Quatro
animais dublando juntos… Acho que vai ser a maior sensação
Uma gata o que é que tem? Carisma... Um jumento o que é que
tem? Domínio de cena... Um Cachorro o que é que tem? Energia... E a Galinha o
que é que tem? Detalhe...
Junte tudo e vamos
ter... Um espetáculo funcional.
Que maravilhoso reunir novamente um elenco para um
espetáculo presencial, não é nem de longe o melhor espetáculo infantil do
Máschara, até por que trata-se de uma remontagem para sanar necessidades de uma
Cia. de mais de vinte e cinco anos.
O espetáculo aconteceu na
rua, sobre o palco do RECRIARTE (SESC), reunindo crianças e famílias da
cidade de Horizontina. As crianças foram à loucura, já que todos estávamos
ansiosos pelo ato comunitário de assistir teatro. Bom teatro.
O musical Os Saltimbancos vive em nosso consciente
imaginário, graças a Lucinha Lins que ao lado dos trapalhões imortalizou a personagem da gata. Por isso
tenho certeza que alguns pais e mães apreciaram ainda mais o espetáculo do que
as crianças. Saltimbancos fala de diferenças, que cada um é do seu jeito, mas
aí está o sucesso das iniciativas. Cada um de nós tem algo para emprestar ao
todo, e essa premissa é importantíssima de ser trabalhada desde a tenra idade.
Há lugar para todos, espaço para todos e ninguém precisa tentar roubar o espaço
de outro.
Renato Casagrande é um ótimo artista e nos enche de orgulho
quando gentilmente passa seu personagem para outro artista e assume o Jumento
para que o espetáculo tenha continuidade.
Talvez Renato Casagrande já tenha dito tudo o que pretende
com esse personagem e portanto seja hora de dar oportunidade a outro artista.
Renato Casagrande coloca muita energia em seu Jumento, talvez pudesse tentar
atuar aqui com mais calma, menos movimento, já que cada animalzinho representa
um tempo dentro da mobilidade física do espetáculo. Gostaria de ver Casagrande
mais diretor ao fim do espetáculo, conversando com a plateia. Isso também faz
parte do show!
Stalin Ciotti é uma boa revelação, é um ator intenso, muito
capaz, que parece gostar de desafios. Alguns resvalos na dublagem, mas no todo,
trabalho muito bem feito. Torçamos agora, que Stalin amadureça mais no papel e
esteja sempre disposto, compreendendo que o teatro é dominador e ciumento!
Alessandra Souza e Cléber Lorenzoni não ofereceram grandes revelações, ele com
um magnetismo sempre incrível, a ponto das crianças quererem-no ainda durante
as cenas e Alessandra Souza com detalhes muito pontuais na dublagem e nas
ações.
Teatro é algo tão grande que não seria capaz de ponderar
como um todo nessa análise, mas algumas dicas podem ser refletidas. Existem
dois tipos de atores, os que fazem o que lhes é pedido e os que vão muito mais
longe... Dos que vão ainda mais longe, há dois tipos, os que compreendem os limites
do espetáculo e improvisam dentro do objetivo intrínseco, e os que improvisam
com uma falta de apropriação do universo.
Teatro dá certo quando todos os marinheiros acompanham os
ideias do capitão do navio. Se eu não concordo eu explico por que, e então ou
me adapto, ou pulo fora. Caso contrário o navio certamente afundará.
Os Saltimbancos é um espetáculo histórico, datado, que serve
para refletirmos coisas que não devem se estabelecer, mas ele também nos ensina
sobre outras tantas sabedorias que fica difícil nominar todas. Eu assisti todas
as versões do Máschara, e lembro-me que ainda na estreia o tema mais abordado,
era a violência contra os animais... Mas nós sabemos que não é disso que se
trata. Mas teatro é assim, ele nasce na cabeça do dramaturgo para virar um
montão de outras coisas...
Parabéns ao elenco!
O
melhor é sem duvidas, a capacidade do Máschara se reinventar, se adaptar e sempre
cumprir sua função.
O
pior, a trilha sonora que teve falhas, e que deveria ser ao vivo.
Espetáculo: Os Saltimbancos
Estreia: Maio de 2012
Elenco Inicial: Gabriel Wink, Cléber Lorenzoni, Alessandra Souza e Renato Casagrande
Interpretes em Substituição: Ricardo Fenner, Evaldo Goulart e Stalin Ciotti(***)
Equipe de montagem: Roberta Correa e Angélica Ertel
Direção: Cléber Lorenzoni
Contraregragem - Clara Devi(*), Laura Heger(**) e Nicolas Miranda(**)
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