1041,1042,1043,1044 - O Menino do PAstoreio (tomos IX,X,XI,XII)

                  Sempre que levei meus filhos ao teatro, me perguntei e perguntei a eles o que mais apreciavam, por que gostavam de ir. Criança tem um olhar verdadeiro e muito singelo sobre as coisas, simples mesmo. A gente que é adulto, fica procurando explicações, sentidos e até traços "perfeitos" nos desenhos. 
                A gente recebe uma informação no teatro, e logo procura compreender o que realmente aquilo quer dizer, sem se dar conta que muitas outras informações nas quais não estamos prestando atenção, estão sendo guardadas, assimiladas pelo nosso subconsciente, e são elas que dão sentido ao ato de apreciar a arte. Meu amigo Cléber Lorenzoni fala muito em recurso, saber observar, saber praticar a antropofagia , apreciando o que o outro cria.
                   No palco acontece magia, um fenômeno poderoso que nos faz crer em cavalinhos de madeira, em cadeiras que viram arquibancadas, e, atores que se transformam em dois personagens diferentes quando até a maquiagem é a mesma.  Oh! Uma cobra fez o cavalo de Nerencio derruba-lo! Formigas! Uma santa! Tudo é extremamente ágil, poderoso e rápido. Tudo é mágica. 
                    As crianças de hoje que se tornam as personagens da triste historia de ontem. O menino Nerêncio que hoje é patrãozinho, fora escravo, talvez em outra vida. A menina Olga que agora é sobrinha da empregada, um dia foi sinhá. E a vida é assim, feita de ciclos, de cores, de historias. Não se sabe oq eu aconteceu com o velho Estancieiro, ou com o menino Neco. Continuaram vivendo possivelmente, enquanto o vento soprou, enquanto o sol se pôs e fez seu giro pelo ar. E outras dores surgiram e outras pessoas nasceram, outras tantas morreram. E o mundo? Esse seguiu lentamente se transformando. E se transformou, pouco  em alguns aspectos e muito em outros. 
                     Meus filhos cresceram, assumiram profissões distintas, cada um em uma caminho, mas sempre apreciando a arte. Hoje levo meus netos ao teatro, ou eles vão com meus filhos. Fico orgulhosa e feliz, pois eles aprendem muito com o palco. Os ensinamentos são muitos, mas hoje vou elencar um: sorrir, receber as dificuldades da vida com frescor. Não se culpar ou culpar tanto os outros, enfrentar os problemas como os heróis sobre o palco. Uma coxia vai cair, uma cadeira não entrará em cena, uma luz se apagará, uma musica entrará fora da hora ou de forma explosiva quando deveria ser sútil. Não tem problema, a vida irá continuar. 
                           Por enquanto ficamos com as surpresas, como quando vimos o espetáculo com a proposta da troca de elenco em personagens que nosso cérebro já havia codificado. O Estancieiro de Cléber Lorenzoni trouxe um novo olhar sobre o coronelismo, quase enxerguei o velho General Firmino de Paula. Renato Casagrande nos deu quase um Neco de espetáculo Infantil, ambos os atores ensinaram muito um ao outro, e como é maravilhoso aprender com exemplos vivos. Ambos foram bem, não foram melhor por falta de ensaio. Mas um ator que adentra a cena interpretando sem ensaios um outro personagem e consegue ainda assim comandar a narrativa, merece todo o meu aplauso. 
                             Obrigada Grupo Máschara por nos dar tanto em troca de tão pouco.
                              O Melhor: A ousadia e ressignificação do teatro a cada dia, nãos e contentando com as respostas prontas.
                                  O Pior: O baixo número de adesão por parte das escolas.


Nicolas Miranda (**)
Clara Devi (***)
Raquel Arigony (**)
Antonia Serquevittio (***)
Vitoria Ramos (**)
               
                      
                     

Comentários