Arte e Vida - décima primeira edição da coluna do Diretor Cléber Lorenzoni

 

Um Ator Gay!

 

                  Talvez essa colocação não incomode tanto vindo de uma pessoa que é pouco mais do que um artista em uma pequena grande cidade do interior do Rio Grande do Sul. Mas nesta semana ficou muito claro para mim o quanto a homofobia permanece entre nós. O quanto o diferente é intragável para muitos. Alguém diria: O que é bom deve permanecer. Ao que eu diria. Quem decide o que é bom? Quem sabe o que  é bom? Será que o bom é decidido pela massa? Ibsem, seguidor das ideias de Marx, disse que toda a massa é ignorante. Será?

                   Durante a semana vi um gay ser achincalhado por finalmente assumir-se gay. -O que todos já sabiam!- nós ouvimos. Mas se todos sabíamos por que gerou tanto debate? Por que foi um golpe de marketing?!  Mas marketing ou não, alguém precisou ter coragem para assumir-se gay. E o absurdo, é que se ele, se assumisse ladrão, não seria tão criticado. Como politico corrupto, poderia até ser aceito.- Diriam alguns, - Mas gay?! – Ah,  isso não!

                  O PRECONCEITO, essa palavra assusta, fere, mata! E ela está muito viva! Negro, viado, puta, gorda, e outras tantas que nos doem até mesmo pronunciar. Todas elas causando tantas injustiças e problemas sociais que mal o governo de politicas públicas consegue dar conta, e não me refiro no sentido financeiro, mas lá na ponta do iceberg, onde os assistentes sociais se deparam com o mais cruel da nossa natureza humana. 

                   O homem, crítico por natureza, se colocou em um espaço de poder de fala, que o permite espezinhar o outro, com o tal direito de ter assegurado, o seu ponto de vista. E assim, os gostares ou não, ditam regras, ditam posturas, ditam quem cai ou não, quem morre ou não. 

               O que você não sabe, talvez por não ser gay, é que lá na cidade pequena, lá no interior, lá no meio da família de bons costumes, um menino, ou uma menina, presenciou o chefe da família ouvir o governador do estado assumir-se gay, e sentiu-se digno, sentiu que não poderia estar tão errado assim se alguém que vive no topo da pirâmide também é como ele. E quando se vive no meio do preconceito e se é diferente, são apenas esses pequenos confortos que temos.

 

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