terça-feira, 20 de junho de 2023
domingo, 18 de junho de 2023
1107-Dona Flica e seus dois maridos. (tomo 01)
Teatro Útil
Sempre que tento pensar em um bom teatro, mergulho no resultado dos estudos de grandes encenadores ou pensadores do teatro, como: Antoine, Craig, Stanislavski, Copeau, Meyerhold, Artaud, Baty, Brecht, Vilar, Grotowski, e outros tantos. O teatro que todos eles me propõe, fala de uma criatura que evolui do espaço de criação de um hipotético personagem para interprete de si mesmo. O espetáculo que estreou ontem, fala muito sobre esses interpretes de si mesmos. Um teatro com quatro atores maduros, todos eles com mais de quinze anos de envolvimento com a arte teatral. Atores maduros emanam respeito ao palco, pisam com segurança e consistência. No Máschara, a mais jovem é Raquel Arigony, que ainda assim, dividiu o palco com Cléber Lorenzoni de igual para igual, triangulando de forma certeira. Sua cuidadora conseguiu ser amorosa sem parecer piegas, ou seja, em nenhum momento subestimou a capacidade de sua paciente. Talvez ela devesse estar menos ausente durante os encontros entre a assistida e seus pretendentes, por outro lado, é de sua audaciosa iniciativa em desafiar a anciã, que nasce uma nova Flica. As composições dos anciãos, são sutis e elegantes. Ainda que Flica e Gauchão sejam personagens que já existam, Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande os colocam em situações inéditas criando ali nuances novas de suas criaturas anteriormente engendradas. Interessante como a criação de personagens no teatro contemporâneo, divide-se em três linhas, sendo elas: a encarnação, o distanciamento e a interpretação de si mesmo. Nessa ultima, o ator mal se transforma, usando muito de si mesmo para aproximar-se da assistência. Flica e Gauchão já são conhecidos do público o que é um dos pontos positivos da peça. Fabio Novello por outro lado, compôs em poucos ensaios uma figura divertida e coerente. Aliás o aparato todo diz muito sobre a sensibilidade depositada à obra.
Dona Flica e seus dois maridos, é o quadragésimo segundo espetáculo da CIa.Máschara de Teatro e o 39º sob direção de Lorenzoni, se levarmos em conta os espetáculos da escola de teatro do Máschara- ESMATE. É interessante como o teatro é vivo, surpreendente e livre de rótulos, o que mais me atrai, aliás, na arte do teatro é que há sempre um novo mundo a disposição das plateias, de acordo com a criatividade de cada diretor. Lorenzoni é um diretor que brinca muito em cima das incoerências coerentes. Faz piada com nossos achismos e nos surpreende com coisas que jamais imaginaríamos ver em cena.
Em meio ao evento sobre a "maior idade", para o qual fui convidada, o teatro acrescentou muito, seja nas dores, seja na singeleza, seja no gracejo. Rimos, não da velhice, mas das situações pelas quais os personagens passam. O espetáculo nos provoca a pensar na sexualidade e na paixão na maior idade. Lembranças tristes são convidadas a aterrissar, aliás, essa é uma das principais características do Máschara, driblar nossas vontades e nos empurrar para abismos, intercalados com o riso.
A dona Flica, tão conhecida na praça, comandando a feira de livros, possui um passado, com irmãs, uma mãe zelosa, uma sobrinha que está nos Estados Unidos e um lar. Já na primeira cena o elenco nos faz chorar, nos afasta da zona de conforto e nos coloca em contato com nossas maiores dores, que na maioria das vezes está escondida em nossos armários mais íntimos, a falência física e mental de nossos pais.
Talvez pudesse pedir à Raquel Arigony e Fabio Novello que enfrentassem, no bom sentido a plateia, trazendo mais o olhar para a audiência. Volumes também devem ser trabalhados para não haver discrepância.
O figurino e a trilha sonora compõe muito bem a ideia proposta, embora a velhice caminhe bem com as musicas atuais! O figurino é bastante óbvio e não tem nenhum grande achado. Palmas para as trocas rápidas e elegantes de Dona Flica que adentra o palco como uma vedete ou como a diva contemporânea que o interpreta.
Para encerrar preciso ainda elogiar a disponibilidade de um grupo que cria e produz, tanta arte, sem ônus algum, pelo único interesse de colocar atores no palco e nunca deixar o teatro adormecer.
O Melhor: A escolha do elenco.
O Pior: a iluminação que não auxiliava o espetáculo em nada.
