Lola: às seis horas da tarde - décimo segundo concorrente Festival de teatro Rosário em Cena

                       Quem saiu de casa para assistir Lola, da Cia. Retalhos presenciou um momento lindo de militância, proposto por atores, personagens e figuras que representam a busca pelos direitos LGBTQIAP+, essa sigla que cresce a cada dia, muito porque a cada dia surgem novas camadas da diversidade, que estão desassistidas. 
                       No palco, Lola, interpretada por Helquer Paez, nos conta sua vida, através de uma colcha de retalhos que mistura ficção e vida real.  Lola é forte, sofrida, cansa de lutas de uma existência. Parece ser a líder desse lugar que aparenta ser uma casa de shows; Pisa no palco com uma serenidade que os grandes artista possuem, embora pudesse as vezes buscar uma movimentação menos monocórdia. As cenas são em verdade uma sequencia de quadros muito plásticos, em contraposição à exibição de vídeos que tiveram como telão um longo véu de tule ou filó, que representava a feminilidade e o desejo de Lola de um dia se casar, ou encontrar o amor...
                       No meio do espetáculo houve um diapasão, um momento de discussão sobre a necessidade em defender as diferenças, mais especificamente a da grande família LGBTQIAP+. Convidadas mais que especiais contaram ou debateram situações difíceis, desumanas pelas quais passaram. O discurso é inevitável e indispensável, mas precisa de um olhar dramatúrgico que possa melhor casar os momentos que atualmente seguem em linhas muito distintas. 
                              Helquer Paez cantando nos emociona e muito, sua força, sua garra, sua presença. Presença essa que é exemplo para muitos atores atuais. Destaque aliás, para a trilha de Paez, Daniela Paez e Paulo Bracht. A iluminação de Juliet Castadello e Rafael Jacinto é outro espetáculo a parte.
                              Ao final fica a indagação se Helquer e sua trupe queriam falar de Lola, das trans, ou das duas coisas. Há material para dois espetáculos. O que falta é a direção tomar uma decisão, para nosso melhor aproveitamento.


Cléber Lorenzoni - Crítico teatral 

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