O cavalinho que realmente era azul
Sempre que se oferece teatro ao público, costuma-se pensar,
em que o público estaria interessado em assistir. Quando se faz teatro com
alunos, é importante pensar em que eles estão interessados em atuar. O prazer
em cena, durante o espetáculo de encerramento do FesTeatro, nos faz ter certeza
de que era exatamente ali que as crianças queriam estar. Quarente e sete
minutos de um trabalho muito despretensioso e por isso muito eloquente.
O texto original de O Cavalinho Azul, é da professora Maria
Clara Machado, diretora do Tablado escola de atores que formou muito atores,
inclusive artistas globais. No entanto a direção do Máschara adaptou para o
jeito Máschara de fazer teatro. Um jeito que vem dando certo, envolvendo musica
dança e interpretação.
Cléber Lorenzoni adaptou a obra de MCM através de
improvisações e principalmente levando em conta a variedade de possibilidades e
capacidades dos alunos. O produto é delicado, frágil e emocionante. Sete atores
do Máschara participaram da montagem, sete padrinhos mágicos que
responsabilizaram-se por onze crianças , onze jovens aprendizes que terão suas
vidas transformadas pelo teatro, tocadas pela arte que emana do Palacinho do
Máschara, aquele espaço de resistência.
Logo na primeira
cena, percebemos que trata-se de um espetáculo familiar com mensagens muito
clara sobre relações humanas, ensinando de alguma forma conceitos interessantes
de respeito, união e convívio. As figuras que se somam na busca do menino
Vicente são muito convincentes, mas poderiam se rem maior número: um padre, uma
varredor de ruas, um bêbado, etc... Fabio Novello cumpre muito bem com sua
função como prefeitão, embora, a escolha pelo figurino vermelho tenha soado
como escolha politica. Raquel Arigony interpretou com seu biótipo criado para Tia
Nastácia, outro trabalho criado pela Cia. Acredito que pudesse desenvolver
melhor a construção da submissa esposa do Senhor Vicente, até para valorizar
sua curva.
Clara Devi tem uma presença perfeita e compõe bons trabalhos
propostos pela direção, mas não alcançou a proposta de Lorenzoni. A velha que
viu, aqui denominada velha dos gatos, deveria ser mais assustadora. Romeu Waier
carrega o mérito em ter criado algo com muito pouco ensaio. Seu biotipo é
perfeito. Cléber Lorenzoni tem um grande mérito para mim, escolher e dividir
elenco. Uma pena que atores sejam tão geniosos e constantemente costumem e
equivocar acreditando que algumas de suas interpretações sejam maravilhosas.
Renato Casagrande só poderia ter feito Sanders Kid, no
entanto passou desapercebido o porque ele e o pai eram tão parecidos. Gosto
dessa possibilidade em escolher um texto e contá-lo com tantos códigos, em uma
explosão de sensações e emoções. Uma "sopa" gostosa de sorver.
A grande reviravolta na forma Máschara de contar a historia,
foi o momento em que percebemos que João de Deus é na verdade o menino Vicente,
em uma leitura quase non sense. Dessa vez não houve um Deus ex machina, foi um homem de carne e osso quem
solucionou o problema, mostrando que talvez o poder estivesse mesmo em Vicente.
Henrique Arigony adentra o palco com muita energia, uma força reluzente que só
lembro de ter visto no jovem Renato Casagrande e isso há mais de dez anos
atrás. Prazeroso ver também a entrega madura e muito clara de Felipe Brandão,
Cecília Moraes, e Bibi Prates. Os três pestinhas do circo divertiram-se
conduzindo a historia em uma doce brincadeira que Lorenzoni guia dessa forma,
como brincadeira, sem a obrigação de ser um espetáculo com o peso dos trabalhos
do Máschara mas ao mesmo tempo possibilitando às crianças a compreensão do que
é um bom teatro.
Outro destaque vai para Duda Martins que tem se mostrado
senhorita do palco. Ana Clara por outro lado, recebeu o papel da misteriosa
Joana, um papel envolto em uma cortina de fumaça. Quem é? Ana Clara já havia
participado de A Paixão de Cristo e parece estar a caminho de uma bela
trajetória no palco.
Julinha, Dudinha e Gabriele estão bem, devem trabalhar mais
a voz. Jakson vem evoluindo na Esmate e Valentina rouba a cena com um
magnetismo muito intenso. Parabéns pela participação criativa e pontual de
Douglas MAldaner. Pela cena divertidíssima de perseguição e pelo final
emocionante. Uma pena a iluminação e
alguns detalhes de figurino destoarem tanto.
O melhor: As crianças da ESMATE apresentarem um trabalho tão
bonito e completo.
O Pior: Alguns buracos no ritmo e nas entradas e saídas, a
iluminação simples demais impediu que o clima fosse mais intenso nas cenas
climax.
O Cavalinho Azul
Texto e adaptação -
Cléber Lorenzoni
Direção - Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande
Elenco: Henrique Arigony, Renato Casagrande, Cléber
Lorenzoni, Ana Clara Krammer, Raquel Arigony, Cecília Moraes, Bibi Prates,
Felipe Brandão, Velentina Chiesa, Jakcson Mello, Duda MArtins, Fabio Novello,
Julia Ciotti, Eduarda Carpes, Romeu Waier, Gabriely Nogueira, Clara Devi,
Douglas Maldaner.
Equipe Técnica - Alessandra Souza, Antonia Serquevitio,
Fabio Novello
amei apresentar
ResponderExcluiradorei sou incrível todos somos incríveis grupo maschara te amooooooooooo
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