1110-Dona Flica e seus dois maridos (tomo 2)

 Parece que dessa vez a reinha, ou não se inspirou, ou não gostou (argh), ou não suportou as reflexões que teve depois de assistir Dona Flica e seus dois maridos, então eu mesmo farei uma análise do meu trabalho, que é também trabalho de muitas mãos, e esse é o grande paradoxo. Pode parecer injusto eu mesmo analisar meu trabalho, no entanto, para construir bons trabalhos como os que o Máschara sempre bem produziu, é importante em primeiro lugar, ser auto crítico. Muito crítico. E eu sempre caminhei com a crítica muito junto a mim. Nunca me contento com esse ou aquela criação, preciso sempe refazer, mudar, transformar. Em busca do meu melhor e do melhor dos meus colegas, mesmo que isso seja extenuante, doloroso e até destrutivo em alguns casos. Pessoas não lidam bem com seus fracassos e incompetências, porém a arte sempre lida muito com isso. Eu não quero que meus atores se contentem com o que podem dar, essa é a regra para muitos artistas que colocam sobre o palco obras dolorosas de assistir, que desrespeitam as platéias e não as desafiam a querer mais. Todos temos direito é claro de errar, de não produzir sempre coisas boas, ou ainda de se equivocar. Mas esse equivoco só pode ser perdoado se for reflexo de uma falta de estudo, ou de uma reflexão profunda do artista, reconhecendo que não fez o seu melhor. 

   Dona Flica e seus dois maridos, nasce de um ousado devaneio desse roteirista, com o apoio de outros monstros sagrados que o teatro vem construindo: Renato Casagrande(AI, presidente) Fabio Novello (AII) e Raquel Arigony (II curadora), cada um com o desejo de produzir algo incrível e realmente importante. Cada um com uma trajetória, uma historia, um luta de anos, e quando falo luta, falo das dúvidas do ator, que as vezes pensa em largar tudo, do ator que quer e precisa ser amado e reconhecido por seu público, do artista que busca respeito de sua família, busca valor, para poder seguir na arte com dignidade. Busca reconhecimento de seus colegas e de seu diretor. Sobretudo, busca ter feito algo de útil para a sociedade. Busca felicidade!

   Foram dias de debate, de muita pesquisa, e essa pesquisa pode ser feita através de livros, citando alí Barba, Desramaux, Stanislavski, Artaud ou tantos outros; Também pode ser atravéz do bom censo, ou do impirismo; Pode ser através do ensaio, do erro e acerto e do olhar dos colegas. O ator muitas vezes não pesquisa, por que ele está sempre na duvida, será que é o que quero para minha vida? Obrigado artistas pelo tempo de suas vidas dedicados ao palco.

    A doce construção de Raquel Arigony é explendida, doce, suave. As vezes comete alguns equivocos ao improvisar, pelo meu olhar de diretor, no entanto o que soa equivocado a mim, pode ser visto como acerto aos outros. Arigony é uma atriz que estuda muito, lê muito e por isso produz muito. Tenho tido atores que nunca devoraram livros, ou que leram um e já se acham no direito de impor suas teses de forma orgulhosa e empafiante: "Sentem lá suas Claudias".  O jogo entre Beatriz e Flica é muito gostoso e as vezes, eu, no lugar que ocupo de ditador das leis sobre o palco de meu espetáculo, judio um pouco dos meus colegas, para os quais pesso benevolência. Fabio Novello é um ator com muitos pontos de vista, o que é ótimo, pois nos desafia a encontrar soluções em espaços para os quais não haviamos voltado nosso olhar. Pode ser considerado um ator aperreante para alguns, mas ao menos não é omisso quanto atores e atrizes que na tua frente parecem concordar, mas na primeira oportunidade, pelas minhas costas, reclama de tudo e são desleais, bancando os pobres injustiçados. Sim, há também isso no teatro. 

