Os Saltimbancos -MXVI - (Tomo 14)

 Condor -Jantar da família - Escola Bruno Laux 

Julho de 2022


Qual a receita?

                  Quando eu era menina, e ia assistir espetáculos teatrais, o que mais me excitava, eram os toques (batidas de Molière). Havia algo de excitante naquele silêncio expectativo. Quando soava a campainha, você sabia que algo iria acontecer, algo que estava envolto em mistério, afinal de contas o teatro é algo que não existe, que está na cabeça do diretor. E então e estabelece, criaturas ganham formas, seres que questionam nossa lógica começam a se esparramar pelo palco. Sons, cores, vidas... 

                      Essa foi certamente a sensação do público de Condor, que foi se entregando conforme via os animaizinhos de Bremen irem surgindo de vários pontos do salão. Não havia um grande cenário, ou uma luz própria para o espetáculo. No entanto estabeleceu-se algo. Grandioso, poderoso, tamanha era a atração que exercia. 

                  Talvez o maior mérito seja das musicas que  Chico Buarque  produziu e adaptou de Luiz Enriques Bacalov ou  das letras de Sérgio Bardotti Bardotti, para a história inspirada no conto “Os Músicos de Brehmem”, dos Irmãos Grimm.

                    Talvez o mérito seja das coreografias criadas por Angelica Ertel, Roberta Correa, Alessandra Souza, Renato Casagrande, Gabriel Wink e Cléber Lorenzoni em 2012. 

                             Talvez o mérito seja do elenco formado atualmente por Cléber Lorenzoni, Alessandra Souza, Renato Casagrande e Nicolas Miranda. 

                         Os adultos viraram crianças, mergulharam no universo dos animaizinhos. Quem não se recorda da eterna frase : "Nós gatos já nascemos pobre, porém já nascemos livres"? Interessante como o mise en scene se estabelece mesmo com tão pouco. Uma placa e dois cubos de tijolinhos mal dispostos, nos mandava para longe de Condor. A energia dos atores sobre o palco e o magnetismo com que os atores do Máschara atraiam a audiência são invejáveis. 

                             Claro que problemas técnicos de operação de som, um cano e um tecido xadrez em um canto do palco, foram notados. É preciso sempre dar o melhor. A equipe toda. 

                               Os Saltimbancos  (2012) vai completar dez anos, e talvez o Máschara não perceba o potencial desse "show", nós adultos que voltamos a ser crianças babamos tamanha a "fofura" do trabalho. Há alma, há construções de personagens muito bem feitas, talvez que ultrapassem as necessidades do espetáculo. O figurino assinado por Cléber Lorenzoni e Renato Casagrande são uma graça. E se um espetáculo como esse, tão simples e com tão pouca muleta consegue prender adultos e crianças, é por que teatro é antes de tudo atuação. E nisso o elenco de Os Saltimbancos está de parabéns.

                           O Melhor: A energia carinhosa com que os atores interagem com o público após o espetáculo.

                               O Pior: A sonoplastia com problemas sérios em um espetáculo onde a dublagem é o mote mais importante.


Elenco:

Renato Casagrande

Cléber Lorenzoni

Alessandra Souza

Nicolas Miranda (***)

Contra-Regragem:

Fábio Novello

Clara Devi (*)

Antonia Serquevittio (**)


                                  

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