AUTO II- Um Milagre de Natal (2018)
Cena I
Criança
1- Seu Manoel, seu Manoel!
Criança
2- Vovô, acorde! Ja é manhã de natal!
Criança-
Vovó acorde!
Manoel-
O que?
Crianças-
Acorde vovô!
Manoel-
Calma crianças. Chegaram cedo, mas os dois se enganaram, não é manhã de natal,
o natal é só amanhã. Vieram buscar os presente, não é mesmo?
Crianças-
Sim!!
Manoel-
Ah meus queridos, me digam, o que é que os dois gostariam de ganhar?
Criança
1- Eu quero um urso bem grandão!
Criança
2- E eu queria uma bola!
Manoel-
Um urso e uma bola! Ah, os meus tempos de criança. Só que infelizmente este ano
o vovô não teve doações a pessoas estão cada vez se preocupando mais com elas
mesmas, e não tem tempo para ajudar os outros, aí o vovô não pode fazer
brinquedos.
Criança
1- Vovô porque o senhor está triste?
Manoel-
Ah minha crianças, o tio Manoel está triste, por que queria fazer o que sempre
fez, confeccionar brinquedos para todas as crianças do bairro. Ah, ninguém
deveria ficar sem presentes no natal.
Crianças
2- Não vovô, ninguém pode ficar triste no natal!
Manoel-
Meus amores!
Crianças-
Nós vamos ficar sem presentes?
Manoel-
Não, não! Esperem um pouquinho, eu tenho alguma coisa aqui.
Manoel-
Uma bola!!
Crianças-
Uma bola!
Manoel-
Uma bola! Ela está meio murcha e meio
gasta que nem o tio Manoel.
Criança
1- Obrigado vovô.
Criança
2- Era bem o que eu queira!
Manoel-
De nada minha princesa! Mas olha só, agora vão pra casa, nada de ficar pedindo
esmolas na rua, lugar de criança é estudando ou então brin...
Crianças-
cando!!
Manoel-
É isto mesmo, agora vão.
Criança
1- Feliz natal tio Manoel!
Criança
2- Feliz natal!
Manoel-
Feliz nata!
Cobrador-
Não, não, não, não! Não tem nada de natal! Não tem nada de feliz! Seu Manoel, estou aqui para cobrar os 3 meses
atrasados do aluguel, do aluguel, do aluguel desse casebre!
Manoel-
Mas moço já lhe falei da outra vez, eu não tenho como lhe pagar este aluguel.
Cobrador-
De um jeito, não me venha com estas desculpinhas esfarrapadas.
Manoel-
Mas moço, o que vai ser, quem sabe o senhor espera um pouco mais e eu posso
pedir um empréstimo.
Cobrador-
Isso não me importa seu Manoel, eu possuo uma família, tenho bocas para
alimentar em minha casa. O senhor deve tratar o seu aluguel como todo cidadão
de bem!
Manoel-
Mas moço, eu só tenho a minha aposentadoria, tenho que pagar os remédios da
minha esposa, o que eu eu vou fazer?
Cobrador-
24h seu Manoel, é o tempo que lhe dou.
Daqui 24h voltarei neste casebre imundo e irei cobrar os aluguéis atrasados, ou
o senhor me paga, ou eu irei chamar todo o maquinário para tirar o senhor a sua
esposa e esse bando de crianças de rua de dentro dessa propriedade!
Manoel-
Mas moço, é natal, pelo amor de deus! 24h, para onde nos vamos ir? Quem sabe o
senhor nos dá mais uns dias, até janeiro quem sabe...
Cobrador-
Nem mais um dia, nem mais um minuto seu Manoel, 24...
Criança
2- O senhor não pode falar assim do seu Manoel, todos nós aqui do bairro
gostamos muito dele! E ele ajuda a todos, e hoje é natal!
Cobrador-
Que criança adorável, eu adoro crianças, ainda mais na véspera de natal, 24
horas seu Manoel, nem mais 1 minuto! Eu voltarei!
Manoel-
O que vai ser de mim e da Ana.
Criança
1- Calma vovô, nos vamos te ajudar.
Manoel-
Não, não meu querido, isso não é assunto de criança. É melhor os dois irem
embora! Vão, vão, não se preocupem! Feliz e abençoado natal! Ah meus deus, o
que vou fazer, o que vou fazer com Ana, ela não pode saber de nada disso.
Cena II
Ana-
Manoel meu velho! Falando sozinho.
Manoel-Não
é nada Ana, eu tava aqui falando com as
coisas os brinquedos.
Ana-
Mas e o por que você está tão triste?
Manoel-
Ah Ana, as crianças saíram daqui agora, vieram buscar os presentinhos, e não
pude dar nada a elas.
Manoel-
Mas não fique assim meu velho, você já fez tanto por todos durante muito tempo.
Manoel-
Mas é pouco, eu queria continuar fazendo os brinquedos para as crianças, e além
do mais, todos devemos ajudar o próximo, deixar a vida mais feliz.
Ana-
Você sempre querendo ajudar, ajudar , ajudar. Meu velho já está na hora de
cuidar da sua saúde.
