Indo para a centésima quinquagésima, com frescor de primeira...
Um dos maiores destaques dos espetáculos do Máschara é sua capacidade de reinventar, de renovar, e isso se dá muito possivelmente, devido a renovação de elenco. Com exceção do ano de 2005, ano da concepção desse espetáculo, tenho sempre a sensação de que o elenco nunca é o mesmo. Isso também mantém atores muito focados, sempre preparados para contracenar entre nova escalação de elenco.
Quando eu era muito jovem, saía de casa para assistir espetáculos no circo, que vinham a minha cidade e o que me chamava muito a atenção, era o clima que se estabelecia, quando a cidade recebia artistas, carroças com animais, pessoas diferentes. Os jovens ficavam excitados, os adultos atentos, as crianças agitadas... Principalmente, todos pareciam tocados por uma aura diferenciada. Assim também é o dia em que um grupo mambembe chega em uma cidade do porte de Tapera/RS. Essa sensação de agente transformador, precisa estar na bagagem dos artistas. Na hora de sair de suas casas é preciso organizar a lista: alegria, arte, ânimo, um pouco de militância, gentileza, dedicação, coragem, sacrifício, português correto, boas historias... É preciso ainda acrescentar um colorido interessante... VIDA!
O Colorido de O Castelo Encantado, está nas personagens de Erico, suas historias, seus enfrentamentos, a capacidade do autor em unir mundos muito distintos. A direção do espetáculo conseguiu construir um espetáculo muito ágil, que durante quase uma hora, vai nos enchendo de códigos, imagens, historias, signos... As crianças se mantém muito atentas, salvo alguns curtos momentos em que o ritmo parece cair. Palmas para a energia, acelerada, rápida, firme. Talvez alguns membros precisem canalizá-la. A própria Rosa Maria, precisa de mais volume e de mais estudo como protagonista. Ana Kraemer triangula bem, no entanto em alguns momentos precisa se colocar, se posicionar como líder. É um grande desafio claro, no qual uma atriz deve investir. Serquevitio e Ben precisam mergulhar mais, ele com canalização, ela com descerrando a máschara.
O espetáculo é composto por quadros, que vão se ligando através da personagem central. Palmas para a atuação do interprete do menino Fernando. Renato Casagrande consegue se comunicar com o público, consegue tocar a plateia. Algumas interpretações ficaram aquéns do que o espetáculo precisa. Atrasos, buracos nas cenas, ou seja, um produto bom que merece ser mais afinado. A meu entender, os personagens, que atuam como contadores de historias, deveriam estar trajados todos da mesma cor, para que quando usassem os adereços, esses fossem realçados. Da forma que se apresenta, temos três códigos, os atores com suas personalidades cênicas, os contadores cada um com a personalidade emprestada pela cor que está usando, e mais a personalidade das alegorias da narrativa de Erico. Uma bagunça! Entendo que grupos do interior, costumem improvisar, em nome dos gastos, em nome da praticidade, no entanto, nesse caso, é uma escolha investimento que precisa ser feita.
A trilha tocada em instrumento musical, valoriza e muito o espetáculo, mas seria muito legal se mais momentos surgissem. Talvez musica ao vivo. A iluminação é funcional, embora apenas sublinhe. O cenário embora carregado, componha muito bem o quarto, que é coberto pela cortina dos sonhos.
O Castelo Encantado é um ótimo produto, para se pesquisar teatro, para se encantar as crianças e para falar de Erico. Seguimos!
O melhor: A capacidade de adaptação de alguns atores que conseguem adaptar-se aos espaços e aos públicos mais diversos.
O Pior: A falta de senso de equipe, percebível quando você vê um mesmo ator interpretando tantos papéis em uma peça de contadores de historias. A situação que se estabeleceu da equipe de apoio, sempre esquecer algo.
O Castelo Encantado - Tapera/RS
Elenco: Cléber Lorenzoni
Renato Casagrande
Clara Devi (*)(**)
Antonia Serquevitio (*)(***)
Gabriel Ben (**)(***)
Ana Kraemer (*)(**)
Equipe Técnica: Carol Guma (**)(***)
Junior Lemes (***)(**)
Roberta Teixeira (**)(**)
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