953- Os Saltimbancos - Tomo 35

                        Quando Chico escreveu em 1977 o musical Os Saltimbancos, imaginava que as crianças salvariam o mundo. Um mundo confuso e perdido, que aliás segue até os dias atuais. O espetáculo coloca em cena o que seria: Um trabalhador, um soldado, uma dona de casa e uma artista. A plateia não tem uma noção clara disso, por que por escolha da direção, os animais são animais, o que é um diferencial e uma armadilha. Leva-se para casa lições de convívio, porém muito pouco sobre politica. Embora politica seja sempre a base do bom convívio. Tudo é politico aliás. A começar pelo teatro. 

                                  Quando falo, digo que teatro é politico, não me refiro aos textos, ou roteiros, esses também se referem, mas o âmago politico está em como se dá o acontecimento teatral. A preparação do espetáculo, a capacidade de um grupo reunir pessoas e colocá-las a serviço da comunicação. O diretor aqui, é capaz de reunir artistas de pontos de vista, muito distintos e reuni-los em prol de uma boa causa. A Arte!

                              Tucunduva nunca havia recebido um espetáculo do Máschara, e que bom, e que necessário... Não foi o melhor do Máschara que eu indicaria para uma iniciação ao bom teatro. Começaria por Lili Inventa o Mundo. Mas de qualquer forma, Saltimbancos cumpre sua função cênica e filosófica.

                                    Interessante que embora Chico queira que as crianças assumam o controle do mundo, eu  me pergunto se as crianças conseguiriam tal proeza. Bons sentimentos elas tem, é claro, mas será que seriam capazes de assumir as necessidades politicas e de liderança de uma civilização? As gerações sempre se propõe a mudar o mundo; algumas conseguem evoluções, outras acabam por se curvar às obrigações convenientes.

                                   O desenho cênico do espetáculo é muito simples e cumpre sua finalidade, de viajar, de ser mambembe como Lorenzoni gosta de mencionar. Mas de certa forma, o todo é um tanto medíocre, e precisa ser assim para dar certo e mais, para ser funcional. As cenas são grotowiskianas, e da certo, pois termina no tempo certo. Mais dez minutos de espetáculo e as crianças já começariam a se cansar. Mérito aqui do trabalho corporal da trupe. 

                                  O Maniqueismo presente no espetáculo, é deixado de lado nessa versão, e as pantomimas animais assumem um jogo de poderes muito interessante. Stalin Ciotti e Cléber Lorenzoni revelam um jogo muito preciso. Alessandra Souza pode ser mais dançante e Renato Casagrande caminha em busca de boas descobertas. 

                                          O final é muito repentino e parece uma fácil solução que deixa a desejar. Por outro lado, se observarmos o espetáculo como entretimento ao público de escolinhas, ele então, sagra-se.  

                                       Clara Devi assume a contraregragem e contou com o apoio do estagiário Nicolas Miranda. Ambos se dedicaram bastante, mas pelo que soube, ambos continuam maquiando um dos atores. Ato não muito profissional, já que tanto Clara, quanto Nicolas, tem outras tantas funções na preparação do espetáculo.  

                                          O final é frustrante, não seremos cantores, não alcançaremos o mundo utópico. Cléber Lorenzoni quer apenas viver em seu palacinho com sua trupe, Enquanto um trabalha, outro cosrtura, outro o protege e ele, qual gata, brilha como superstar. A arte imita a vida... 


                                       O melhor: Fazer, fazer, fazer arte para todos....

                                       O pior: A escolha do texto



Direção- Cléber Lorenzoni-  

Elenco: Renato casagrande

            Alessandra Souza

            Stalin Ciotti (**)

            Cléber Lorenzoni

Contra-regragem - Clara Devi (**)

Assessor de palco - Nicolas Miranda (**)




Arte é Vida



                        A Rainha



                                   

                                

                                  

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