1045 - A hora da Estrela -(tomo IV)

 O espelho tem duas faces.


                 Assistindo o espetáculo A Hora da Estrela e nostalgicamente recordando o projeto cena às 7, que foi sucesso durante quase 15 anos, eu devo parabenizar os artistas do Máschara pela iniciativa de retornar ao palco com espetáculo de teatro.  Ora, já estávamos suficientemente servidos de grandes espetáculos a céu aberto como A  Paixão de Cristo e o Auto de Natal mas espetáculos como este, em palco italiano, espaço concentrado, faz uma falta demasiada. Nós queremos nos emocionar no escuro da sala de espetáculos, queremos chorar baixinho ou rir até nos desfigurarmos, sem que estejamos sendo vistos ao ar livre. Precisamos nos exorcizar, nos catarzear...

                 A Hora da Estrela, um texto de determinada complexidade, escrito no século passado por uma autora na iminência de sua morte, e essa mesma escritora se coloca na obra como um anjo maligno muitas vezes que judia e maltrata sua heroína. Porém, a obra literária é uma, e a obra teatral outra. É preciso ter lapidação artistica para compreender essa máxima. O palco tem direção de Kleber lorenzoni! Sua Macaéa, e quando digo sua é pelo fato de que tudo sobre o palco perpassa a mente do diretor, ainda que haja o trabalho de atriz,é a visão do diretor que ergue das folhas do livro e triangula o esquema humano sobre o palco. Como dizia,a Macabéa do espetáculo tem um destino digamos, poético, distante da realidade nua e crua por assim dizer: nascer, viver, morrer, em Kleber lorenzoni tudo é mais dramático mis onírico: viver nascer sonhar arriscar morrer e transcender. Praticamente o destino do herói grego. 

                 Durante pouco mais de 60 minutos, quase nos chocamos com tamanha malvadeza gratuita direcionada a jovem mulher que veio do nordeste tentar a sorte (embora nem esse objetivo a pobre Macabéa parece carregar). Kleber Lorenzoni nos dá dois seres iguais: o feminino e o masculino, que se completam. Macabéa e Olímpico; se observá-los de perto, ambos tem o mesmo corte de cabelo e penteado, carregam a mesma simplicidade e buscam sem saber a mesma coisa: um lugar ao sol no sistema patriarcal em que vivemos. Já era de se esperar ver Macabéa sucumbir, mas  a cena consegue emocionar até os mais frios. Brinca-se muito em cima "daquilo", embora não seja comedia, nem drama, o que é A Hora da Estrela? Se não vejo ali comédia de costumes? Tragicomédia? Melodrama? Podemos ficar horas debatendo. 

                    Sem sombra de dúvidas um grande elenco, com grandes atuações. Laura Hoover está divina, e Alessandra Souza cumpre sua tarefa com postura de grande atriz. Aliás, a voz mais potente e bem pronunciada sobre o palco. A iluminação cresceu, amadureceu e o final foi só emoção!

                         Alguns atores estão enredados em volumes baixos e interpretações voltadas para o palco. É preciso quebrar a caixa preta. Ricardo Fenner está por exemplo com um hiato muito curto. Me parece que sua cena era mais recheada na ultima vez em que assisti ao espetáculo. Também acho que não convém se emocionar tanto, afinal ele não conhece a historia de Macabéa. Quem deve emocionar-se é a plateia. Maria da Penha, quando responde à Graça, equivocou0se e passou a informação de que é casada, o que destoa da ideia e do livro. Nãos ei qual o objetivo. As meninas radialistas precisam usar mais as "ancas" na proposta do diretor. O radialista parece mais vedete do que elas. 

                          Linda a cena das cartas do tarô, resumindo e unindo mitos, magias e crenças em um único espetáculo. Parabéns ao diretor que consegue orquestrar tudo em cena.

                              Para encerrar, eu convido todos, a se jogar, o palco deve ser o trapézio do ator. Precisa ser bom, doer um pouco e gelar a barriguinha!


                O Melhor: A interprete de Merlym Monroe

                O pior: Os volumes baixos.



Eliani Aléssio: (**)

Romeu Waiser (***)

Carol Guma (**)

Antonia Serquevittio (**)

Laura Hoover (***)

Douglas MAldaner (***)

Clara Devi (*)

Raquel Arigony (**)

Ellen Faccin (**)

Nicolas Miranda (**)

Vitoria Ramos (***)



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