      Renato Casagrande rouba a cena, e é gostoso vê-lo feliz qual criança, recebendo aplausos e se encantando com seu sucesso. Renato Casagrande ainda pdoe afinar mais suas técnicas em cenas dramáticas, arrancar a lágrima da platéia com mais dor. Mas ainda mantendo sua alma infantil. Atores devem manter a alma juvenil em cena e talvez por isso, Casagrande faça tanto sucesso, no entanto, deve ser mais receptivo à criticas do diretor. Não diretor, pois nao se dirige pessoas, dirigimos carros, navios, atores nós guiamos! E como é bom guiar atores abertos, dispostos a receber o que o diretor está lhe propondo. Diretores ocupam um espaço dificil, bons diretores, precisam ver o resultado antes memso do espetáculo estar montado. Precisam pensar a frente dos atores. Eu enquanto roteirista, aprecio o valor da curva dramática. Talvez por isso o desenho de Dona Flica e seus dois maridos, seja extremamente técnico e semiótico. Uma primeira cena com muito drama, para segurar a platéia que no segundoa to verá um homem vestido de mulher tentando fazer um flerte com outros dois homens. Necessário que eles peguem simpatia pelos personagens na primeira cena. E dá certo! Depois das dores da Tia Flica virem a tona, aí sim, podemos trazer ao palco seus pretendentes e ir deixando-a cada vez mais fresca, ágil. Quando se é diretor, é necessário ter cuidado de muitas coisas mesmo ao estar em cena. Figurinos, maquiagens , adereços, cenários, triangulação, ritmo, iluminação, sonoplastia, texto, volume, ritmos dos outros, portuguës correto, plástica do espetáculo, e finalmente, platéia. Tudo se move ao mesmo tempo e para esse controle, você espera contar com sua grande equipe. Seus contrarregras, seu grupo de apoio. No dia em questão, havia no teatro, mais tres anciãos, mais cinco atores contrarregras, além dos amigos do máschara ou membros honorários. Quantos estavam preocupados em fazer com que a arte dê certo? A arte é frágil, impalpável, e facilmente esquecida. Ela ainda precisa lidar com a imaturidade, com a infantilidade, com a ingratidão, com a prepotencia e com a ignorancia. Tudo junto, o tempo todo. Atores que não querem se sujeitar, que acham que fazem muito por seu grupo, que apenas querem ganhar um troco, que acham que sabem tudo, mas quem nem sequer uma cena bem feita conseguem compor.

            Quanto a mim, primeiramente acredito que deveria ter criado um nome para a atriz Tia Flica no espetáculo, ou corre-se o risco de acharem que trata-se da vida da tia flica. Devo também ter mais cuidado com meu corpo cênico e me perguntar se em alguns momentos DOna Flica não está ágil demais. Cuidemos os quatro de nossos volumes. Mais exercícios de voz em ensaios por favor. 

                      Meus atores me perguntarão como estavam na luz, no som, na contrarregragem ou no apoio e lhes perguntarei: -Ficaram alfinetes no palco? Venderam ingressos? Aprenderam sobre luz e som? Varreram o palco? Reclamaram do horário em que foram ao teatro montar tudo? O que aprenderam? Foram gratos no final? As respostas lhe dirão tudo, se elas forem sinceras...

               Para o todo? Mais organização, mais leveza ao ouvir criticas, são elas que nos constroem. Mais paciencia, nada aprende-se no tempo do outro. Ensinar com mais calma e amor, pois o teatro rpecisa de amor para unir as pessoas sobre o palco, ou de ódio, no entanto o odio nao mantem por muito tempo. Veha as guerras, quando elas acabam todos voltam para os braços das maes, esposas ou filhos, em busca de amor! Dona Flica tem me ensinado muito ä não se entregar, seja uma gripe, uma dor nas costas ou a timidez, Dona Flica nos ensina a erguer a cabeça e seguirmos como tubaronas!!! Mas nao percamos o gracejo dos golfinhos, nem a mansidão das baleias, nem a constancia pacienciosa das tartarugas!


Dona Flica e seus dois maridos

Realização:Grupo Máschara

Roteiro e Direção: Cléber Lorenzoni

Elenco: Tia Flica, Raquel Arigony, Gauchão Influencer, Fabio Novello

Iluminação: Romeu Waier, Cléber Lorenzoni e Fabio Novello

Trilha Sonora: O Grupo

Operadores: Clara Devi e Romeu Waier

Figurinos: Renato Casagrande e Clara Devi

Contrarregragem: Antonia Serquevitio

Cenário: O Grupo

Maquiagens: Cléber Lorenzoni e Grupo

Portaria: Ricardo Fenner, Laura Hoover, Alessandra SOuza e Douglas MAldaner.

Produção: Ricardo Fenner e Raquel Arigony

Diretor de Marketing: Cléber lorenzoni

Designer Gráfico: Renato Casagrande

Redes Sociais: Renato Casagrande e Romeu Waier

Apoio: Dulce Jorge, Prefeitura de Cruz Alta e Radio Cruz Alta

Patrocinadores: ACI, Ponto do Livro e Oftalmodonto Clínica

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