sábado, 30 de novembro de 2024
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Batatas ao molho sugo - uma análise
Todos gostamos de batatas, fritas, cozidas, no purê e principalmente na maionese de domingo. Me parece injusto que alguém nos proíba de comê-las, e caso isso acontecesse certamente nos seria difícil cumprir esse edito. Esse é exatamente o mote escolhido pelo diretor/dramaturgo da adaptação de Piquenique no Front. Embora tenha mudado razoavelmente a narrativa, mantêm-se o âmago do gênero, ou seja uma situação alógica onde as personagens agem de uma maneira irracional para tentar fazer uma crítica a vida real.
Romeu Waier tem uma direção ousada, e alcança boa repercussão junto ao público, formado em sua maioria por jovens. As figuras plásticas são muito interessantes e a trilha, (não sei quem assina), é perfeita. Guilherme Goi e Nara Medeiros se destacam bastante e a sutileza dessa ultima parece ter sido coreografada, a convenção dos calçados é perfeita, talvez para não haver duvidas junto a assistência, já que há um universo de estranhamentos, os mortos poderiam ser cobertos com um lençol branco e ao saírem caminhando atrás da enfermeira, se assemelhariam a fantasmas, realçando sua condição. Há no casal de pais, Eliani Aléssio e Romeu Waier, um exagero, que causa um certo distanciamento, e que é característica do estilo Waier de fazer teatro, não chega a prejudicar o trabalho, mas talvez a interpretação mais realista conseguisse operar com mais afinco o estranhamento proposto pelo gênero teatral.
Nicole e Yasmim estão ótimas, aliás toda a direção de Romeu Waier se cumpre muito bem, e se estende mesmo a figuração. Talvez Stefany e Julia possam dedicar um pouco mais de atenção à técnica vocal, para que os agudos não soem falsos.
Matheus Freitas é uma interessante aquisição ao teatro, esperamos que queira aprender e buscar mais. No papel de Zap, o jovem acaba carregando todo o espetáculo e sua construção é bastante funcional como protagonista positivamente ingênuo.
A estética é bem resolvida, e o pódio significativo. A fábula antibélica é extremamente contemporânea, já que as ações humanas já incluíram entre nossas vidas, tantas situações conflitantes que acabaram por ser banalizadas e diluídas na vida cotidiana, há no entanto a necessidade de sempre que se trabalha com o absurdo, pensar em ser muito próximo ao realismo para que a plateia compreenda que não se trata de realismo fantástico ou de teatro infantil, outra questão interessante é a capacidade de assimilação cultural de cada público. Uma plateia de teatro recebe diferentemente uma obra do que uma plateia não iniciada. Nesse sentido Waier é vanguarda para Panambi e mesmo que não seja tão compreendido agora, está fazendo um grande trabalho de contribuição à arte e aos futuros artistas. Parabéns a Sra. Tépan que carrega uma intensidade digna de uma grande atriz.
Para encerrar, torçamos que logo tenhamos outros trabalho tão contundentes da equipe.
Cléber Lorenzoni
terça-feira, 26 de novembro de 2024
1207-Lili Inventa o Mundo - (tomo 127)
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
terça-feira, 19 de novembro de 2024
1206 - Complexo de Electra - tomo XXII
O MOTE BALIZADOR
Até onde um grupo de teatro pode ir? Até onde uma narrativa pode ousar? De quais temas pode fazer uso para tocar o público? Um jovem ambicioso e sem noção, pode dizer:- Qualquer assunto, tema, ou ousadia... -Estará errado e ainda colocará em risco sua carreira, pois poderá chocar ou subestimar seu público. O balizador de tal conexão arte x público, é exatamente sua auto percepção cultural e a compreensão do habitat cultural ao seu redor. Ou seja, é preciso perceber a capacidade de absorção do público, compreender sua própria capacidade e entender para onde se quer levar o público. Ora, se eu passar uma vida inteira dando teatro de comédia para o público, como chegarei um determinado dia e lhes obrigarei a assistirem drama?
Ou, chegar a uma cidade onde nunca se viu teatro e oferecer um espetáculo como Complexo de Electra. A maioria dos artistas sempre se coloca em um lugar onde julga que sua arte é muito importante, que deve ser vista e que as plateias tem obrigação de aceitar. Não é verdade. Quando pensamos em toda a historia do teatro, suas linhas de pensamento, precisamos compreender que houve um teatro para cada época, para cada ciclo, houve uma linguagem que prevaleceu em cada época, e houve uma capacidade de compreensão diferente em cada época e em cada lugar do mundo.
O que mais admiro no Máschara, é a curva organizada que seu diretor, ou seus diretores planejaram. Primeiramente comédias (Um dia a Casa Cai, Dor de Dente, Bruxinha e Júpiter) logo depois uma tragicomédia (Cordélia Brasil), então um grande teatrão infantil-(Bulunga), Para então ir para Nelson (Dorotéia) Aí tivemos um clown [palhaço (Conto da Carrocinha)], para só então chegarmos aos clássicos: (Antígona, Tartufo e Macbeth) - Ou seja, primeiro preparou-se o público, para o que viria a seguir. Isso quer dizer, balizar, entender, estabelecer. É preciso saber se o público terá capacidade de fazer a leitura semiótica de um tipo de teatro, e é preciso não superestimar também o público. Se nem mesmo alguéns atores conseguem compreender as linguagens empregadas por diretores, por que o público conseguiria tão facilmente tal façanha?
