957/958/959/960 - O Grande Circo Mágico - Tomos 4/5/6/7

 Dia de Circo


                        Um dia inteiro de circo, e essa senhora pode ter várias opções de entretimento, embora domingo vá voltar aos bancos do teatro. O diretor propagou a todos que é circo, eu vi teatro! Um show teatral homenageando o circo. Um show elegante com trilhas lindas como Smille, composta por Chaplin para o filme Tempos Modernos e imortalizada na cena final com Charles Chaplin e Paulette Goddard. Músicas também de Chico Buarque e Edu Lobo. Um encanto, um arrojo. Para mim que sou avó, uma maravilha levar as crianças à uma apresentação que não subestima e nem infantiliza desnecessariamente os pequenos. Por isso mesmo uma atração para toda a família. 

                        Cléber Lorenzoni, Renato Casagrande e Fabio Novello nos deram uma obra impar, que mescla muitas coisas, mas que tem uma única assinatura, e ela fica visível na forma com que a direção encaminha a narrativa. Um clown tem um encontro marcado, em um lugar mágico e antológico: O circo! Uma vez no picadeiro ele se perde em meio a fantasia,. a alegria que o circo traz, ao fim do espetáculo ele ainda não encontrou a pessoa amada. Pois a vida é cheia de desencontros, não existe final feliz, mas existe sim o amor, a saudade e a lembrança dos momentos bons. A Personagem de Clara Devi vai embora e deixa apenas um retrato, onde ironicamente  a beldade está de mascara de clown, imediatamente Chaplin vai embora, para dentro do picadeiro. Não há final feliz... Há a serenidade de que a vida segue, afinal o show não pode parar...

                       Há apenas duas personagens nesse lindo espetáculo, Chaplin e sua apaixonada; ela pode nos dar mais contexto... Ela pode sentir mais, procurar mais. Preciso elogiar essa bela jovem atriz, quem encerrou com chave de ouro decidindo ficar no circo com Chaplin. Duas personagens que falam de esperança de simplicidade e de encantamento.

                       Os outros são todos tipos! Figuras que não se transformam. Transformaram-se antes, na busca pelo aprimoramento de seu número. Esse espetáculo que em dois dias, nasceu, cresceu e amadureceu, nos deu bons números. Bons artistas. Amadurecimento. Na linha de frente, muito bem posicionados, o corpo de anciãos. Atores maduros, com carreiras solidificadas. Logo depois os jovens atores do Máschara, cheios de energia e com grandes desafios: Raquel Arigony, Clara Devi e  Laura Heger. Consistência e responsabilidades. A direção precisa que elas se tornem cada dia melhores. Para encerrar, alunos da ESMATE e convidados. Nicolas Miranda, Antonia Serquevittio, Romeu Waier e Vitoria Ramos. Cléber Lorenzoni selecionou talentos e ao que me consta bolou muito rápido um roteiro eficiente. 

                          Animais, canções, bambolê e fita, Tudo em prol do circo!

                          Mas quero falar é da Fogueira das Vaidades... Ela é que pode estragar tudo. As disputas pelos melhores papéis, os inconvenientes, as discussões de atores que querem ser líderes, que julgam que suas ideias são melhores que as de outrem, ou ainda os jovens atores querendo ter mais espaço do que o espaço que merecem... Só a capacidade em enfrentar tudo isso, somado a capacidade de dar espaço e luz a tantos artistas, torna o Máschara essa força inenarrável. Atores buscam espaço, buscam lugar de fala, já que são comunicadores. E o teatro é generoso, para quem é intenso e verdadeiro, quem se doa a ele. 

                           E ontem vi muita doação. Doação de colegas, doação de família que vibra junto.

                          O jogo entre os clowns,( por favor, não digam amis palhacinhos), e entre os palhacinhos e o apresentador. O número dos ovos foi melhorando a cada apresentação e ainda pode render muito. Romeu Waier precisa tomar mais cuidado com a dicção.  Exija de seu orientador mais exercícios vocais. Raquel Arigony pode buscar mais tônus, já que falamos aqui de uma dança quente, embalada pela tauromaquia. 

                             É preciso também sentir o público, eles por exemplo, comandaram uma das encenações,  e talvez tenham deixado Beatriz um tanto nervosa. É preciso sentir a plateia e nunca, nunca duelar com ela. Nesse caso o interprete sempre sairá perdedor. 

                           Foram sessões que mereceram lágrimas, o menino da plateia que teve o privilegio de conhecer os bastidores, a belíssima cena de malabarismo com balões gigantes, ou ainda Dulce Jorge entoando Beatriz (ainda que dublando sua própria voz) enquanto Antonia Serquevittio dança nos ares. 

                                  O circo luta com a gravidade, com a força, e nos dá beleza, apuro. Parabéns a cada artista que nos encantou nessa sexta feira, e embora estivessem exaustos, lutaram para se manter íntegros sobre o palco durante o dia inteiro. Mas cada um segue com mais desafios. Alessandra Souza dançar melhor, Vitoria Ramos não mover nem um fio de cabelo enquanto boneca, Clara Devi falar mais alto, Romeu Waier saltitar mais pelo palco, Antonia Serquevittio sorrir mais em Beatriz, Laura Heger e Nicolas Miranda trabalharam mais a força contrária na cena dos balões, Cléber Lorenzoni aumentar seu número no trapézio...

                                   Trabalho bom para todos! Atuar é viver o novo a cada dia e jamais se contentar com o primeiro acerto, para não cair no lugar comum da acomodação. 

                


                                     O Mlehor: A rapidez com que alguns atores trocam de roupas e se transformam.

                                     O pior: O holofote caindo quase sobre as crianças em uma das apresentações.


Dulce Jorge   

Cléber Lorenzoni

Alessandra Souza

Renato Casagrande

Fabio Novello     

Clara Devi(**)(***)(**)(***)

Laura Heger(**)(*)(***(**)

Raquel Arigony(**)(*)(**)(**)

Nicolas Miranda(**)(*)(*)(***)

Antonia Serquevittio(**)(**)(***)(**)

Vitoria Ramos(**)(**)(**)(***)

Romeu Waier (**)(*)(**)(***)

             


Arte é Vida



 A Rainha

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