1163- A Hora da Estrela - (tomo VIII)

Um espetáculo que precisa ser visto e revisto.


                    Lorenzoni troca a atriz, mas mantém a vigorosa mensagem de A Hora da Estrela. Observando as dificuldades enfrentadas para o espetáculo subir ao palco, senti por um momento um certo condoimento pelos artistas de teatro. Devido as péssimas qualidades arquitetônicas dos espaços teatrais pelo interior, os espetáculos não conseguem exercer com toda a qualidade seus trabalhos, afinal de contas, tamanhos de palcos, ausência de pé direito (urdimento), pouco material de luz, tudo isso e muito mais, acabam por diminuir a qualidade da cena ofertada. A arte do artista sai prejudicada, e a mensagem não se conclui. Um exemplo disso foram as duas cadeiras, que nada tem a ver com a visão do encenador e que destoam o tempo todo.

                     Mas nos atenhamos ao que temos, sob a luz poderosa de Grotowski e seu teatro pobre, sobre os ensinamentos de que teatro é uma historia bem contada. Macabéa nos conta grandes coisas, auxiliada por um elenco forte e unido. Lorenzoni, Casagrande, Miranda, Waier, Novello, Serquevitio, Devi, Arigony e Guma, se esmeraram para preencher frestas, e assim conduzir a estreante na peça Ellen Faccin. Conduzir para o grande final que já conhecemos. 

                       Ellen Faccin já surpreendera nos ensaios e agora surpreende como mulher desprovida de vaidade,  sem poesia alguma e muito simples. Houve alguns pecados em relação à curva dramática, acarretados possivelmente pela falta de ensaios. 

                         Há em A hora da Estrela um lado bom em cada personagem, o médico que aconselha, o chefe que acaba por não demitir, a dona da pensão que oferta estadia gratuita, até as colegas de quarto têm seu lado humano. Ou seja, há esperança em vários personagens. Serquevitio substitui bem, mas fica uma pergunta, a interprete está interpretando Marilyn ou Laura Hoover dirigida por Cléber Lorenzoni.

                         Clara Devi retorna ao palco com uma deliciosa veia cômica, mas precisa interagir mais com os colegas e Raquel Arigony precisa de mais ensaios. As cores todas são muito bem escolhidas, o visual de cada lugar compõe  muito bem, e é interessante ver uma cidade que não tem o costume do teatro, assistindo um espetáculo que esbanja códigos típicos do mise en scene. Também por isso A hora da estrela é um grande espetáculo, por que carrega o lugar magistral do teatro,  irredutível, irrepetível. Alí é o corpo energizado do ator que dá formas e não um corpo torneado por phtoshop, mas formado por interpretação e reflexão. As cenas mais amargas, dolorosas do espetáculo, são lindas. Claro que senti em mim a extirpação da personagem da tia, por outro lado as pontuais personagens em status um e dois do espetáculo preencheram vazios. Cléber Lorenzoni consegue ser muito rápido em caracterização e mal deu para perceber que Olimpio e Madame Carlota eram a mesma pessoa. Kleberson, o aprendiz, por outro lado assumiu a sonoplastia praticamente em cima da hora, mas foi bem guiado por mestres. 


O Melhor: A conversa do diretor com a plateia

O Pior: A ausência da personagem da tia.


Arte é VIda                                                             A Rainha


A Hora da Estrela

Direção: Cléber Lorenzoni

Elenco: Ellen Faccin  (***)

              Renato Casagrande (**)

              Cléber Lorenzoni (**)

              Carol Guma (**)

              Antonia Serquevitio (**)

              Romeu Waier (**)

              Clara Devi (**)

              Nicolas Miranda (**)

              Raquel Arigony (**)

              Fabio Novello (**)

Contra-Regragem : Kleberson Ben Borges (**)

                                Ana Clara Kraemer (***)




                               

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