Manoel-
Saúde. Pensa, essas crianças poderiam ser o nosso filho.
Ana-
Ah, o Jonas, como queria ter o nosso filho aqui.
Manoel-
Mas o Jonas tá na capital.
Ana-
Mas meu velho ele podia vir nos visitar.
Manoel-
Ele está trabalhando, para formar a vida dele, não tem tempo de visitar os pais,
a gente tem que entender!
Ana-
Ah, não importa, é natal! E eu sinto uma saudade do Jonas e da minha Nora.
Manoel-
Olha, tem alguém batendo, vai ver que é Ana. Só falta ser o cobrador que
voltou. A Ana não ia aguentar essa tristeza.
José-
Olá meu senhor, perdão por incomodar, mas eu e minha família, quer dizer, minha
esposa e meu bebê, estamos procurando um lugar para passar a noite.
Maria-
Fomos de casa em casa, mas ninguém pode nos acolher, disseram apenas que no
final da rua tinha um senhor, Manoel, um homem bom e sempre disposto a ajudar o
próximo.
Ana-
E de onde vocês são meus filhos?
José-
Moramos no interior, minha esposa precisa de um médico, e os quartos
particulares são muito caros.
Ana-
Ah, e com o SUS não dá pra contar.
Maria-
Sim, e os hospitais estão lotados, e não temos nenhum dinheiro.
Manoel-
Ora, eu queria muito ajudá-los, mas infelizmente eu e a Ana não temos nem pra
nós, e até estamos a qualquer momento sendo despejados dessa casa. Não temos
pra onde ir, não temos o que oferecer.
Maria-
Tenha fé, que tudo pode mudar.
José-
O senhor não se preocupe, nós vamos procurar um outro lugar para passar a
noite.
Manoel-
Não, esperem, esperem! Não, ninguém vai passar a noite no relento,
principalmente uma mamãe, um bebezinho prestes a nascer. Vejam, lá no fundo de
casa tem um quartinho que guardo as ferramentas para fazer os brinquedos para
as crianças do bairro, é apertado, mas vocês dois vão passar a noite lá dentro!
Ana-
Ah, mas aquele quartinho tá muito bagunçado, por que o Manoel tá sempre lá! Mas
é bem limpinho.
Manoel-
Agora vão, vão lá para dentro!
José-
Muito obrigado, realmente o senhor e a sua esposa são um casal muito bondoso.
Ana-
Manoel, Manoel, olha como ele lembra o Jonas, deve ter a mesma idade.
Manoel-
Jonas é o nosso filho, e assim como os vamos ajudar vocês, se Deus quiser
alguém pode ter ajudado ou irá ajudar o nosso filho numa situação dessas, e
além do mais é natal, e todos devemos fazer o bem por nosso semelhante. Agora
vai, vai lá ficar com tua esposa.
Bife Seu Manoel
Cena IV
Ana-
Ah, meu deus, a casa tá toda enfeitada, o que foi que aconteceu? Manoel, Manoel
meu velho acorda.
Manoel-
O que foi Ana? Que gritaria é essa?
Ana- A casa tá toda enfeitada, deixaram uma ceia
deliciosa lá na porta, é um milagre.
Manoel-
Milagre não existe!
Ana-
Como não existe, olha a casa, olha tudo Manoel!
Manoel-
Mas meu deus , o que é isso? Esta tudo enfeitado! Tudo iluminado! Mas tem até
presentes.
Ana-
Eu disse!
Manoel-
Mas o que é que aconteceu?
Jonas-
Pai!
Ana- Jonas meu filho!
Jonas-
Mãe, será que a lugar para um filho pródigo nesta manhã de natal?
Manoel-
Mas Jonas, o que aconteceu meu guri? Você nunca mais apareceu, pensei que tu
nem lembrasse que tinha pai e mãe.
Jonas-
Mas agora arrumei um tempo para visitá-los, será que o senhor perdoa esses
filho meio ingrato?
Manoel-
Ah para com isso e me dá logo um abraço, ah meu menino.
Jonas-
Pai olha, trouxe a minha família. Essa aqui é a sua neta.
Neta-
Então o senhor que é meu vô?
Manoel-
Eu achou que sou, né?!
Neta-
Eu posso lhe dar um beijo?
Manoel-
Ah querida, da logo um abraço neste velho.
Ana-
E essa minha nora, que linda! é uma filha!
Nora-
Ah, eu estava com tanta saudade de ti Dona Ana. Nós estávamos longe,
trabalhando, mas nosso coração sempre esteve aqui, com vocês. Mas agora, não vamos
nos separar mais.
Manoel-
Nunca mais!
Jonas-
O nosso natal só está completo, quando estamos perto de quem amamos, a nossa
família!
Maria-
Todos podemos fazer o bem, todos devemos zelar pelo próximo, mas somente aquele
que fica tão inconsolável por não poder ajudar seu semelhante pode ser chamado
de Noel.
Manoel-
Ho, ho, ho! Eu só quero desejar a todos, e todas, as crianças os adultos, os
mais velhos, um feliz natal!
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