo, embora eu o tenha elogiado profundamente na crítica anterior, ainda assim não posso deixar de perceber pequenos probleminhas na peça. As apresentações na serra foram divinas e não quero parecer uma chata criticando tão bons atores. No entanto se não deflagrar os pequenos problemas como esses intrépidos atores vão poder continuar exercendo seu ótimo trabalho?              
                                    Lili Inventa o Mundo já ultrapassou a marca de oitenta apresentações e espero ansiosamente pela centésima intervenção do espetáculo, sendo assim começo a perceber pequenos detalhes que com o tempo vão surgindo e prejudicando um espetáculo que não pode parar devido a seu importante serviço junto ao público infantil. Cléber Lorenzoni continua magnânimo em seu Sr. Poeta e percebe-se a condução que dá aos espetáculos qual maestro que conduz sua orquestra. Mesmo estando em cena ele é capaz de mudar o rumo do espetáculo, agilizar, arrastar, cortar, tudo isso de dentro da cena, o que torna a montagem pulsante, viva. No entanto, em determinadas apresentações, Gabriel Wink e Cléber Lorenzoni tendem a arrastar algumas cenas exageradamente, claro que tem em sua defesa o domínio perfeito, e se falo é por medo de ver maculada tão incríveis atuações. Cabe no entanto tomar cuidado com os rumos das cenas de Sr. Poeta e Malaquias.  Angélica Ertel, como Lili tem sido um acerto contundente, no entanto é necessário tomar cuidado com a infantilização extrema da personagem bem como do personagem Matias. Interpretar crianças é sempre muito difícil, achar o ponto certo da mímise, o tom de vóz, a ingenuidade, a leveza. E embora ambos já tenham caminhado pelo mundo das crianças com maestria, hoje vejo com um pouquinho de abitolação os personagens tema da trama.
                                     Alessandra Souza faz a mais perfeita rainha das rainhas da montagem, por outro lado precisa buscar o trabalho perfeito na rua. Isto é, quando o espetáculo é apresentado na rua precisa de perfeito jogo de cena, espaçamento entre os personagens, noção de que o palco passa a ser todo o ambiente da rua, o palco é tridimensional. Sua parte são todas as partes que sobram do colega, esse paradoxo é muito complexo, e cabe a atriz compreendê-lo rapidamente.
                                       No mais, Lili Inventa o Mundo continua sendo um perfeito exemplo do que o teatro é capaz de fazer com uma bela historia literária.

                                                                                                                          A Rainha

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