1109- Lili Inventa o Mundo (tomo 119)

O Local é global...

                   "Não há como não deixar uma lágrima cair", ao ver o carinhosamente chamado "poetinha", há poucos passos de sua obra, Lili Inventa o Mundo. Em um banco de praça, seu lugar preferido quando andava pelas ruas de Porto Alegre. O projeto se chamava Quintanares, e educadores, apreciadores de poesia e artistas munícipes se dirigiram à praça Getúlio Vargas. Alí um momento muito divertido, para crianças e adultos se estabeleceu. Era visível aos olhos do público que havia algo de mágico acontecendo. 
                  Cidadezinha pequenina, não que o Alegrete seja pequeno, mas mantém sim, aquele clima de cidade dos cata-ventos. 
                 Lili Inventa o Mundo por Cléber Lorenzoni, sofreu muitas adaptações para chegar ao produto que vemos hoje. Com o texto, une-se a obra de Pé de pilão e outros signos que somente a cuidadosa adaptação do Máschara conseguiria produzir. A trilha cantada pelos atores, foi toda criada pela diretora Dulce Jorge a partir de grandes clássicos da música. Um espetáculo com mais de cem apresentações, o que é muito para um trabalho do interior. No elenco já teve grandes expoentes do Máschara, como Lauanda Varone, Angelica Ertel, Fernanda Perez e Gabriel Wink. 
                  Eu ainda me recordo da primeira vez que assisti na Casa de Cultura em 2007. Enquanto assistia, naquela época, viajava pelas possibilidades, pela criatividade, pela poesia. Claro que quase vinte anos depois, o espetáculo que se vê em cena é um "produto" muito diferente daquele levado ao palco há tanto tempo. Os atores são outros, as linguagens são outras, afinal o teatro precisa e deve adaptar-se a cada época, às transformações culturais. A poesia de Quintana é para não dizer eterna, atemporal. O poeta das coisas simples, das coisas da vida, o menino de aquário, que se torna o homem solitário que vai pelas ruas tortuosas com sua bengalinha. 
                Alessandra Souza interpreta uma Lili muito interessante, contemplativa, talvez mais semelhante à Lili de Esconderijos do Tempo. Renato Casagrande sobressai-se como sempre, com uma presença energética, viva! Clara Devi (**) adentra à cena como a Rainha das Rainhas, em uma atuação doce com é de seu feitio. Antonia Serquevitio (**) assumiu a personagem de Malaquias e lhe aconselho a estudar mais, e principalmente praticar o jogo com seu colega de cena Cléber Lorenzoni. Nicolas Miranda (***) adentra o palco em uma personagem que já foi de Alessandra Souza, de Tatiane Quadros e de Daiane Albuquerque. A escolha do interprete foi muito acertada já que Nicolas demonstra uma ótima caminhada como Fada Mascarada. 
Lili cumpriu sua função teatral, animou, divertiu com as gags e o ritmo do interprete de Senhor Poeta, mas principalmente, causou um efeito emocionante e significativo para a população do Alegrete. 
                Para entender os objetivos do espetáculo , seria preciso conversar com a direção, compreender seu olhar único existencial. Lorenzoni trabalha os elementos surpresas, o ritmo, a curva dramática e sempre, a partitura exagerada em ações corporais. O grupo não domina o uso da microfonia, e perde muito com isso. O que falta talvez a alguns artistas da CIA. é compreender que não basta ser razoável no palco, ou estar a sombra de uma boa direção. Não, é preciso ter recursos, soluções para bons improvisos, perspicácia, noção de mundo, técnicas, capacidade em dominar a audiência. 
                      Preciso elogiar a capacidade da equipe em encantar as crianças, manter viva a poesia de Mario, e as palavras finais do diretor, que emocionaram a todos. Lili Inventa o Mundo, é um espetáculo eterno.
                       A contrarregragem cumpriu seu trabalho, nas mãos de Fabio Novello  e Raquel Arigony(**). Convém sempre perguntar-se de que se trata uma boa contrarregragem. A equipe tem que sempre estar de olhos bem abertos, para que figurinos não se percam, cenários não destoem, adereços não se extraviem, e principalmente, para que tudo flua. 
                            Vida longa à Lili Inventa o Mundo!




 


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