A Saga do Herói
Tropeiro
Na última semana
passei envolvido até os crespos com o tema tropeirismo. Confesso que o mesmo
sempre me atraiu, sempre apreciei história. Nos livros da sexta serie, o que
ficou para mim foi uma imagem que mais tarde descobri no livro de Rossano
Cavalari, tratar-se de uma pintura de Charles Landseer. Pois bem dia 8 de maio é o dia municipal do
tropeirismo e durante todo o mês, vários lugares do país celebram esses desbravadores.
Para mim heróis, já que a definição: “personagem
modelo, que reúne, em si, os atributos necessários para superar, de forma
excepcional, um determinado problema”, parece caber perfeitamente.
Homens que durante
dois séculos mais ou menos enfrentaram todo o tipo de intempéries e perigos,
para fazer algo crucial: Cruzar culturas. Estes homens que carregavam mais do
que canastras amarradas às mulas, carregavam historias, cantigas, tradições e
as cambiavam com povos, vilas, e cidades, mudando e evoluindo ideologias,
pensares e fazeres.
Se a globalização teve
grandes marcos, um deles certamente foi o tropeirismo. E estes homens que
passavam semanas longe de suas casas, de sua prole, foram abrindo caminhos,
criando estradas, desenhando nas patas de suas mulas os contornos que formaram
o nosso mapa.
Depois desse primeiro
raciocínio, passei a me questionar quanto a típica cultura do cruzaltense, em
mudar-se, em migrar para outros pagos e comumente retornar, não estaria aí uma
herança ancestralizada em nosso organismo? A necessidade de ir de um lugar a
outro? Eu enquanto ator, sempre senti essa necessidade mambembe de cruzar
culturas, de viajar levando minha arte, cambiando também conhecimentos e vivências
de lugares. Não andamos sobre mulas, mas meu sonho seria viajar em carroças
como nossos primos da Commedia Dell Art.
Em Cruz Alta inúmeras são as
famílias descendentes desses intrépidos pioneiros, que muitas vezes desconhecem
o valor histórico/cultural que carregam em suas raízes. Olhemos para nossas
casas com sensibilidade, para os tesouros que estão guardados nas histórias dos
anciãos, e mantenhamos viva a chama das nossas tradições, nossas próximas
gerações merecem, merecem que o passado não seja deslumbrado apenas em uma
pintura de Jean-Baptiste Debret.
Comentários
Postar um comentário