Por isso senhor artista, leia, leia muito, jovem ator, busque, pergunte, indague, sacrifique-se um pouco... A arte não é somente algo bonito, não é apenas o ato de satisfazer a ambição própria de receber aplausos, ela é um dever junto ao tecido social, e precisa ser baseada também nos princípios filosóficos de um povo. É preciso codificar as linguagens, compreender e saber, por que determinada obra será levada à assistência. "Gosto muito de Maria Stuart de Schiller"!- Problema seu, por que esse texto sobre duas mulheres, duas rainhas, que brigam pelo poder, seria importante para o público de Cruz Alta? Eu vejo vários motivos, me digam os seus!
O Complexo de Electra enquanto exercício ( é isso que seu diretor sempre fala), pode encontrar virtuosismo junto aos públicos, Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande e Fábio Novello estão muito bem em cena. Muito embora o mergulho nas profundezas do ser humano ainda pode ser maior. Clara Devi parece ter iniciado uma caminhada nesse universo psicológico, Douglas Maldaner precisa por para fora um grito interior que para esse tipo de teatro é extremamente necessário. Leonardo Teixeira e Romeu Waier fazem pequenas participações funcionais, e no caso desse último plasticamente linda.
Um dos grandes méritos do trabalho, é que apesar da mudança de elenco, a construção e o braço firme da direção continuam na direção certa. Uma pena claro não ser um mergulho da Cia. inteira. Ainda há muitos atores que quando não fazem parte de um elenco pensam: -No que isso diz respeito a mim? Palmas para a cena da curra, palmas para o embate entre mãe e filha, palmas para o bife de Úlrica e palmas para a desconstrução que Casagrande vai propondo em Henrique. O Ritmo esteve um pouco letárgico, mas obviamente a jovem protagonista tenha muitas preocupações em cena, no futuro não pode esquecer que ritmo e curva dependem muito dos protagonistas.
Um acerto a plateia em pé na segunda sala, gente bem acomodada não mergulha tanto. Quanto ao aplique nos cabelos de Clara Devi, cabe uma pergunta, por que Lorenzoni não usa peruca? Certamente por que o ator sabe a diferença entre teatro adulto e teatro infantil.
Parabéns ao esforço de cada um, e o que cada um colheu.
Arte é Vida
A Rainha
domingo, 17 de novembro de 2024
1205- Complexo de Elecktra (tomo XXI)
No entanto nos ultimos anos, começaram a
se estabelecer talentos, forças que marcam por sua entrega, por sua busca
intensa e quase paralela à do diretor. Há alguns anos Alessandra Souza (que aliás estava na plateia), despontava
como grande interprete, e hoje no
palco do Palacinho revi um elenco forte, com grandes nomes do atual teatro cruzaltense. Renato Casagrande, Fabio Novello e Douglas
Maldaner marcam por sua intensidade, por sua entrega. E apesar dos problemas de cena que percebi, é preciso mencionar a força de Casagrande, a
potencialidade de Novello e a disponibilidade de MAldaner. É difícil lutar com
nossos vícios, com os desafios que o teatro impõe, estar sempre, sempre, sempre
disponível. Até por isso essa senhora nunca se disponibilizou a teatrar. Tomei
outro caminho, embora jovem tenha por algum momento me deixado tocar pela arte,
rapidamente meus pais me levaram ao altar e me tornei mãe. Hoje em dia
certamente escolheria o palco.
A atuação de Clara Devi foi digna de uma grande atriz, da grande atriz que se tornou, e que devemos respeitar, por uma trajetória que vem sendo construída há um bom tempo. Romeu Waier esteve fascinante, com um controle cênico perfeito, a caixa fonética em perfeita ressonância, e achei incrível a menção às tantas heroínas do teatro grego. Sempre impliquei com lentes assustadoras com esse clima halloween infantil, mas a prótese de Romeu Waier foi perfeita. Leonardo Teixeira merece aplausos pela força e energia, não parece que estamos assistindo um novato, ao contrário, parece que estamos a frente de alguém que tem muito teatro dentro de si. A equipe técnica estava tão ensaiada, preparada, que não víamos de onde vinham luzes e sons, perfeito.
Ao final vemos os mais jovens, Ana Clara Kraemer, e Kleberson Ben correndo para lá e para cá, quais formiguinhas, parabéns a esse "estágio" que o Máschara oferece, dando possibilidades de aprendizagem aos jovens que chegam para teatrar.
Parabéns ao Máschara pela energia, pelo respeito ao teatro, por não se permitir fazer qualquer coisa de qualquer jeito, isso mostra o cuidado com o público, o respeito pelas plateias. Deveria falar sobre a mise en scène, falarei na próxima análise.
O melhor: Os embates entre mãe e filha
O pior: os imprevistos de última hora que pegam a todos de surpresa e que podem colocar todo o trabalho em perigo.
