Chico Buarque ao escrever o argumento de Os Saltimbancos, parecia querer mudar o mundo através das crianças. Provavelmente não alcançou seu intento, mas na apresentação de hoje, ao menos tocou todas elas. Sim, as crianças estavam mergulhadas, apaixonadas pelos quatro animaizinhos, primos certamente dos "Músicos de Bremen".
O Jumento de Renato Casagrande, embora as vezes pareça um tanto tolhido, consegue segurar a plateia e fazer as vezes de narrador. Tudo colabora para algo simples e delicado. E mesmo sobre uma carreta, em meio a uma tarde fria de inverno, a estética do espetáculo vence. Enreda o público e comove, adultos e crianças. Aliás, ouso dizer que são os adultos que compram a ideia, que se deliciam voltando a ser crianças. As complexidades politicas que o texto traz, ficam de lado. Cléber Lorenzoni parece não querer falar daquilo para o que o texto foi realmente escolhido. Resta-nos algo na entrelinha, carregada de dança e características animalescas.
A galinha de Alessandra Souza, e a gata de Cléber Lorenzoni são o ponto alto. Os dois grandes trunfos. Até por que Nicolas Miranda ainda precisa alcançar a potência dos colegas mais antigos. Prender melhor a peruca, de onde durante todo o espetáculo, pareciam querer fugir alguns fios de deu próprio cabelo.
O espetáculo enredou o público, seduziu, e foi aplaudido com calor de estreia. No entanto é preciso se colcoar na posição real do dia, entender o ambiente ao seu redor, e ter senso critico. Os Saltimbancos do Máschara, têm como público uma plateia cativa e disposta a se deixar levar pela admiração do Máschara. O que é maravilhoso. No entanto, o espetáculo apresentado passeia longe do espetáculo que estreou em 2012. Há uma preocupação quase nula com a estrutura. Os atores fazem um bom trabalho, mas como se estivessem fazendo um Stand-Up dessas personagens.
A dublagem que em determinado momento começou a falhar, coloca a prova um trabalho tão delicado, que perderá seu sentido caso o público não o escute. houve eu já soube, apenas um ensaio, o que não me surpreende já que o trabalho Máschara tem um selo de qualidade muito bem mantido. Nicolas Miranda vem se destacando por seu desprendimento, sua entrega, seus desafios.
A trilha sonora devia ter sido testada antes, nada explica o fato de durante o espetáculo, uma vez ou outra, sumirem as vozes de alguns personagens.
Parabéns a forma como os quatro atores interagem e são gentis com o público mesmo após o final do espetáculo.
O Melhor: O elenco afinado
O Pior: A equipe do Máschara que poderia dar apoio, mas ao contrario parecia perdida
Os Saltimbancos
Nicolas Miranda (**)
Douglas MAldaner (*)
Clara Devi (**)
Antonia Serquevitio (**)
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