A Roupa Nove do Rei e Complexo de Electra

                   

                                                               Embora seja filho de seu tempo, está mal o artista quando é também seu pupilo, ou ainda pior, seu protegido. Uma divindade bnéfica arranque em tempo o recém nascido ao seio materno e o alimente do leite materno de uma era melhor, passada ou futura... 

                                                                                 Schiller, Cartas sobre a educação estética da humanidade                            

                                                        Uma casa de cultura denominada Erico Verissimo! Quanto orgulho, quanta satisfação ver o nome de um conterrâneo em um espaço tão caro aos artistas. Aliás, é sobre isso que quero falar, essa troca. Essa conexão entre nomes, lugares, numeros e artes. Um festival (festa)  tem a função primeira de unir escolas, técnicas, gentes, públicos em prol de algo que os une. Aqui noi caso, unir pelo teatro, pela arte cênica. O teatro que é feito l''a no litoral, reflete o litoral, o teatro que é feito na serra, reflete a serra, o teatro da campanha, reflete a campanha e assim por diante. Como se agora nos reunissemos com gente que faz teatro na China, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Cada um faria seu teatro, de acordo com sua cultura, suas tradições, suas buscas. 

                                                E que prazeroso, conhecer a cultura  do outro, reconhecer nela o diferente, e o que nos iguala.  Eu não sou do palco, mas acredito que o prazer do artista quando encontra seu semelhante, deva ser indizivel. Claro que se tratava de uma competição, no entanto, essa competição deve ter mais a ver com dialogar sobre linguagens do que descobrir quem é melhor. A fala da banca, deve ser mais sobre levantar questionamentos e motivar do que apontar o que seriam erros. Se bem que erros na arte, são dificeis de justificar... Como a arte de alguem pode ser errada? Talvez o juri possa apontar interpretações medianas, ou situações equivocas... Mas não há como dizer que uma pintura em um quadro está errada, ou que uma bailarina não devia dançar dessa ou daquela maneira, ou que um bateirista não pode decidir pelo arranjo que bem entender... 

                                                               A cena é um presente que um grupo de pessoas criou dentro de uma sala e levou ao palco sagrado para nos apresentar, podemos apaludir, silenciar, vaiar, apontar, ou agradecer... Podemos debater em como aquilo repercute, ponto.

                                                              Cruz Alta esteve com dois espetáculos, ambos bons trabalhos. A tragédia escrita por Ivo Bender, que é pintura sobre uma parede de porcelana. Com atuações que me arrebatam. Cléber Lorenzoni e Alessandra Souza em grandes momentos. Renato Casagrande fazendo um embate violento, mas bastante contido se levarmos em conta sua trajetoria. A participação carinhosa de Gabriel Giacomini, a iluminação assinada por Fabio Novello e Vitoria Ramos, que foi pura alma. Dois nús em cena, que aliás por um moneto julguei ser Werner um deles. Lorenzoni e Souza muito trágicas, Novello belissimamente caracterizado. Arigony talvez um pouco cômica. E se a atriz me permitir um conselho, poderia encaminhar a personagem para o grotesco, o visceral, como o fez o proprio Sartre nos anos 40 do século passado. Quando esse autor escreveu sua versão de As Moscas em plena invasão nazista. A de se pesquisar Wolfgang Kayser ou François Rabelais. Mergulhar até no proprio Robert Wilson. MAs enfim, o teatro de Lorenzoni, com seus melodramas, suas reviravoltas e o poder com que envolve a plateia, tem muito a ver com nada, ou seja, é seu estilo, sua linguagem e seus atores dela se apropriam e nos dão obras inéditas, talvez datadas, talvez ultrapassadas para o dito teatro contemporaneo. Mas o que é o teatro contemporaneo? Não seria capaz de apontá-lo, pois o contemporaneo hoje, é o ultrapassado amanhã. 

                                       Ainda dentro desse teatro, assistimos ao A Roupa Nova do Rei, um teatro que não infantiliza ou menospreza a capacidade da criança. Ao contrário, faz os pequenos  pensarem em como uam criança geniosa e mimada pode desiquilibrar uma casa inteira. Os paparicos e cuidados dos servos do palacio na tentativa de entreter o reizinho beiram a loucura, em um jogo gostoso de erros e acertos. Trabalho corporal acentuado principalemtne na dupla Renato Casagrande e Raquel Arigony. O ritmo é gostoso para adultos e crianças, e a grande viravolta final nos da esperança, ufa! -É só uma criança, ainda há tempo de educá-la. A transformação é rápida demais, talvez a catarze pudesse ser um pouco maior,  o reizinho pdoeria perder a amizade de Lady Zuzuh, ou quem sabe levar uma bronca de sua mãe, mas não podemos nos esquecer de que ele não estava realmente em um desfile real, era apenas uma historia sendo contada. É preciso sempre pensar nas sensaçoes causadas, nas impressões deixadas. Todos nós amamos a fantasia, as fábulas e o lúdico. Foi a herança meio torta que a infancia cultural atual nos legou. Serão anos até que ela se transforme, enquanto isso, vamos tentar fazer nosso melhor.

                        O melhor: A versatildiade fisica e sensorial de um grupo que em dois momentos em um mesmo dia, desaparece com os rastros de um teatro para corporificar outro.

                             O Pior: A falta de mais ensaios para colocar sobre o palco dois grandes trabalhos.


A Rainha

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