Complexo de Electra-
Direção e dramaturgia - Cléber Lorenzoni
Elenco- Clara Devi
Cléber Lorenzoni
Renato Casagrande
Fabio Novello
Douglas Maldaner
Romeu Waier
Leonardo Teixeira
Operador de Som - Ellen Faccin
Contra-regras Kleberson Ben
Ana Clara Kraemer
Recepção- Antonia Serquevitio
Carol Guma
Apoio- Dulce Jorge
Arte é Vida
A Rainha
sábado, 16 de novembro de 2024
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
quinta-feira, 7 de novembro de 2024
1203/1204 Os Saltimbancos (tomo 51) O Castelo Encantado (tomo 137)
Sempre que falo no palco e nas suas vicissitudes, reflito que o teatro acontece graças as pessoas, aos atores, aos artistas, que se doam para que o público se transforme. As vezes você percebe antes mesmo de começar, que o público possivelmente não está aberto a transformação, as vezes os atores estão tão, tão focados em atuarem bem, a fazer bem determinada "coisa" que o diretor, ou a equipe definiu, que ele sequer pensa do palco para fora. É preciso pensar do palco para fora. É isso que diferencia, atores profissionais de principiantes, ver fora da caixa, da caixa preta no caso. As vezes o ator foca em acertar a maquiagem, e aí o espetáculo que deveria iniciar Às nove, inicia nove e quinze, porque o ator pensou que seu delineador é mais importante do que tudo, sua sombra de cor bonitinha, seu batonzinho da cor certa. Por isso quando atores mais velhos dizem: -O bom de ser velho é não precisar de maquiagem! -Não estão na verdade falando da maquiagem, mas que alcançaram uma maturidade na qual se dão conta que existem tantas coisas mais importantes. Eu particularmente sentada na primeira fila, adoro boas maquiagens, mas estou mais interessada em boas atuações. E isso na verdade deveria ser a preocupação de todos os atores.
Na cena dos quatro cantores de Bremen, adaptados por Chico Buarque, se viu lindas maquiagens, e a reprodução de um espetáculo que acaba por ser prejudicado pela formalidade que a dublagem propõe. Ou seja, o elenco não pode improvisar, interagir, pois o espetáculo é muito gessado. Ele até combina com grandes espetáculos a céu aberto, quando o público está longe, e tal, mas em uma situação em que a criança está tão próxima, seria importante a troca acontecer. Claro que me pergunto:-Será que todos os atores da cena percebem a plateia? Compreendem a importância da troca, da aproximação? Acredito que infelizmente não! Ao contrário, tenho a sensação de que se perguntar aos atores após o espetáculo: - Ei vocês viram quais profes estavam filmando, quantas crianças estavam sentadas no chão, onde estavam sentados os organizadores do evento, o que os livreiros faziam durante o espetáculo, etc...? -Não saberiam me dizer, e isso responde muito sobre o tipo de atores que estavam em cena.
Durante o primeiro espetáculo, ouvimos tudo, e preciso aplaudir a cena do dó, ré, mi, sem duvida a cena mais bonita. Os saltimbancos do Máschara tem um problema de roteirização, do nada, simplesmente, de repente, acaba. Talvez a dicção de alguns atores pudesse se melhor trabalhada. Uma dica para os coadjuvantes, canalizem melhor o trabalho.
Há sem duvida três tipos de atores, de integrantes da cia máschara. Os que querem ser bons, melhores, magníficos. Os que querem fazer bem sua parte e os que querem apenas ganhar um troco e talvez alguns aplausos. Ainda assim cada um deve executar bem sua parte. Parabéns a jovem Ana Clara Kraemer.
No espetáculo O Castelo Encantado, o que se viu foi uma bela tentativa do Grupo em ofertar ao público a possibilidade de participar, de ouvir a cena. Lorenzoni e Casagrande com um belíssimo trabalho vocal, que é reflexo de trabalho, de ousadia, de esforço. Na contrapartida, Kleberson e Ana Clara precisam de muito mais trabalho vocal. As cenas bem desenhadas espalharam-se por dois palcos. Tive a sensação de que o público formado em sua maioria por alunos, não está muito acostumado ao teatro. Conversas paralelas, desinteresse e ruídos mil. Fabio Novello pode se apropriar mais da sonoplastia e mesa de som quando isso lhe cabe. Há detalhes que não compreendi, como o anão sem tambor, o avental e o pau de macarrão que estavam na cena de Clara Devi e que pois não estavam no cenário, a tentativa de Antonia Serquevitio de abrir a cortina quando os contadores de historia surgem no final...
Possivelmente falta de ensaios. Falta de dedicação.
O melhor: A dedicação dos jovens Kleberson Ben e Ana Clara Kraemer.
O pior: O volume baixo em contraste ao microfone usado na apresentação.
terça-feira, 5 de novembro de 2024
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
domingo, 3 de novembro de 2024
1202 -Espetáculo convidado- Complexo de Electra - Grupo Teatral Grupo Máschara (tomo 20)
Espetáculo convidado- Complexo de Electra - Grupo Teatral Grupo Máschara







