989/990- O Grande Circo Mágico - Ibirubá/RS (tomo 9/10)

 Nem Teatro, Nem Circo


                     Quem observa um evento de agricultura, cercado de maquinários e campo aberto, não imagina ver ali um movimento em prol da arte e educação. No entanto a sociedade vem cada vez mais intersetorizando o existir, criando conexões e unindo áreas, encontrando formas de inserir assuntos e temas diversos em espaços alternativos. Que bom! Precisamos de arte sempre, para no mínimo fazermos pensar...

                     Mais de quinhentas crianças, riram e se emocionaram com a obra de arte sobre o palco. Não era circo, nem teatro, e digo isso porque respeito muito essas duas, mas para mim O Grande Circo Mágico, tem a dualidade, por assim dizer, de um espetáculo mutável, em construção. Algo que nos lembra um show de variedades, um vaudeville moderno, ou seja, uma sequencia de atos, números interligados por uma historia simples. Certamente Cléber Lorenzoni quis testar algo novo que envolvesse o trabalho do artista Fábio Novello e conseguiu, de forma elegante, e com a marca do Grupo Máschara. 

                       Há é claro alguns problemas, dificuldades em colocar tantos artistas em cena ou em locais não preparados para esse tipo de espetáculo. Essas dificuldades apareceram, e na medida do possível foram resolvidas devido a algo de muito valor que o Grupo conquistou durante os tantos anos de sua trajetória: prática em  solucionar-se. Dentro das possibilidades de solucionar-se, eu fiquei muito admirada ao ver o passo profissional que o Grupo Máschara deu nesse dia, com adaptações, embora o Carlitos de cabelos louros de Cléber Lorenzoni tenha me surpreendido negativamente. A cena de trapézio fora do palco, Raquel Arigony adentrando de partner de Carlitos, Clara Devi substituindo a intérprete da Galinha, Eliani Alessio como Esmeralda, a cena de malabares com balões gigantes transformada, adaptada... Fiquei fascinada com esse novo capitulo do Grupo Máschara que me fala de adaptação e união. 

                         O espetáculo da manhã teve um pouco mais de adrenalina, talvez pelo tempo curto entre chegada, preparação e inicio. O tomo da tarde foi um tanto mais arrastado, mas ainda assim com ritmo razoável, principalmente a dobradinha Renato Casagrande & Fabio Novello.Romeu Waier me encheu de orgulho, principalmente pela forma como comandou o show, embora precise claro, estudar mais as possibilidades de um "animador de programa de auditório". Termos como "peladão", "como dói" e "que grande" são colocações que podem, veja bem, podem colocar em risco algumas cenas, dependendo qual será o público. É preciso ter sinônimos, variações para usar e principalmente um leque de vocábulos. Romeu Waier é bastante novo, um artista ambicioso e dedicado, desejo que se torne o melhor que puder ser. 

                             Outra versatilidade que merece ser mencionada é a de Nicolas Miranda, seu totó e sua passarinha brilham, ascendem na cena. São muitos talentos, Antonia Serquevittio vem caminhando para se tornar realmente uma interprete, Raquel Arigony e Clara Devi substituem de forma agradável em seus novos papéis e Eliani Aléssio marca vários gols como Esmeralda. Vitoria Ramos está ótima como sempre, mas precisa aprender a não aparentar quando algo não sai como ela deseja. O público só sabe que ouve erro, se quem está no palco propaga isso com expressões insatisfeitas. Dulce Jorge mantém elegantemente a mensagem que a direção do espetáculo lhe concede durante a cena do tecido e Laura Heger brilha não apenas em cena, mas também atrás das rotundas, essas diga-se de passagem, feias e desnecessárias. 

                                  Ellen Faccin assume com delicadeza e perspicácia a sonoplastia do espetáculo e prova que para a técnica também existe "talento". 

                                 Para encerrar é necessário lembrar que o espetáculo é repleto de adereços, todos expostos a estragar, quebrar, perder-se, por tanto são necessários cuidados redobrados. O balão que estourou arrancou-me suspiros pesarosos e a túnica da Deusa dos tecidos, não poderia ter ficado jogada a um canto do palco e sim tirada por uma das passarinhas e recolocada ao final do numero.                                                Observando as capacidades das atrizes Raquel Arigony, Clara Devi e Eliani Alessio, permito-me dar uma dica aos anciãos do Máschara, acredito que após o restabelecimento da atriz Raquel Arigony, Clara Devi poderia retornar a sua Chaplita, Raquel Arigony retornar a sua Esmeralda e Eliani Alessio assumir a personagem de A Galinha. 

                                    Aos palhaços cabe: menos violência, mais tempo com o número da cestinha de ovos e menos perdas de piadas. 

                                      O melhor: (***) Certamente os artistas de Panambi, valorizando o espaço que tem nos espetáculos do Máschara. 

                                             Arte é vida


                                                           A Rainha

O Grande Circo Mágico

Direção: Cléber Lorenzoni

Assistência e preparação Circense: Fábio Novello

Elenco: Cléber Lorenzoni, Raquel Arigony, Renato Casagrande, Fabio Novello, Romeu Waier, Clara Devi, Vitoria Ramos, Antonia Serquevittio, Dulce Jorge, Laura Heger, Nicolas Miranda, Eliani Alessio.

Contraregragem: Eduardo Fernandes MAchado

Técnica de Som: Ellen Faccin  


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