1072-A Roupa Nova do Rei (tomo 5)

 Força na Peruca



                                  Nem todos estavam de perucas, mas todos tinham adereços de cabeça, e precisou de muita força para manter todo o público concentrado na cena... O virtuosismo do aspecto visual, com figurinos bem acabados, propostas de cores, cenário bastante alegórico e usual. 

                                   A historia se passa dentro de um castelo, e embora a linguagem e os termos nos remetam ao universo monarquico, faltou algo de castelar para tornar mais crível esse universo. Douglas Maldaner estreou com presença cênica forte, mas precisa de mais organicidade, fazer parte do elenco, mergulhar de verdade.  Interpretar um ministro, em uma monarquia, é no mínimo um desafio ousado, que vai ajudar na preparação para quaisquer peças castelares. 

                                          Raquel Arigony e Alessandra Souza, interpretam grandes mulheres, uma que se sobrepõe à Mulec e outra ao reizinho, embora ambas as atrizes passom triangular ainda mais. O mérito de Arigony em Roupa Nova, está principalmente na capacidade de ainda que sem o uso da fala, consegue pegar a platéia. 

                                             Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande são senhores do palco. Ambos bebem de um rio de possibilidades, poderes, domínios, ritmos, e nuances. A viravolta final emociona, quando a grandiosidade do menino mimado, torna-se uma humilde reverencia ao "poder absoluto". Raquel Arigony merece aplausos, por interpretar um tipo, um personagem e um arquetipo/estereótipo. 

                                              O público de teatro não é preparado, ou seja, busca-se crianças e jogam-nas dentro do prédio e teatral e dizem: -Assistam isso sem fazer barulho! Interajam! -Ou seja, a criança não ao certo sabe o que está fazendo ali. Isso por que falta a criação de platéias, para tentar resolver um pouco isso, o máschara criou em Cruz Alta o projeto dia "D", para tentar debater junto ao público jovem, o que é teatro, claro de uma forma muito sutil, mas que prepara o público de amanhã. 

                                                O público infantil de Rosário pareceu ter sido empilhado dentro do Teatro, gritou, moveu-se, atrapalhou o colega sentado ao lado, enfim, não aproveitou a oportunidade única a sua frente. 

                                          Durante o espetáculo o elenco usou de todas as suas técnicas para tentar contê-los, Cléber Lorenzoni como reizinho, falou com o público. Renato Casagrande acellerou e cortou trechos. Alessandra Souza aumentou seu volume, no entanto nada foi capaz de contê-los, a não ser alguns trechos em que a própria  semiótica cumpria a função de prender os expectadores. 

                                                A linguagem verborrágica e por vezes retórica do espetáculo parece torná-lo mais adulto, mais voltado para o público jovem e não infantil. Talvez a dirção deva se impor mais ao circular com esse trabalho. Na parte técnica tranquilidade, iluminação corretinha, sonoridade agradável, embora pareça ter faltado personalidade.

                                       O melhor-Os sinais de Molière que Messie Flabeur interpretou equivalente a um prólogo.

                                           O pior- Certamente  a falta de ensaios que se mostrava presente com os problemas de alinhamento do trono e desalinho de figurinos,uma lástima que se constrastava com um trabalho tão bonito.



Cléber Lorenzoni (**)

Renato Casagrande (***)

Fábio Novello (**)

Alessandra Souza (**)

Raquel Arigony (***)

Clara Devi (**)

Douglas Maldaner (**)

Romeu Waier  (**)

                                              

                                               

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