Dona FLica e seus dois maridos
Texto e direção: Cléber Lorenzoni
Elenco: Cléber Lorenzoni (***) Fabio Novello(***) Renato Casagrande (***) Raquel Arigony (***)
Trilha Sonora: O Grupo. Operação: Clara Devi (**)
Iluminação: O Grupo
Contrarregragem: Antonia Serquevitio (*)
Figurinos : Renato Casagrande e Clara Devi
Cenário: Cléber Lorenzoni e Grupo
Caracterização: O Grupo
sexta-feira, 16 de junho de 2023
Espetáculos do Máschara
| Breve História de um Grupo Teatral |
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| Gênese (1992-1999) |
01 | 1992 -Um dia a Casa Cai- Texto de Ivo Bender –(comédia) |
02 03 | 1993 – A bruxinha que era boa –Maria Clara Machado –(comédia infantil) |
04 | 1994 – O dia em que Júpiter encontrou Saturno – (esquete) |
05 | 1995 –Cordelia Brasil – Texto Antonio Bivar –(tragicomédia) |
06 | 1996 –Bulunga o Rei Azul- Texto Dulce Jorge –(fábula infantil) |
07 | 1997 –Um dia a Casa cai- Remontagem (comédia) |
08 | 1998 – Dorotéia -Texto de Nelson Rodrigues – (farsa trágica) |
09 | 1999 -O conto da carrocinha – roteiro de Cléber Lorenzoni – (clown) |
| Fase Clássica (2000-2004) |
10 | 2000- Antígona -Texto de Sófocles – (tragédia grega) |
11 | 2001-Tartufo- Texto de Molière (comédia clássica) |
12 | 2002- Macbeth-Texto de Shakespeare (tragédia-elisabetana) |
13 | 2002-Feriadão – Texto de Hércules Grecco (educativo-infantil) |
14 15 | 2003- Bodas de Sangue- Texto de Lorca (tragédia rural) |
| Fase Literária (2005-2008) |
16 | 2005-O Incidente- da obra de Erico Verissimo-(Realismo Fantástico) |
17 | 2005-O castelo Encantado – da obra de Verissimo (comédia infantil) |
18 | 2006-Esconderijos do Tempo-da obra de Mario Quintana(Drama) |
19 | 2006-Lili Inventa o Mundo - da obra de Quintana ( infantil) |
20 | 2007- Um Inimigo do Povo -da obra de Ibsen (Drama) |
21 | 2008 -Ed Mort -da obra de Luís Fernando Verissimo (comédia) |
| Construção de uma personalidade (2009-2015) |
22 | 2009-A Maldição do Vale Negro- Caio Fernando Abreu(melodrama-besteirol) |
23 | 2011-As Balzaquianas-Inspirado em A rainha do rádio-(tragicomédia) |
24 | 2011-Deu a Louca no Ator-Texto de Antonio Fagundes (Comédia) |
25 | 2012 - Os Saltimbancos -Texto de Chico Buarque (musical infantil) |
26 | 2012- O santo e a porca -texto de Ariano Suassuna(comédia) |
27 | 2013-A Serpente -texto Nelson Rodrigues-(Tragédia carioca) |
28 29 | 2015-Olhai os Lírios do Campo-Erico Verissimo (melodrama) |
30 | 2015-Zah Zuuu -Roteiro de Cléber Lorenzoni (clown infantil) |
| ESMATE (2013-atual) |
01B | 2016-Confusões e Trapalhadas na Villa Pantalônica |
02B | 2017-Bruxamentos e Encantarias -Texto Lorenzoni-(comédia infantil) |
03B 04B 05B 06B | 2018-Lendas da Mui Leal Cidade-Texto Lorenzoni e Casagrande(Drama histórico) |
| Grandes Espetáculos a céu aberto (2017-atual) |
31 | 2017-A maior História de todos os tempos -Texto de Lorenzoni (Paixão 1) |
32 | 2017-A história da família de Nazaré-Texto de Lorenzoni e Casagrande(Auto 1) |
33 | 2018-As Mulheres ao redor de Cristo-Texto de Lorenzoni (Paixão 2) |
34 | 2018-Um milagre de natal (Auto 2) |
35 | 2019-Cristo-Texto de Lorenzoni (Paixão 3) |
42 | 2022-O Menino entre o bem e o mal (Paixão 4) |
43 | 2022-La Sacra Alegria (auto 3) |
| Maturidade (2016-atual) |
36 | 2016-Complexo de Elecktra-Adaptação de Ivo Bender (Tragédia) |
37 | 2017-A roupa Nova do Rei- Da obra de Andersem (Conto Infantil) |
38 39 | 2019-Tem Chorume no Quintal (Comédia educativa) 2018-Infância Roubada 2022-A historia da boneca Emília |
40 | 2020-O Menino do Pastoreio |
41 42 | 2021-O Grande Circo Mágico 2023-Dona Flica e seus dois maridos |
| Audio-Visual (2020) |
01C | 2020- Contos do Vovô Erico - cinco episódios |
06C | 2020- Lendas da Mui Leal Cidade- (episódio 1) |
Em Itálico os espetáculos fora de circulação*




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