(tomo 01) Paixão de Cristo -O Bem o Mal

                                         Há um interessante ponto de vista sobre o bem e o mal: Andam Juntos! Por outro lado, há aquele outro: Ninguém é só do bem ou só do mal... Expeculações. Sobre o bem? O teatro me pega pela mão e me da apoio e me conduz, e me da forças e me ergue quando estou caindo, aliás, assim é a arte, um respiro, um fôlego. O Mal: A forma como instituições e poderes tentam cercear a arte.

                                         Ontem observando a movimentação de atores e técnicos, me senti previlegiada por estar sempre seguindo esse grupo, por ver sua evolução. No quarto ano de A Paixão de Cristo, uma visivel percepção do crescimento, da capacidade criativa da companhia e da ousadia da direção. Planalto certamente nunca viu a céu aberto, ou mesmo fechado, algo tão poderoso nas artes cênicas e será que estava preparada para ver? Possivelmente não, e isso é o que torna a arte única, essa capacidade e possibilidade de tirar as pessoas de sua zona de conforto, de surpreendê-las, de modificar o curso interno do ser humano. 

                                                          Mas era teatro, e para muitos não passa de uma brincadeira, uma frescurinha, um exibicionismo, ou algo bonitinho. Quem se chocou com a corte de Herodes, demorará muito para esquecer a potencia que é o teatro. 

                                                              Há em Planalto/RS uma construção católica que se assemelha há um grande templo pagão, o que o torna além de explendido,  um cenário perfeito para esse teatro clássico que buscou isnpiração no medieval, no gótico e no renascimento. As figuras criadas pela equipe diretora, me deram um banho  de signos que levarei algumas semanas tentando codificar. 

                                                              Completamente excitada com as possibilidades que a encenação propunha, ainda tive o prazer de observar reações das lideranças politicas do municipio, podendo ver exatamente o momento em que o choque acontenceu, pasmem, não foi na violencia exacerbada, mas no momento em que o sexo desceu sobre o palco. O palco aliás se torna a partir de meia hora de espetáculo, o portal do inferno, já que o demonio, interpretado por Renato Casagrande, caiu na Jerusalém de Cléber Lorenzoni. O Mal descrito no espetáculo é muito semelhante àquele descrito por Dante na primeira parte da Divina Comédia, onde aliás o pecado mais grave é a traição, representada aqui atravéz da interpretação eloquente de  Nicolas Maldaner. Lúcifer reencontra mais tarde o galileu já adulto e lá, onde se ergue o rio Flagetonte, de onde a lama parece puxar Jesus para os circulos concentricos, o discipulos se tornam escravos do mal em uma linda cena plástica. O Demonio com a cor da morte, a cor menos vista na natureza, já que ela indica  "morte" tem ares de peça infantil e isso ajuda na possibilidade mais humana da compreensão das ideias do espetáculo.

                                                                Aliás Dante encontrou no segundo círculo do inferno, no Vale da Luxuria, Cleópatra, que Lorenzoni usa como signo para a Salomé de Laura Hoover. Potente, energica e com um olhar que todas as atrizes deveriam ter. 

                                                                   O espetáculo com quase duas horas de duração, tem uma força maravilhosa, um encantamento, um tom delicado que vai nos envolvendo, e que arranca lágrimas, tamanha a beleza da última ceia. A paleta de cores em contraste com o branco de Cristo, a estola vermelha, uma marca do mal que acompanha aquele menino a vida inteira. Os universos bem dispostos. A corte de Herodes cujo apelo visual choca tanto quanto Sodoma chocava os isrelitas do antigo testamento. Até por isso, Devi, Serquevitio, Miranda e Heger, devem se conter quando estiverem em cidades pequenas, caso contrário afastarão o público. As cenas interpretadas no palco de madeira ficaram levemente prejudicadas devido ao tamanho e iluminação. No ambiente contrario, pareciamos estar em um Cesareu, a escrava, os soldados, a figura de Renato Casagrande em  um Pilatos com ares de Cesar, e lindamente  a estonteante Carol Guma, estreando com ares de grande prima-dona. Claro que ainda há muito pela frente da jovem atriz, e o conselho que dou, é que flua, e que aproveite e absorva cada exemplo, cada dica, cada situação. 

                                                              As dublagens como um todo, não estão boas, e as vezes é preciso diminuir o volume da incursão para que o erro nao apareça de forma tão alta para o público das primeiras fileiras. Stalin Ciotti veio com  força total, energia, e dominio de palco. Dulce Jorge também surpreendeu, dominando as escadas e correndo ao encontro do filho em uma cena que emocionou a audiencia. 

                                                              Outro mérito da direção é a capacidade de igualar as atuações, colocando cada um seu melhor lugar. Renato Casagrande tem um grande mérito nisso. Um olhar que ultrapassa a atuação e compreende como um todo o trabalho. A atuação de Lorenzoni por outro lado foi um pouco prejudicada, certamente pela preocupação com  seus atores. 

                                                                  O casal Herodes e a energia do extreante Pedro Henrique também merecem aplausos. Mas principalmente o todo, a arte do Mise en scene, que cumpriu seu efeito. Agora está começando a cair os primeiros pingos de chuva, torço que chova no domingo, para que a equipe descanse depois dessa atuação impactante. 

                                                  O melhor:  A estreia muito boa de um grande espetáculo com concepção incrivel e bem definida. E as participações intensas do elenco de apoio, que mesmo não sendo formada por atores do Máschara, ou alunos da ESMATE, fez bonito: Jesmar Peixoto, MArcel Prates, e  Leonardo Jorgelewicz

                                                   O Pior: A dublagem razoavelmente mal acompanha por grande parte do elenco.

Espetáculo: A Paixão de Cristo, o bem e o mal andam juntos.

Direção: Cléber Lorenzoni

Assitencia de Direção: Renato Casagrande

Adereços: Fabio Novello

Sonoplastia: Ellen Faccin

Cenario e Figurino: Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande

Coordenação Técnica: Fabio Novello e Ellen Faccin

Coordaneção de Elenco: Raquel Arigony e Antonia Serquevittio

Coordenação de Guarda-roupa: Renato Casagrande e Clara Devi

Coordenação de Adereços: Douglas Maldaner e Laura Heger

Produção: Cléber Lorenzoni, Ricardo Fenner, Fabio Novelo, Raquel Arigony, Romeu Waier e Renato Casagrande

Elenco: Cléber Lorenzoni, Dulce Jorge, Renato Casagrande, Carol Guma, Romeu Waier, Fabio Novello, Henrique Prates, Eliani Alessio, Stalin Ciotti, Laura Hoover, Douglas Maldaner, Ricardo Fenner, Nicolas Miranda, Laura Heger, Clara Devi, Antonia Serquevittio, Rick Artemi, Raquel Arigony, Pedro Lucas, Eduardo Fernandes, Jesmar Peixoto, MAria Eduarda, Anita Coelho, Allana Ramos, Bibi Prates, Leonardo Jorgelewicz, Marcel Prates



                  Arte é Vida



                                                                                                            A Rainha


Comentários