948- Os Saltimbancos - tomo 34

 

Quatro animais dublando juntos… Acho que vai ser a maior sensação

 

Uma gata o que é que tem? Carisma... Um jumento o que é que tem? Domínio de cena... Um Cachorro o que é que tem? Energia... E a Galinha o que é que tem? Detalhe...

Junte tudo e vamos  ter... Um espetáculo funcional.

Que maravilhoso reunir novamente um elenco para um espetáculo presencial, não é nem de longe o melhor espetáculo infantil do Máschara, até por que trata-se de uma remontagem para sanar necessidades de uma Cia. de mais de vinte e cinco anos.

O espetáculo aconteceu na  rua, sobre o palco do RECRIARTE (SESC), reunindo crianças e famílias da cidade de Horizontina. As crianças foram à loucura, já que todos estávamos ansiosos pelo ato comunitário de assistir teatro. Bom teatro.

O musical Os Saltimbancos vive em nosso consciente imaginário, graças a Lucinha Lins que ao lado dos trapalhões  imortalizou a personagem da gata. Por isso tenho certeza que alguns pais e mães apreciaram ainda mais o espetáculo do que as crianças. Saltimbancos fala de diferenças, que cada um é do seu jeito, mas aí está o sucesso das iniciativas. Cada um de nós tem algo para emprestar ao todo, e essa premissa é importantíssima de ser trabalhada desde a tenra idade. Há lugar para todos, espaço para todos e ninguém precisa tentar roubar o espaço de outro.

Renato Casagrande é um ótimo artista e nos enche de orgulho quando gentilmente passa seu personagem para outro artista e assume o Jumento para que o espetáculo tenha continuidade.

Talvez Renato Casagrande já tenha dito tudo o que pretende com esse personagem e portanto seja hora de dar oportunidade a outro artista. Renato Casagrande coloca muita energia em seu Jumento, talvez pudesse tentar atuar aqui com mais calma, menos movimento, já que cada animalzinho representa um tempo dentro da mobilidade física do espetáculo. Gostaria de ver Casagrande mais diretor ao fim do espetáculo, conversando com a plateia. Isso também faz parte do show!

Stalin Ciotti é uma boa revelação, é um ator intenso, muito capaz, que parece gostar de desafios. Alguns resvalos na dublagem, mas no todo, trabalho muito bem feito. Torçamos agora, que Stalin amadureça mais no papel e esteja sempre disposto, compreendendo que o teatro é dominador e ciumento! Alessandra Souza e Cléber Lorenzoni não ofereceram grandes revelações, ele com um magnetismo sempre incrível, a ponto das crianças quererem-no ainda durante as cenas e Alessandra Souza com detalhes muito pontuais na dublagem e nas ações.

Teatro é algo tão grande que não seria capaz de ponderar como um todo nessa análise, mas algumas dicas podem ser refletidas. Existem dois tipos de atores, os que fazem o que lhes é pedido e os que vão muito mais longe... Dos que vão ainda mais longe, há dois tipos, os que compreendem os limites do espetáculo e improvisam dentro do objetivo intrínseco, e os que improvisam com uma falta de apropriação do universo.

Teatro dá certo quando todos os marinheiros acompanham os ideias do capitão do navio. Se eu não concordo eu explico por que, e então ou me adapto, ou pulo fora. Caso contrário o navio certamente afundará.

Os Saltimbancos é um espetáculo histórico, datado, que serve para refletirmos coisas que não devem se estabelecer, mas ele também nos ensina sobre outras tantas sabedorias que fica difícil nominar todas. Eu assisti todas as versões do Máschara, e lembro-me que ainda na estreia o tema mais abordado, era a violência contra os animais... Mas nós sabemos que não é disso que se trata. Mas teatro é assim, ele nasce na cabeça do dramaturgo para virar um montão de outras coisas...

Parabéns ao elenco!

                O melhor é sem duvidas, a capacidade do Máschara se reinventar, se adaptar e sempre cumprir sua função.

                O pior, a trilha sonora que teve falhas, e que deveria ser ao vivo.


Espetáculo: Os Saltimbancos

Estreia: Maio de 2012

Elenco Inicial: Gabriel Wink, Cléber Lorenzoni, Alessandra Souza e Renato Casagrande

Interpretes em Substituição: Ricardo Fenner, Evaldo Goulart e Stalin Ciotti(***)

Equipe de montagem: Roberta Correa e Angélica Ertel

Direção: Cléber Lorenzoni

Contraregragem - Clara Devi(*), Laura Heger(**) e Nicolas Miranda(**)


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