1101-Paixão de Cristo - A Mãe do Redentor (tomo III)

 Dor...

Revolta...

Tristeza...

Culpa...


                           Muitas são as emoções que me ocorreram na noite de teatro em Quinze de Novembro...Certamente a purgação a qual fui exposta  me fez sair mais leve, mais tranquila do teatro, a ponto de chegar em casa e dormir um dos sonos mais leves de que me lembro. Ao contrário das outras noites em que assisti o espetáculo nessa temporada, nesta quinta feira, esqueci a analise por um momento e tentei absorver apenas as emoções.

                                            Atores e não atores, grandes atores e pequenos atores, atores de carreira e principiantes, todos deram um show. Um espaço tão confortável para assistir a mise en scene que quase esqueci que o espetáculo fora feito para a rua. A narrativa pode ser dividida em dois grandes atos, um prólogo e um epílogo, bem a maneira Cléber Lorenzoni de compor sua dramaturgia. Compreendo a tentativa de tornar a Maria principal ainda maior com sua grande túnica azul "royal", mas não é necessário, a mãe do redentor é enorme, ocupa todo o teatro. Vi em Alessio o gozo, a dor e a gloria, todas as três estações do rosário.  Eliani Alessio (***)  aspergiu luz sobre todos com uma interpretação salutar, talvez não precise subir tanto na cena em que ergue Jesus no chão da corte, ali funciona mais a altivez! Esta Paixão de Cristo é sem duvida feminina. Não pelo número de mulheres em cena, ou pelo texto, mas pela presença das atrizes e como a dramaturgia as coloca no palco. As irmãs da Bethânia (***)destacaram-se muito hoje, talvez pela disposição dos palcos. Haviam colunas, várias e elas deram todo o charme ao espetáculo.

                                                    Cléber Lorenzoni (***) deve ter mais cuidado com pão que fica caído no chão e que ao final quando me aproximei mais, julguei ser alguma escatologia. Veja bem, o vinho que escorre quando jesus fraqueja é lindo, mas não fica bem depositar o pão dentro do Santo Graal.                                                                   A iluminação estava diferente, mérito de Vitoria Ramos(***), Angelica Ertel (***) e da equipe técnica. Contra-luz é obrigação no bom teatro!  A trilha funcional carece de silêncios, algo para se pensar para 2024. Parabéns sobre tudo pelos detalhes, as riquezas cênicas, o econômico e o luxuoso. Paralelos maravilhosos. A plástica do espetáculo está tão refinada, funcional que mesmo olhando fotos, você já tem uma aula de artes. Parabéns Lorenzoni, Casagrande, Novello (***)e Devi(***). Ouso dizer que é o ano mais lindo no quesito plástica. 

                                                     Quando escuto a grande atriz Angelica Ertel cantando, me questiono o por que não há mais momentos assim no espetáculo. 

                                                A participação da menininha foi linda, mesmo sabendo que ela faz parte da família Máschara. A gana, a intensidade de Alessandra Souza(***), a força do SInédrio, apenas prejudicada pelo bolo humano entre Anaz e Kaifaz(**) . Algo deu errado ali, não?  

                                                   Hoje percebi melhor o paralelo entre a benção entre os primos crianças e depois adultos. Parabéns Rento Casagrande pela facilidade em fazer tantos personagens. Salomé (***) é demoníaca, abraçando jesus fazendo-nos acreditar que o acolherá, e depois brincando com ele como gata e rato. Ainda um grande elogio a equipe por trás das cortinas, soube que são três queridas Marli, Luana e Neiva (***). Os irmãos Prates destacam-se pela humildade com que recebem conselhos e dicas da direção, e a rapidez com que se adequam ao que lhes é pedido.

                                                   Para encerrar, parabéns Cléber Lorenzoni por reinventar-se com seu jesus louro. 

                                                  O melhor: todas as interpretações femininas. Destaque para a entrega de Antonia Serquevitio.

                                                  O Pior: as dublagens equivocadas de vários atores.



Arte é Vida





 

 

                                            

Comentários