1038/1039/1040-O menino do Pastoreio (tomos VI,VII,VIII)

                           Sempre que se decide falar sobre questões sociais ou assuntos polêmicos, é necessário observar se há capacidade de controlar situações, que possam sair do controle devido à incoerência ou o falta de domínio das mesmas.  Questões raciais nunca esquentaram tanto os debates como na última década quando parece ser procurar sanar o problema centenário com gestos palavras o posturas ditas corretas ou politicamente incorretas. O menino do pastoreio é uma que vais e transformando de acordo com as épocas, embora assim seja o olhar que devemos ter com qualquer obra. O mundo vai mudando e o teatro deve mudar com ele. 

                            Hoje em dia quando se fala de menino do pastoreio, há quem pense que não devemos mais falar dessa historia. Eu por outro lado, penso que são essas narrativas pesadas, que levantam debates, que devem ocupar o palco. Mas e quando se fala em teatro educação? 

                              O menino do pastoreio passou por mudanças entre a primeira apresentação do dia e a terceira. O que nos dá o exato tom de que o teatro é verdadeiro, vívido. As interpretações de Nicolas Miranda e Cléber Lorenzoni nos dizem isso o tempo todo. O jogo entre os interpretes de Izidoro e do Estancieiro acabam por agregar uma deliciosa triangulação. O clima das interpretações começou um tanto fraco, estreia de de Raquel Arigony e Antonia Serquevitio, foi durante o dia se aprimorando. Interpretações bonitas, fortes. Clara Devi, para quem os "cartola" torcem o nariz em alguns momentos por causa da dicção precária. O prólogo lindamente iluminado em contraste com as fugas de luz e os pontos sombrios do palco. A musica lindamente escolhida em contraste com as vozes baixas em determinados momentos. 

                             Renato Casagrande é um grande ator sobre o palco, sua personagem é bastante intrincada nesse espetáculo, pois representa o Brasil Colonial com seus senhores de engenho e suas senzalas. Talvez na busca por mais leveza, possa pesar nas emoções. Clara Devi e Antonia Serquevitio podem se dedicar mais na dicção e nos volumes. Raquel Arigony precisa propagar o sagrado de forma mais perspicaz. 

                                    A equipe técnica, se o espetáculo pretende cumprir-se enquanto produto teatral eficaz, deve ser maior do quem um único técnico fazendo som e luz. 

                                         Para encerrar, um prólogo bonito, mas as vezes exageradamente perigoso em um espetáculo infantil/educativo.  Talvez o termo educativo levante muito debate, mas quando se propõe a levar teatro para alunos da rede pública, você está falando de teatro educativo. O diretor que pausa uma cena para educar o público (e o faz com muita elegância), está sim educando. E isso é bom, educar através da arte. Mas é preciso tomar cuidado para não estragar o assado. 

                                       O Melhor: A triangulação dos anciãos em cena.

                                            O pior: O texto baixo para um espaço de teatro tão grande.

                                         

Ficha Técnica:

Dramaturgia e Direção de Cléber Lorenzoni

Elenco: Nicolas Miranda (***)

             Cléber Lorenzoni 

             Clara Devi (***)

             Antonia Serquevitio (**)

             Raquel Arigony (***)

              Renato Casagrande

Contraregragem:

             Fabio Novello

Portaria: 

            Laura Hoover

            Ricardo Fenner

Apoio:

            Dulce Jorge

            

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